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Exú abre caminhos para o primeiro título da Grande Rio no carnaval carioca

Beija-Flor, Viradouro, Vila Isabel, Portela e Salgueiro voltam no Desfile das Campeãs; São Clemente é rebaixada

O ator e dançarino Demerson D'Álvaro deu vida ao orixá Exú no desfile da Grande Rio (Foto: Wigder Frota)

A Acadêmicos do Grande Rio firmou o ponto e Exú está no topo! A agremiação de Duque de Caxias conquistou o tão sonhado título inédito de campeã do carnaval carioca com o enredo “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exú“. O trabalho desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad apresentou uma estética aprimorada e muito particular em fantasias e alegorias. A homenagem ao orixá da comunicação foi uma importante mensagem contra a intolerância religiosa e foi a única a arrancar os gritos de “é campeã” do público.

Comissão de Frente da Grande Rio desmistifica a figura de Exú, orixá que abre os caminhos (Foto: g1/Uol/Ricardo Gomes)

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Quando a gente pensou no enredo sobre Exú na Grande Rio, a gente retomou toda memória da escola ligada às religiões de matriz africana, aos seus enredos voltados para sua comunidade. Então toda essa força e potência vão estar diretamente presentes em nossa bateria, em nossos componentes“, disse Gabriel Haddad um pouco antes do desfile. “É um enredo em movimento, que evoca as ideias de energia, potência. Podem esperar um grande impacto visual na escola de Caxias na Marquês de Sapucaí“, completou Leonardo Bora.

Como de costume, a escola trouxe famosos como Monique Alfradique, Bianca Andrade (look inspirado no lendário carnavalesco Joãosinho Trinta), Pocah, David Brazil, Adriana Bombom, Camilla de Lucas, Gil do Vigor e a rainha de Bateria Paolla Oliveira (que veio como uma pombagira, a representação feminina de Exú).

O samba composto por Arlindinho Cruz, Igor Leal, Thiago Meiners, Claudio Mattos, Jr Fragga e Gustavo Clarão foi um dos mais cantados pelo público da Marquês de Sapucaí, que agitou durante toda a passagem bandeirinhas com as cores da escola, que foi a penúltima a desfilar na segunda noite de desfiles.

Diogo Nogueira acompanhou a namorada e rainha de Bateria Paolla Oliveira, que deu vida a uma pombagira (Foto: Manuela Scarpa/Brazil News)

No primeiro terço da apuração, quando foram apuradas as notas de Fantasia, Harmonia e Comissão de Frente, a Grande Rio já havia pulado na frente da Beija-Flor, que perdeu 0,1 no terceiro quesito.

Entretanto, no quarto quesito Samba-enredo, a Beija-Flor voltou a empatar em pontos com a Grande Rio e manteve a igualdade no quesito Bateria. No sexto quesito Alegorias e Adereços, a Grande Rio voltou a pular na frente e abriu 0,3 ponto da Viradouro, que apareceu dividindo a 2ª posição com a Beija-Flor. No sétimo quesito Enredo, a diferença se manteve.

Após o penúltimo quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira, a diferença de 0,3 persistiu, mas desta vez em relação à Beija-Flor. Por fim, o quesito Evolução encerrou os trabalhos e confirmou a vitória da agremiação de Caxias.

Além da Grande Rio, voltam ao Desfile das Campeãs: Beija-Flor (vice-campeã), Viradouro (3º lugar), Vila Isabel (4º lugar), Portela (5º lugar) e Salgueiro (6º lugar). No próximo sábado (30), as seis agremiações desfilam novamente, com transmissão ao vivo do canal Multishow.

Desde 1997, quando a Viradouro hipnotizou a Sapucaí com a batida funk em sua bateria no desfile “Trevas, Luz, a Explosão do Universo“, o Rio de Janeiro não tinha uma campeã inédita. De lá pra cá, a escola de Caxias beliscou quatro vice-campeonatos (2006, 2007, 2010 e 2020). Foram 25 anos até a consagração definitiva da Grande Rio, com Exú no topo!

Classificação final do carnaval carioca de 2022:

Mas quem é Exu, o orixá mensageiro da Grande Rio?

O desfile da Grande Rio já está na categoria das apresentações antológicas do carnaval carioca. Vários desfiles com temática afro-brasileira já venceram a disputa, mas nunca tendo um orixá como figura central de um enredo. Por isso a vitória de Exú é tão emblemática, sobretudo neste primeiro carnaval pós-pandemia.

O ator e dançarino Demerson D’Álvaro deu vida ao orixá Exú no desfile da Grande Rio (Foto: Alexandre Durão/g1)

Exú não é diabo. A maioria das pessoas não sabe o que realmente é o Exú, não estudou o Exú. É o orixá, é o guardião, é o primeiro que come na mesa dos orixás. O último é Oxalá, que é o rei de todos os orixás. E Exú come primeiro do que ele. Exú é quem abre os caminhos da gente, é quem traz a prosperidade, quem traz a fartura para a sua casa. Todo mundo cultua Exú na África. Pois Exú é um guardião de todos os orixás. Ele é o guardião da gente”, explica o zelador espiritual Danilo de Oxóssi.

A proposta do desfile foi desmistificar a ideia de Exú ligado a algo sombrio ou maléfico. É exatamente o contrário disto: entidade complexa, é a energia que mais se assemelha ao homem na Terra. É brincalhão e está associado ao carnaval, às festas, às artes e até ao lixo – que foi retratado na última alegoria em referência ao lixão de Gramacho, que por décadas serviu à cidade do Rio de Janeiro.

O enredo deste ano, como dos anteriores, visa a desconstruir essa imagem estereotipada, o racismo religioso, a intolerância e a demonização de religiões como o candomblé, a umbanda e as macumbas. Por isso, as sete chaves, para abrir o conhecimento sobre Exú“, finaliza Gabriel Haddad.

Reveja o desfile campeão da Grande Rio:

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