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Opinião: Curadores e pesquisadores musicais respondem

Fabiane Pereira, Zé Ricardo, Mônica Brandão, Pedro Baby e Maurício Spinelli. Foto: Divulgação.

Enquanto você lê esta matéria, uma pessoa muito estratégica pode estar analisando a sua presença digital. Prometo que não escrevi isso pra te gerar ansiedade, se errei foi tentando acertar. Mas não é só de problema que se vive esta colunista.

Abaixo trago 6 pontos que fazem com que curadores, A&R’s e pesquisadores musicais se interessem por um artista. Os convidados luxuosos são:

Zé Ricardo, vice-presidente artístico do Rock in Rio e The Town e curador artístico do Rio2C (além de cantor e compositor);

Zé Ricardo. Foto: Divulgação.

Fabiane Pereira, das melhores jornalistas musicais que conheço, apresentadora da Nova Brasil e do Papo de Música e colunista da Veja Rio;

Fabiane Pereira. Foto: Divulgação.

Mau Spinelli, curador e gerenciador artístico com foco em inclusão e acessibilidade;

Maurício Spinelli. Foto: Divulgação.

Monica Brandão, A&R da Altafonte e curadora do Festival Sarará;

Monica Brandão. Foto: Divulgação.

Pedro Baby, curador de festivais, além de cantor, compositor e produtor musical.

Pedro Baby. Foto: Divulgação.

Bom, esses dias eu fui abrir a gaveta de meia e tinha um line-up de festival novo lá. Acabou o Coala Festival, já tem Rock the Mountain, No Ar Coquetel Molotov, Rock in Rio confirmado no ano que vem e por aí vai. E estar em festivais é uma das formas mais eficientes de um artista ser descoberto por um público novo direto na essência. Então vamos às dicas:

Foto: Unsplash.

1. FOCA NA CONSTRUÇÃO DE CARREIRA

Todos os entrevistados foram unânimes em dizer que dados não são prioridade na hora de escolher line-up e sim a qualidade do material apresentado e a identidade artística.

Para Zé Ricardo, o artista que tem uma personalidade consistente, que tem uma autenticidade e também um propósito é o artista que mais move sua busca. Ele explica que o artista que tem visão de futuro tende a ser mais criativo, o que faz bastante sentido pra mim, já que é aquele artista que sabe onde quer chegar e provavelmente vai se influenciar menos por tendências e interferências externas que poderiam torná-lo mais “ordinário”.

Fabi Pereira reforça este raciocínio dizendo que quando se percebe no artista um comportamento de manada, de ir atrás do hype ou da tendência, isso já provoca afastamento, pois não imprime personalidade.

Fabiane Pereira. Foto: Divulgação.

Pedro Baby segue a mesma linha e diz que a chave é “ter o cuidado com a qualidade do seu trabalho pensando em longevidade, consistência e amadurecimento. (…)”

Pedro Baby. Foto: Divulgação.

2. QUEM MANDA É A DEUSA MÚSICA

Maurício Spinelli traz de novo o ponto da música estar no cerne do momento de pesquisa. O que a música do artista provoca na audiência, como ela impacta a vida do público? “Invistam em conteúdos ao vivo pra ter nas suas redes, mas antes disso invistam para que sua arte aconteça ali, no palco, quando você estiver de frente pro seu público.”

Maurício Spinelli. Foto: Divulgação.

O foco na música foi também unanimidade dentre os convidados. E Pedro Baby complementa falando da importância do artista ter o conteúdo musical de fácil acesso nas suas redes.

Gente, agora imagina que seu nome foi levantado para ser parte de um festival super importante com cachê bom (‘capricas’, gostamos!) e a curadora ou o curador cheio de coisa pra fazer abriu seu Instagram e não viu NADA de música. Você não quer dar trabalho pro consumidor final imagina pra esse lead qualificadíssimo (‘Lead’ é só mais um termo-metido-a-besta do marketing que significa basicamente ‘contatinho’. ‘Lead’ qualificado é o ‘contatinho’ dos bons). NÃO DÁ. Para agora de ler a coluna e vai pinar um conteúdo massa seu no Instagram.

