O YouTube encerrará o ano de 2022 com uma série de investimentos voltados para a adaptações na mudança de consumo, sobretudo, na tendência “multiformato”. A popularização dos vídeos curtos, traduzida pelo crescimento do YouTube Shorts nos últimos meses, foi uma das principais apostas da companhia que faz projeções otimistas para 2023.
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Sob essa perspectiva, o POPline.Biz é Mundo da Música, realizou uma entrevista com Sandra Jimenez, Head de Música LATAM do YouTube, que analisou os últimos meses da plataforma, as oportunidades para o mercado musical e seus criadores, além de antecipar ações do YouTube para o próximo ano.
Confira a entrevista na íntegra sobre o YouTube abaixo:
POPline.Biz MM – O YouTube é uma plataforma que, na sua essência, acompanhou as transformações principalmente na forma de se consumir conteúdos. Em relação a esse tema, quais as principais adaptações que a plataforma precisou fazer para dialogar com esse público dinâmico, plural e exigente?
Sandra Jimenez – O YouTube está atento a diferentes formas de produzir conteúdo e atender a tendência do criador multiformato, um exemplo disso, é o recurso YouTube Shorts, que reflete a realidade do espectador atual, que assiste a vídeos em diferentes lugares e em vários horários do dia. Esses usuários, cada vez mais dinâmicos, precisam de um conteúdo que se adapte às suas vidas ativas, interesses variados e amplos períodos de atenção.
Movendo-se facilmente entre diferentes formatos de vídeo no YouTube, esses criadores e artistas conectam sua comunidade com o conteúdo certo no momento certo, criando um fluxo infinito de combinações para maximizar sua criatividade, alcance e receita.
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POPline.Biz MM – Para a música, o YouTube influenciou tanto na forma de produção e criação de vídeos, como no incentivo a produção de conteúdos que fazem parte do ecossistema de um artista, por exemplo, composição musical ou bastidores de um show.
A) Como você acredita que o impulsionamento do YouTube Shorts, principalmente em 2022, ajudou na criação desses conteúdos, agora, adaptados ao formato vertical e curto?
Sandra Jimenez – Para aqueles que não tinham canal ou experiência prévia no YouTube, o Shorts deu a oportunidade de conhecer a força da plataforma e da comunidade de usuários a partir de criações de vídeos curtos, alcançando enorme sucesso explorando o formato e fazendo deste uma porta de entrada para uma nova geração de criadores.
Para quem já conhecia tudo sobre como usar a plataforma e buscava novidades para ampliar seu mix de conteúdo, encontrou no Shorts um novo espaço criativo; já quem dominava a produção de vídeos mais longos, aproveitou a ferramenta para lançar cortes com pílulas de conteúdo de seus vídeos principais.
Desde o lançamento do recurso, a plataforma já quadruplicou seus números e recebe hoje mais de 30 bilhões de visualizações diárias globalmente, por meio de aproximadamente 1,5 bilhão de usuários mensais.
B) Quais os programas de apoio aos criadores de conteúdo que você destacaria da plataforma em 2022?
Sandra Jimenez – Um programa de apoio de destaque em 2022 foi o YouTube Foundry, focado em servir a música independente porque acreditamos que o potencial criativo dos artistas independentes é inigualável. O YouTube Music vem se expandindo e prova disso, é que teve a maior turma global até hoje, com 27 artistas independentes participando do programa.
No Foundry, os artistas recebem suporte de parceiros dedicados do YouTube e financiamento inicial investido no desenvolvimento de seu conteúdo. A combinação de acesso a recursos e grandes equipes permite que os artistas criem e lancem suas músicas com maior impacto e alcance global.
Ainda em 2022, o YouTube divulgou a lista dos Artistas para Ficar de Olho, uma playlist com as 10 apostas do app de música da plataforma. Para selecionar os nomes da lista, o YouTube usou uma metodologia baseada em dados, que combina a análise de informações internas da plataforma, como, por exemplo, a curva de crescimento dos streamings e vídeos musicais dentro do YouTube, e a tendência de busca pelo nome dos artistas, além de parâmetros externos, como menções em redes sociais.
POPline.Biz MM – Um dos aspectos mais comentados do YouTube, principalmente aos artistas da música e suas equipes, são os modelos de monetização na plataforma. Para muitos deles, crescer na plataforma de forma orgânica tem sido um desafio.
Inclusive, uma das discussões pautadas nesse ano foi sobre se o investimento para a criação de um clipe, seria de fato, recompensador para um artista independente, diante do que a plataforma pode oferecer como contrapartida. Qual a sua visão sobre esse assunto? Quais cases de crescimento orgânico na plataforma você poderia pontuar?
Sandra Jimenez – Um dos principais objetivos do YouTube Music é descobrir e apoiar artistas em todas as fases de suas carreiras, estamos envolvidos com artistas de todos os gêneros e níveis para ajudar a reforçar, amplificar e elevar sua música enquanto expandem suas bases de fãs. O YouTube pagou mais de 50 bilhões (USD) a criadores, artistas e empresas de mídia nos 3 anos anteriores a junho de 2022.
O programa de Foundry também é um bom exemplo de como o YouTube vem investindo em artistas independentes e da importância deles para a plataforma. No passado, o programa deu espaço para artistas como Marina Sena e Tuyo, que são um sucesso na plataforma. Além disso, estamos construindo novas ferramentas, focadas em materiais de melhores práticas para música e programas de certificação que ajudam artistas a entender como usar o potencial máximo do YouTube.
