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Opinião: “Recolha-se a sua SIGNIFICÂNCIA”

Artigo de opinião assinado por Zé Raphael, para o POPline.Biz é Mundo da Música

Zé Raphael. Foto: Divulgação

Uma breve reflexão sobre a assessoria de comunicação para artistas experientes na era das redes sociais.

Vou começar essa coluna com uma história de bastidor, pois embora quem não tenha certeza já imagine, muitas conversas que ocorrem em off, que parecem ser somente informais, transformam-se em uma imensidão de ideias valiosas. Em alguns casos, acreditem, esse bate-papo que rola antes ou depois de eventos, teatros, shows ou apresentações é muito mais proveitoso do que horas de reunião. 

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Certa vez, há algum tempo, estava em um camarim com uma atriz muito conhecida, famosa, com carreira sólida, muitos papéis protagonizados em TV e teatro. Então comentei que achava ser necessária a aparição dessa artista novamente em capas de revista. “Já fiz muitas capas e hoje em dia tenho preguiça”, ela me respondeu. Era um tempo em que as revistas, enquanto mídia, estavam em queda e por isso entendi a queixa dela. Fazer capa de revista dá trabalho, por vezes é cansativo e leva o artista, depois de um período, a se questionar do porquê de atender a tal demanda frequentemente.

Dentro desse contexto, como assessor, e tendo em vista as variações que rodeiam o nosso dia a dia, tenho o dever de falar com artistas mais experientes, que já atravessaram a faixa dos 50 anos, e minha mensagem é bem direta: você só tem duas opções.

Vamos lá! Pessoas públicas que estão nessa fase da vida e carreira já surfaram na modernidade midiática ao seu tempo. Foi assim com o rádio, com a popularização da televisão, o advento do videocassete, DVD’s, internet… e redes sociais. Portanto, é necessário se adaptar. Como sempre foi. Embora hoje com a diversificação da mídia e o alto poder dos streamings não exista mais uma emissora para apadrinhar determinada carreira, há uma vantagem significativa dos artistas mais experientes em relação aos mais jovens. Estou falando do legado que nomes veteranos conseguiram construir ao longo do caminho. Como exemplos bem sucedidos cito Ary Fontoura e Madonna, que são personalidades que se ajustaram com muita habilidade às redes sociais. Estar nas redes sociais, hoje, é existir.

O outro caminho possível, contudo, vem do inverso de um ditado popular. Em vez do “recolha-se a sua insignificância”, como aprendemos a escutar pelas ruas, aplique o contrário: “recolha-se a sua significância”. Esse conceito nada mais é do que ser pontual, estratégico e assertivo. Fazer aparições planejadas para assuntos específicos, afastando-se de polêmicas e debates inflamados. Vejam bem, não estou falando de aposentadoria e nem mesmo de omissão, mas sim de cautela e critério.

“Recolher-se a sua significância” é um ato de preservação e de autocuidado. É honrar a própria trajetória em sua forma ética, moral e profissional. É zelar pelos fãs e defender a arte. É, acima de tudo, respeitar-se.

Ou… mantenha-se no game; da mesma forma que vem fazendo no decorrer da carreira; adaptando-se às novas plataformas, mas sem ser reativo e considerando sempre que o mercado é mutante e é você quem deve mudar com ele… ou não!

Pense nisso.

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Jornalista há 20 anos, Zé Raphael é especialista em Assessoria de Comunicação. Trabalhou em redações de impresso, TV e rádio e obteve destaques em funções como pauteiro de rede nos programas de entretenimento da Band. Foi Coordenador de Jornalismo nas rádios Paradiso FM e Jovem Pan, e num hiato distante das redações, realizou freelas para revistas, jornais e pesquisas de jornalismo em Madri (Espanha) e Califórnia (EUA). Na volta ao Brasil, direcionou-se profissionalmente para a assessoria. Zé acredita fielmente no diálogo verdadeiro com a imprensa.