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Opinião: A gente quer comida, diversão e arte

Artigo de opinião assinado por Fabio Almeida, para o POPline.Biz é Mundo da Música
Fabio Almeida Colunista POPline Biz
Fabio Almeida Colunista POPline Biz. Foto: Divulgação

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Você tem sede de quê? Passadas mais de três décadas desde que o país conheceu a música “Comida”, clássico dos Titãs, ainda há quem questione a função do entretenimento e da arte para a qualidade de vida do indivíduo. Se de um lado o acesso à cultura, ao entretenimento e ao lazer garante benefícios notadamente conhecidos, por trás de cada evento (show, festival, peça, cinema, exposição ou qualquer uma das diversas possibilidades de produção artística) há uma cadeia produtiva que gera emprego, renda, e tem impacto direto na economia nacional. Diversão e arte também fazem a roda da economia girar.

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O controle da pandemia no país a partir do avanço da vacinação e a retomada dos eventos presenciais comprovam a força do setor do entretenimento e seu potencial financeiro. Estes últimos meses que nos separam de 2023 estão sendo marcados por uma agenda intensa e descentralizada, com diversos festivais de música que movimentam cadeias produtivas e setores econômicos nas grandes capitais do Brasil e em cidades menores.

Dos festivais mais novos – que apostam em artistas iniciantes e revelam talentos para o país – aos mais tradicionais: o calendário nacional está lotado. Onde há festa, há também trabalho e dinheiro. O comércio, o setor de turismo e o de serviços são impactados positivamente a partir disso.

A prova da força do setor pode e deve ser atestada nos números. O Rock in Rio, por exemplo, dominou a cena, os noticiários e os hotéis no Rio de Janeiro em setembro. O festival brasileiro superou, em 2022, a ocupação hoteleira das últimas duas edições, com média de quartos ocupados no período de 08 a 11 de setembro ficando em 94,51%. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE) aponta que, entre janeiro e julho, o hub do setor de cultura e entretenimento envolveu 3.493.310 trabalhadores.

Rock in Rio termina com público de 700 mil pessoas e impacto econômico de mais de 2 bilhões de reais 

Foto: Divulgação/Rock in Rio

A associação afirma que a cadeia produtiva do setor envolve 52 atividades econômicas e é um dos principais vetores da retomada da economia no cenário pós-crise provocada pela pandemia. Entre essas atividades econômicas que compõem o hub, estão, por exemplo, operadores turísticos, bares e restaurantes, serviços gerais, segurança privada e hospedagem. Entre os desafios encontrados pelo setor, destaca-se a questão relacionada à mão de obra, já que muitos profissionais buscaram outros trabalhos durante a pandemia, quando não havia condições para realização de eventos presenciais.

A expectativa segue positiva para o último trimestre do ano. Só em Salvador, por exemplo, acontecem novas edições dos festivais Radioca e Sangue Novo e o Afropunk passa a acontecer em dois dias e em um espaço maior. A Bienal do Livro Bahia retoma a edição depois de um hiato de nove anos e espera que 80 mil pessoas circulem por lá – o investimento foi de R$5 milhões.

Recife realiza em novembro mais uma edição do No Ar Coquetel Molotov, o Primavera Sound sai da Europa e chega ao Brasil pela primeira vez, em São Paulo, e o Rock The Mountain promove a segunda edição do ano em Itaipava, Rio de Janeiro. Por trás de cada um desses eventos, há uma série de empregos e trabalhos temporários gerados e o dinheiro circula.

É inteligente, necessário e estratégico que não faltem políticas públicas que estimulem e mantenham o setor aquecido. O setor privado também é – e deve seguir sendo – um aliado. A arte é fundamental para o bem-estar e para a formação da identidade de um povo. E, no Brasil, desempenha papel de protagonismo na economia. Saibamos reconhecer e valorizar isso.

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Fabio Almeida é Empresário, Produtor Cultural e Sócio na IESSI Music Publishing e IESSI Music Entertainment, empresa que gerencia a carreira da cantora Ivete Sangalo e promove eventos em todo o Brasil. 

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