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UBC homenageia Alaíde Costa na 4ª edição do ‘Troféu Tradições’

UBC homenageia Alaíde Costa na 4ª edição do ‘Troféu Tradições’. Foto: Murilo Avesso/Divulgação

Com o intuito de reverenciar a música brasileira e dar mais visibilidade aos nossos artistas, a União Brasileira de Compositores (UBC) realiza, no dia 20 de junho, a quarta edição do ‘Troféu Tradições’. O evento, que será realizado na Casa de Francisca, localizada no Palacete Teresa, patrimônio histórico recém-restaurado em São Paulo, irá homenagear Alaíde Costa.

Uma das precursoras da Bossa Nova e grande intérprete do ritmo que ajudou a projetar o Brasil no exterior nos anos 60, a cantora e compositora receberá a honraria das mãos da cantora e Diretora Presidente da UBC Paula Lima, durante sua apresentação no show “Canções de Alaíde.

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A noite contará com participações especiais de Carlinhos Brown, Ayrton Montarroyos e Zé Manoel e será transmitido ao vivo pelo canal da UBC no YouTube. No palco a artista de 88 anos interpretará músicas que compôs em colaboração com renomados parceiros, como Johnny Alf, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Geraldo Vandré.

O público também poderá desfrutar de alguns dos clássicos que marcaram a trajetória da artista, incluindo “Me Deixa em Paz” e “Onde Está Você”, além das novas parcerias com Nando Reis e Emicida.

Com 70 anos de carreira, Alaíde Costa segue na ativa, colecionando reconhecimentos e celebrando novas parcerias.

“Ser reconhecida como uma das precursoras da bossa nova aos 88 anos é uma honra indescritível. É gratificante ver que a música que ajudamos a criar e a cultivar ainda ressoa com tanta força e beleza no coração das pessoas. A bossa nova é uma parte fundamental da minha vida, e esse reconhecimento é um testemunho de todos os anos de dedicação e amor que coloquei na minha carreira como cantora e compositora. Sinto-me profundamente grata e emocionada por este momento de celebração e por poder compartilhar essa alegria com todos os que sempre acreditaram no meu trabalho”, comemora a artista.

UBC homenageia Alaíde Costa na 4ª edição do ‘Troféu Tradições’. Foto: Murilo Avesso/Divulgação

Seu mais recente trabalho é o álbum “Pérolas Negras” gravado ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta, produzido por Thiago Marques Luiz e lançado em fevereiro de 2024. Alaíde lançou em 2022 “O que meus calos dizem sobre mim”, produzido por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, álbum que terá segundo volume ainda esse ano.

Segundo Paula Lima, a escolha de Alaíde vem ao encontro à proposta do ‘Troféu Tradições’ em valorizar e enaltecer grandes artistas fundamentais para a música brasileira.

“D. Alaíde Costa, grande mulher e preciosíssima artista é arquiteta da música brasileira. Aos 88 anos, cantando lindamente, muito ativa e lançando novos trabalhos, sempre muito consciente do que acredita, cuidando da sua obra e arte tão originais, revelando tudo o que sente musicalmente e artisticamente, é referência para todos. D. Alaíde é orgulho nacional e nós da UBC temos a imensa alegria de prestar essa homenagem no Prêmio Tradições! Ela representa o motivo e traz o significado pleno da comemoração para reverenciá-la, sendo essa artista revolucionária, disruptiva… A verdadeira tradição que se renova. Obrigada D. Alaíde Maravilhosa Costa por todo o seu amor pela música, pelas sonoridades atemporais e pelo seu imenso legado”, celebra Paula.

Paula Lima, autora, cantora e presidente da UBC. Foto: Diego Melo/Divulgação

Diretor-executivo da UBC, Marcelo Castello Branco comenta que o prêmio se confirma como uma iniciativa de valorização às inestimáveis contribuições femininas para a música brasileira.

Alaíde Costa deixou marcas profundas na Bossa Nova, Clube da Esquina e por onde passou e passa. Um rastro de dignidade e talento raro, sem concessões, vanguarda minimalista, sensibilidade que a coloca como uma grande compositora e intérprete do Brasil. É uma honra para a UBC, seus titulares e Diretoria, poder reconhecer e festejar esta trajetória através do Troféu Tradições, um iniciativa de valorização de mulheres fundamentais para a nossa vida cultural”, afirma Marcelo Castello Branco.

Marcelo Castello Branco, Diretor Executivo da UBC. Foto: Miguel Sá/Divulgação UBC

Fernanda Takai, cantora, compositora, multi-instrumentista e Diretora da UBC, também dá o seu aval:

Alaíde é uma pessoa incrível. Elegante, competente e continua cantando de modo impecável! Estivemos juntas ensaiando e cantando num concerto com a Brasil Jazz Sinfônica na Sala São Paulo e foi maravilhoso ter a oportunidade de conviver três dias com ela”, vibra a artista.

