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Você tem ouvido bandas/artistas com os mesmos valores que os seus?

Foto: Divulgação (Getty Images)

Vira e mexe as pessoas se perguntam: “será que eu tô ouvindo a banda certa? Será que os meus valores estão de acordo com o que essa banda prega?” Se antigamente já era difícil separar a obra do artista, em pleno 2022 isso se torna uma tarefa inglória, talvez impossível.

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A não ser que você queira viver completamente alienado e acredite naquela máxima de que, se curte apenas a música. Não se está nem aí para os valores que aquele artista que você curte compartilha com o público. É uma maneira de ver um mundo tão triste e decadente? É. Inegavelmente, se alienar é mais fácil, mas tudo na vida tem um preço, inclusive a alienação.

Caso da menina de 11 anos que foi estuprada

Mas porque esse assunto está sendo levantado aqui e agora? Primeiramente, vamos contextualizar: três casos, em países diferentes, uniram Brasil e Estados Unidos em torno de um tema triste, monstruoso e muito delicado: o direito ao aborto. Vamos tomar como primeiro momento o estupro da menina de 11 anos de idade. Frente à justiça brasileira, o que essa criança foi obrigada a ouvir da juíza Joana Ribeiro é de uma falta de sensibilidade, antes de mais nada, inacreditável.

Aqui, estamos falando de uma menina que, se não tiver a gestação interrompida, corre risco de vida. Além do risco de vida – que, por si só já é motivo suficiente para ela ter direito a um aborto seguro – temos vários fatores que envolvem essa gestação que devem ser levados em conta e que afetam diretamente a vida dessa criança que foi violentada.

A decisão absurda da juíza pune, para toda a eternidade, uma criança de 11 anos caso ela sobreviva a gestação. Quer dizer, não basta ser estuprada, a criança de precisa assumir essa criança. E, não sejamos hipócritas: não é impossível, mas é extremamente improvável que essa mãe ame essa criança por motivos óbvios. Enquanto isso, o estuprador dorme em berço esplêndido sem ser incomodado.

Klara Castanho

Pouquíssimo tempo depois, ameaçada de ter sua história vazada por uma enfermeira, um jornalista de fofoca e uma ex-atriz pré-candidata a deputada federal – a atriz Klara Castanho se viu obrigada a dividir com o público que foi vítima de estupro, também engravidou, deixou a criança nascer e a entregou para adoção.

Foto: Instagram @klarafgcastanho

Em primeiro lugar, Klara tem apenas 21 anos. Sofreu uma violência inimaginável e, ainda assim, foi forte o suficiente para gerar o bebê e conscientemente entregá-lo para adoção.

Klara não queria ver a sua história se tornar pública, ainda que ela seja uma pessoa pública. A violência que ela sofreu não é motivo para caçar engajamento e likes. E não adianta pedidos de desculpas da editora do site, do jornalista de fofoca e da ex-atriz que busca votos. O estrago já está feito, mas não na vida deles, obviamente. 

Repercussão sobre decisão da Suprema Corte Americana no universo artístico 

Na mesma semana que o caso da atriz explodia por aqui, a decisão que garantia o aborto legal nos Estados Unidos, conhecida como Roe v. Wade, foi revogada pela Suprema Corte Americana. Apesar da decisão ser federal, cada estado americano possui leis próprias e os estados democratas mantiveram a prática, enquanto os republicanos a aboliram.

Nomes como Pearl Jam, Rise Against, Disturbed, Queensryche, Testament, Bad Religion, Rage Against The Machine, Halestorm, entre outros, se posicionaram de forma extremamente contraria a decisão. Uma das reações mais contundentes foi do americando Billie Joe Armstrong, líder do Green Day, que avisou que renunciaria a sua cidadania após a decisão.

Foto: Getty Images

Mas, pelo visto, nem todo mundo achou a decisão ruim.

O baixista do Five Finger Death Punch, Chris Kael, resolveu responder a Billie Joe dizendo que ele deveria “parar com a babaquice de dizer que ia abandonar a América”. Como tréplica, recebeu o mais absoluto silêncio de quem está em um patamar tão alto que não consegue ouvir os cães latindo raivosos.  Até agora, somente Chris Kael se posicionou dessa forma, na contramão da civilização.

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Tema “aborto” ainda traz estigmas

As estatísticas em torno dos abortos clandestinos são alarmantes, além de todo o risco que as mulheres enfrentam quando recorrem ao serviço. Há riscos de saúde, além de riscos legais e danos psicológicos muito difíceis de serem superados. Se a decisão já não é fácil, porque tornar a questão ainda mais penosa?

Porque, em pleno 2022, infelizmente, as mulheres ainda estão longe de serem tratadas com equidade. Tudo acontece dentro do corpo feminino, sendo assim, é a mulher e somente ela quem deve decidir que caminho tomar. Não uma pessoa de fora, abastada e que, com uma canetada, pode condenar a mulher para todo o sempre.

Depois de ler tudo isso aqui, fica a pergunta: você está prestando atenção nos valores que os seus artistas preferidos compartilham nas letras e no dia a dia ou você só curte o som e não se liga em nada disso? Lembre-se que até a alienação cobra um preço.

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