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A fúria de Lulu Santos contra governos de direita e sertanejos em 1992

Créditos: Getty Images - Uso autorizado POPline / YouTube

Os embates entre a esquerda e a direita sempre foram muito calorosos no Brasil e a classe artística sempre esteve envolvida. Durante sua participação no “Domingão do Faustão” em 1992, Lulu Santos já manifestava sua opinião a favor de Lula e contra o então presidente Fernando Collor. O cantor também fala sobre como a música sertaneja contribuiu para o avanço da direita. Curiosamente, uma “sinergia” que tem acontecido no Brasil de hoje, só que com Jair Bolsonaro. Coincidência?

Foto: TV Globo

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No vídeo, disponível no YouTube, Lulu Santos lamenta a eleição de Fernando Collor, que na época já havia confiscado a poupança dos brasileiros.

Acabou o país investindo na caretice de achar que aquele rapaz, que tinha uma aparência dita bonitinha, com aquela gravatinha, que ele ia trazer algum benefício para esse país“, declarou o cantor. Em seguida, Lulu diz que Lula era o “mais legítimo representante do povo brasileiro“.

Em determinado momento, o cantor diz que muitos artistas, principalmente os representantes do rock nacional, cineastas e grandes nomes da MPB foram contra a eleição de Fernando Collor, diferente dos cantores sertanejos.

Quem deu apoio a candidatura, eu não vou falar nomes, mas são as pessoas filiadas ao que se chama de música sertaneja“, disse. “Eu acho que a música sertaneja foi a trilha sonora dessa malfadada administração“, completou.

Surpreendentemente, o apresentador Fausto Silva sequer o interrompe em seu discurso. Relembre:

Cantores sertanejos ajudaram a eleger Jair Bolsonaro?

Apesar da declaração de Lulu Santos já ter 30 anos, o momento é bastante parecido com o que estamos vivendo agora. O atual presidente Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 com o apoio de vários artistas, incluindo os cantores sertanejos. Com a promessa de consertar o país e livrar a política da corrupção, o ex-militar foi eleito com 55,13% dos votos.

(Foto: Instagram @jairmessiasbolsonaro)

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Entre os sertanejos conhecidos por apoiarem Bolsonaro, temos Zezé di Camargo, Amado Batista, as dupla Henrique & Juliano e Bruno & Marrone, Sérgio Reis e Gusttavo Lima. Além do sertanejo ser um ritmo bastante popular no país, estamos falando de artistas com milhões de seguidores nas redes sociais. Gusttavo Lima, sozinho, possui mais 40 milhões de fãs o acompanhando no Instagram. Ou seja, é inegável a influência de todos esses nomes.

Em 2020, após a inauguração dos trechos de transposição do Rio São Francisco, no Nordeste, Gusttavo Lima fez questão de elogiar o presidente em uma live. “Tem muita gente que fica com medo de falar, né? Pessoal do Nordeste sofreu tanto com a seca. A gente fala que não tem político de estimação, mas quero parabenizar o presidente Jair Bolsonaro, por levar água pro sertão, para mais de 5 milhões de pessoas. Parabéns, Bolsonaro, você tirou nota dez“, declarou.

Até Naiara Azevedo chegou a se encontrar Jair Bolsonaro. No entanto, durante sua participação no BBB22, a cantora explicou o motivo. “Não fui à reunião, não fui em churrasco, almoço para fazer nada com governante. Fui para ouvir e saber dos meus direitos. Eu como cidadã tenho direito de saber o que acontece e não julgar quem for, porque eu não tenho o direito de julgar ninguém. Você que é cidadão, tem que ir atrás do candidato“, disse. De qualquer forma é possível perceber como os dois universos estão próximos.

CPI do Sertanejo

Mas, pelo visto, a história de acabar com a corrupção era só na teoria. Recentemente, o marido de Andressa Suita virou alvo de investigação por conta dos cachês cobrado em seus shows. A treta começou após Zé Neto, da dupla com Cristiano, ambos apoiadores de Bolsonaro, criticar Anitta e a Lei Rouanet.

(Foto: Instagram @zenetotoscanooficial)

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Nós somos artistas e não dependemos de Lei Rouanet. O nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no toba pra mostrar se a gente tá bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta“, disse Zé Neto durante um show na cidade de Sorriso, no Mato Grosso.

Na maioria das vezes, a Lei Rouanet só surge nas discussões quando há alguém tentando desqualificar outro artista, dando a entender que ele usa dinheiro público. Mas, não é assim que funciona. Criada em 1991, ela autoriza produtores e artistas a buscarem investimento privado para financiar seus projetos.

No entanto, a discussão iniciada por Zé Neto revelou que muitos cantores sertanejos fecham contratos milionários com prefeituras de cidades pequenas para realizar seus shows. Com isso, começaram a surgir várias acusações de que esses artistas se aproveitam de dinheiro público. Nasceu assim a ‘CPI do Sertanejo‘.

Gusttavo Lima foi quem acabou virando alvo de toda essa discussão. Recentemente, descobriu-se que o sertanejo teria recebido cerca de R$ 1,2 milhão para se apresentar na cidade de Conceição de Mato Dentro, em Minas Gerais. No entanto, a apresentação seria paga com dinheiro oriundo da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). O Ministério Público de Minas Gerais afirmou que iniciaria uma investigação e o show do cantor foi cancelado logo em seguida.

Gusttavo Lima afirma que não se aproveita de dinheiro público

Com toda a repercussão negativa envolvendo o seu nome, Gusttavo Lima se sentiu na obrigação de vir a público comentar sobre os cachês cobrados. Em uma live no Instagram, o sertanejo afirmou que não se aproveita de dinheiro público e que cobra sempre o mesmo valor pelos seus shows, seja para uma prefeitura ou uma boate.

(Foto: Instagram/@gusttavolima)

“Eu nunca me beneficiei de dinheiro público ou empréstimo de tal coisa. A minha vida foi sempre trabalhar. No último ano, de 2019, eu fui um cara que fiz quase 300 shows. Somos uma equipe gigantesca de colaboradores, que nos ajudam a subir sempre mais um degrau da escada. De forma sincera, não compactuo com uso de dinheiro público, tenho meus impostos em dia, até de uma caneta que eu compro”, declarou.

Em seguida, o artista declarou que possui uma equipe enorme e o valor do cachê serve para dar conta de todos os seus funcionários. “A gente ganha dinheiro com isso, pagamos as nossas contas com isso. Não é porque é uma prefeitura que eu vou deixar de cobrar o meu valor, até porque tenho contas para pagar, tenho funcionários para pagar. São mais de 500 funcionários que dependem de nós“, completou.

Pelo visto, essa história está longe de chegar ao fim. Mas, assim como o governo de Jair Bolsonaro, marcado por inflação e gastos exorbitantes com dinheiro público, parece que o universo do sertanejo não é tão diferente assim. Seria esse o motivo, de acordo com Lulu Santos, para a música sertaneja servir de trilha sonora para essa malfadada administração?

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