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Não é o diabo! Saiba quem é Exú, orixá homenageado pela Grande Rio

A divindade, considerado o mensageiro entre a Terra e o plano espiritual, foi destaque na Sapucaí no combate ao racismo religioso


O desfile da Acadêmicos da Grande Rio, que aconteceu na madrugada do último domingo (24) na Sapucaí, foi arrebatador neste Carnaval. A escola homenageou Exú, divindade das religiões de matriz africana que representa o mensageiro entre os humanos e o mundo espiritual. A proposta da agremiação era desmitificar a figura que, equivocadamente, é associada ao diabo. E você sabe quem é Exú e o que ele representa?

O ator e dançarino Demerson D’Álvaro deu vida ao orixá Exú no desfile da Grande Rio (Foto: Vitor Melo)

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Com o enredo “Fala, Majeté! Sete chaves de Exú”, a Grande Rio homenageou e desmitificou o orixá. “Exú não é diabo. A maioria das pessoas não sabe o que realmente é o Exú, não estudou o Exú”, disse o zelador espiritual Danilo de Oxóssi ao G1.

Ele continuou e explicou quem, de fato, é Exú: “Ele é o orixá, é o guardião. É primeiro que come na mesa dos orixás. Exú é quem abre os caminhos, é quem traz prosperidade e fartura para casa”.

“Todo mundo cultua Exú na África, pois Exú é um guardião de todos os orixás. Ele é o guardião da gente”, complementou.

O último carro da escola era uma representação do lixão de Gramacho (Foto: g1)

A dupla de carnavalescos da agremiação carioca, Gabriel Haddad e Leonardo Bora, ainda explicaram que Exú traz uma complexidade, já que se trata da divindade mais próxima ao homem: “Engana-se quem associa Exú a coisas pesadas, sombrias e maléficas. Ao contrário, ele é uma entidade complexa, cheia de variações e a mais parecida com o homem.

“Está associado ao carnaval, às festas, às artes e até ao lixo. Não o lixo material, mas o lixo de valores, o resto da sociedade que ninguém quer, que está à margem”, contaram eles ao G1.

Então, de onde surgiu o preconceito contra Exú? De acordo com a revista Superinteressante, os mal-entendidos começaram no século 16. Na época, os europeus tiveram os primeiros contatos com povos africanos, como iorubá e jêje, e tentaram interpretar a divindade com uma perspectiva europeia, assim a associando com o diabo.

Ritmista da bateria da Grande Rio (Foto: g1)

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Além disso, o ambiente de repressão às religiões afrobrasileiras impulsionou a conotação negativa sobre Exú.

Tal visão colocou a divindade como uma figura vingativa, sendo que em religiões, como a Umbanda e o Candomblé, ela é descrita como protetora, fiel e justa, além de ser considerada o orixá da comunicação.

Por que a Grande Rio alimentou Exú na avenida?

No destaque de um dos principais carros alegóricos da escola, Exú comia, sem parar, alguns alimentos colocado à sua frente. Mas o que isso representa?

Como Exú não aceita pedidos de ajuda gratuitos, os adeptos ao Candomblé e à Umbanda têm o costume de fazer oferendas à divindade. A oferta é composta, normalmente, por alimentos como farinha de mandioca, azeite de dendê, galo, mel e cachaça.

Essas oferendas são deixadas em cemitérios ou no cruzamentos de estradas. Isso porque o papel do Exú é ser o mensageiro entre os vivos e as divindades e uma encruzilhada representa a conexão entre dois pontos diferentes, assim como é a conexão do mundo terreno com o espiritual.

Ou seja, Exú não é uma força maligna ou vingativa e sim quem protege e conecta o homem com os demais orixás.“Depois que a Grande Rio passar pela Sapucaí, muita gente de casa e das arquibancadas vai ter uma outra visão de Exú”, finaliza o zelador espiritual.

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