 

3. INVISTA NO SEU PROPÓSITO E NA SUA VERDADE ARTÍSTICA

Monica Brandão trouxe um ponto bem pertinente: o curador artístico tem um propósito bem definido na hora de buscar nomes. Isso me fez pensar numa máxima do marketing digital: quem tenta falar com todo mundo não fala com ninguém. Se o curador quer algo que chame sua atenção, não vai ser o conteúdo replicado com sensação de “já-te-vi” que vai impactar e sim o (de novo essa palavra) autêntico.

 

4. REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTAS DE CARREIRA

Monica etambém classificam as redes sociais como excelentes ferramentas para construção de carreira e comunicação de sua identidade.

“Muitas das vezes, o artista busca encontrar nas redes sociais uma maneira de aumentar seus seguidores, esquecendo de manter sua consistência, de manter seu propósito, de manter o conteúdo do trabalho como personagem principal (…). Essa loucura pelo número de seguidores vai tornando difícil você criar um artista genuíno através da internet”, conta Zé Ricardo.

Zé Ricardo. Foto: Divulgação.

“O que me chama atenção é a maneira como o artista se comunica, como ele apresenta o trabalho nas redes. Se tiver de acordo com o que ele vende, se tiver bem feito, me causa interesse”, diz Monica Brandão.

Monica Brandão. Foto: Divulgação.

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5. EXISTE MUNDO FORA DO FEED

Fabi Pereira chama a atenção para o mundo fora do digital. Pode ser estranho uma coluna sobre marketing digital falar isso mas pense na campanha fora do digital também. O digital serve de complemento e não de protagonista de uma carreira musical. Também fala da importância de investir em outros veículos para além do digital, como rádio, TV e imprensa.

Voltando ao Zé Ricardo, para ele, os pontos a favor saber quem acompanha/valida aquele artista, quem segue e/ou comenta nas postagens, quem escreve uma crítica boa sobre o músico.

Foto: Unsplash.

 

6. EMBASAMENTO EM DADOS

Monica Brandão, assim como Fabi Pereira, traz finalmente o ponto dos dados. E quem adivinha qual é o dado que as duas analisam? Se você respondeu seguidores do Instagram, errou (voz do Faustão). Se é pra avaliar uma carreira artística a gente precisa identificar o dado mais relacionado à carreira possível e este dado está nas plataformas de streaming.

Então, ouvintes mensais e seguidores no Spotify, views e inscritos no canal do YouTube, entre outros, são dados importantes para você artista observar e buscar melhorar. Mas, elas reforçam que nunca analisam dados isoladamente nem em lugar prioritário no trabalho delas e sim muito mais como complemento ou cruzamento de informações.

Então, vamos para coisas que você pode fazer agora que acabou de ler a coluna:

  •   Pinar um conteúdo musical bem impactante e com comentários relevantes no topo do seu Instagram;
  •     Criar pelo menos um destaque com performances ou conteúdos musicais em geral que fique entre os 3 primeiros;
  • Planejar seu conteúdo para que pelo menos semanalmente haja algum conteúdo relacionado à sua carreira;
  •   Ter ou planejar um bom material audiovisual de uma performance ao vivo IMPACTANTE. Sabe a máscara do BaianaSystem? Ou a rosa do Roberto Carlos? Ou a gestão de audiência de Wilson Simonal? TODO O FRENESI causado pelo Coldplay ao quebrar a quarta parede do palco e transformar o público em parte integrante de sua performance. Eu não sei o que você pode fazer, mas se aprofunde no planejamento da sua performance ao vivo pra que ela tenha a maior chance de ser memorável possível.

Máscara do BaianaSystem. Foto: Divulgação.

  •   Criar uma meta e um plano de ação para melhorar os números nas plataformas de consumo de música – falei sobre metas SMART, acesse aqui, e plano de ação, clique aqui.
  • Montar um bom material de venda – escrevi sobre isso, veja aqui.

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Marina Mattoso atualmente CEO da Jangada Comunicação, agência focada em Planejamento Estratégico e Marketing de Conteúdo que tem “a bordo” artistas como: Gilberto Gil, Ludmilla, Maria Rita, Claudia Leitte, Kell Smith, entre outros. Marina também é coordenada do curso Marketing Digital para Artistas, do Music Rio Academy.

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