POPline.Biz MM – Entre as mudanças do YouTube em 2022, o design da plataforma é um dos pontos principais. O elo entre celular e a televisão ficou ainda mais intrínseco e parece “moldar a forma como o público interage com o conteúdo”, e esse fenômeno acontece entre os mais diversos públicos. Como a plataforma enxerga e proporciona mecanismos para que os conteúdos estejam adaptados a essas mudanças?
Sandra Jimenez – É importante ter uma plataforma diversificada que possa atender diferentes tipos de conteúdo, para diferentes públicos. O YouTube vem trabalhando cada vez mais para proporcionar uma experiência multiformato para os usuários e a plataforma está atenta às necessidades dos usuários para oferecer ferramentas que acompanhem as tendências.
Além do formato Shorts, que vem conquistando cada vez mais usuários, o YouTube passou a ser uma plataforma a ser vista coletivamente. A pesquisa WhyVideo, realizada pela Ipsos, mostrou que mais de 75 milhões de brasileiros consomem o YouTube na TV conectada. Assim, assistir um vídeo na internet deixou de ser uma atividade individual para se tornar uma experiência coletiva.
Em uma comparação entre junho de 2020 e junho de 2019, o tempo de exibição do YouTube visualizado nas telas de TV cresceu 115% ano a ano no Brasil e a plataforma novamente é apontada como o serviço de vídeos número 1 na percepção dos consumidores.
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POPline.Biz MM – Ainda sobre o elo entre “o online e o offline” os eventos presenciais do YouTube em 2022 foram um grande sucesso, seja o Brandcast ou iniciativas mais restritas ao mercado, que apresentaram cases de sucesso e números da plataforma. Quais as expectativas dessas iniciativas em 2023? Haverão outros encontros presenciais?
Sandra Jimenez – Em setembro, fizemos o Brandcast e foi uma oportunidade incrível para estarmos juntos das marcas, criadores e consumidores. Sem dúvidas, a interação presencial favorece não apenas a comunicação, como também possibilita uma troca única entre as partes envolvidas. Todos ganham com esse tipo de experiência.
Trabalhamos para o público, portanto, esse tipo de conexão com o público é essencial para que continuemos a entregar o que temos de melhor. Temos várias expectativas para 2023 e torcemos para que outros eventos sejam retomados e que possamos estar cada vez mais próximos de outras comunidades que são importantes para nós.
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POPline.Biz MM – O YouTube em 2022 também ressaltou o pagamento realizado para a indústria da música, com mais de US$ 6 bilhões destinados ao setor entre julho de 2021 e junho de 2022, apresentando um aumento em relação ao mesmo período anterior. Quais as projeções da plataforma para o mercado da música e do entretenimento em 2023, mesmo diante de um cenário de instabilidade econômica global?
Sandra Jimenez – O crescimento da plataforma tem sido contínuo, globalmente, este ano, o YouTube ultrapassou 80 milhões de assinantes de Música e Premium, incluindo versões de teste, o que demonstra um ambiente propício para o desenvolvimento dos criadores, artistas e autores. Dentre os fatores que levaram a esse aumento significativo está a missão do YouTube de ser o melhor lugar para todos os fãs de música e com isso estreitar as relações entre eles.
Além disso, no Brasil, foram 160 mil empregos que o YouTube ajudou a gerar, de acordo com nosso mais recente Relatório de Impacto Econômico. Para 2023, esperamos continuar incentivando a criatividade e dando oportunidades para que esses esforços sejam remunerados. Por exemplo, em 2023 vamos iniciar a monetização de vídeos curtos, com formatos comerciais específicos, criando uma nova linha de receita para todos os que produzem conteúdo nesse formato.
POPline.Biz MM – Recentemente, uma série de mudanças em prol do YouTube Shorts foram anunciadas, principalmente que possuem elo com a música. Como você acha que os artistas e as equipes podem se preparar para essas novidades e já incluí-las em suas estratégias?
Sandra Jimenez – O Shorts é um novo espaço criativo; para quem já dominava a produção de vídeos mais longos, aproveitou a ferramenta para lançar cortes com pílulas de conteúdo de seus vídeos principais. Para os artistas, é interessante manter um contato mais próximo e direto com os usuários, como recados mais diretos no dia a dia e teasers dos próximos lançamentos.
Para criar no YouTube, é importante estar atento às tendências, um exemplo disso é o sucesso “Pipoco”, da Ana Castela e Melody, que viralizou logo após seu lançamento, com 96,6 mil Shorts criados sobre a música. No feat, elas aproveitaram o boom da novela “Pantanal” e encontraram o cenário ideal para se firmar como uma das tendências musicais mais badaladas do ano. A música ajudou a difundir ainda mais o estilo de vida da fazenda.
POPline.Biz MM – Por fim, qual o balanço que você faz em relação ao YouTube em 2022 sobre o papel da plataforma para a valorização do ecossistema musical? E quais os diálogos em relação à tecnologia, educação e profissionalização podemos esperar em 2023?
Sandra Jimenez – 2022 foi um ano muito importante para a plataforma. Nossos criadores e artistas também demonstraram a relevância do YouTube para o sucesso deles, no último levantamento feito pelo YouTube, 86% das empresas de mídia e música com um canal no YouTube concordaram em dizer que o YouTube é fundamental para lançar novos artistas e/ou músicas.