Fernanda Takai, diretora da UBC. Foto: Miguel Sá/Divulgação UBC

Esta é a quarta vez que o ‘Troféu Tradições’ destaca uma compositora. Na primeira edição do prêmio, em 2021, a UBC homenageou Anastácia, conhecida como “Rainha do Forró”. Já em 2022, a artista eleita para receber o prêmio foi Dona Onete, fenômeno paraense que conquistou o Brasil e o mundo. Em 2023, Lia de Itamaracá, a maior cirandeira do país, foi contemplada com a honraria.

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Segundo dados divulgados na edição deste ano do estudo “Por Elas Que Fazem a Música”, realizado pela própria UBC, o relatório constata a persistente desigualdade de gênero no Brasil. Trazendo como referência a base de dados da UBC acerca da distribuição de direitos autorais, o levantamento aponta que, apesar do aumento da quantidade de associadas, o rendimento destinado às mulheres permaneceu em meros 10% do total de direitos autorais distribuído entre todos os titulares.

Alaíde Costa: uma das maiores vozes da música brasileira

Era início da década de 1950 em Água Santa, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, quando uma adolescente colava os ouvidos no aparelho de rádio, atenta, esperando a voz de Silvio Caldas entoar “Noturno em Tempo de Samba”. Ao ouvir os primeiros versos, parava para anotar a letra e memorizar a melodia. Quando aprendeu a canção, decidiu: iria ao programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi, para apresentá-la.

Não era a primeira vez de Alaíde Costa em um palco. Aos 11, seu irmão mais velho (Adilson, que se tornou jogador de futebol) a havia convencido a se apresentar em uma sessão para cantores amadores no circo montado no bairro, dizendo à garota tímida que, caso não fosse, a polícia iria buscá-la.

Dali em diante, a menina que gostava de cantarolar — mas achava que seria professora — passou a ser inscrita pelos vizinhos em toda oportunidade que aparecia, já que ganhava os prêmios. Aos 16, apaixonada pela canção cheia de climas interpretada por Caldas, resolveu ir se apresentar por conta própria. A escolha da música, a audição cuidadosa em casa e a interpretação lhe renderam nota máxima. “Aí tomei gostinho”, conta.

Aos 88 anos, uma das maiores vozes da música brasileira é também uma artista que sempre se guiou pelo que quis fazer e pelo que acreditava fazer melhor, o que não foi fácil. “Ah, mas você é negra, tem que cantar uma coisa mais animadinha, sabe? Um sambinha”, ouvia. “Me recusei a entrar nessa porque não daria certo”, afirma, categórica.

Seu primeiro álbum foi lançado dois anos antes de “Chega de Saudade” (1958), música que marca o início da bossa nova, mas só recentemente ela passou a ser reconhecida entre os grandes nomes do gênero — assim como Johnny Alf, precursor do estilo e, não por acaso, também negro. Durante a carreira, teve grandes parceiros musicais como o próprio Johnny Alf, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto, Milton Nascimento, Oscar Castro Neves, entre outros.

Apesar dos infortúnios, a cantora continua ativa, defendendo a Bossa Nova, colecionando reconhecimentos e celebrando novas parcerias. Em 2020, seu talento como intérprete lhe rendeu o Troféu Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante, no Festival de Gramado. Alaíde se tornou a artista mais velha a ser laureada com o prêmio.

Em um show que homenageou João Gilberto em abril de 2023, em São Paulo, falou: “Vou fazer 88 anos, tenho 70 de carreira, e olha que loucura: as pessoas me descobriram agora!”. Alaíde nunca parou de cantar, nunca ficou sem gravar (são mais de 20 discos) ou se apresentar em shows.

Alaíde é uma das poucas artistas vivas que passou por todos os formatos de mídia – desde o 78RPM, LP, K7, CD e agora o streaming. Nos últimos anos, parcerias deram novo vigor a uma carreira cheia de coerência artística. Em 2022, lançou “O que meus calos dizem sobre mim”, produzido por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, álbum que terá segundo volume em 2024 — eleito o melhor lançamento fonográfico de MPB no 30º Prêmio da Música Brasileira, com a cantora aplaudida de pé por todo o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em maio de 2023, Alaíde se apresentou em Portugal com a Orquestra de Jazz do Algarve sendo um grande sucesso de crítica e público além mar. Além disso, se apresentou no Carnegie Hall em Nova Iorque em outubro de 2023, no show The Greatest Night Bossa Nova em comemoração aos 60 anos da Bossa Nova, no qual foi aplaudida de pé por mais de cinco minutos. Em novembro de 2023 foi agraciada com o Troféu Raça Negra como melhor cantora do ano.

Atualmente Alaíde Costa está em estúdio gravando o segundo disco da trilogia produzida por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, e já lançou dois singles do novo trabalho: “Moço” (Marisa Monte e Carlinhos Brown) e “Ata-me” (Junio Barreto).

Está em turnê por todo o Brasil com dois shows: “O que meus calos dizem sobre mim”, com o repertório do último disco e “Pérolas Negras”, no qual se apresenta ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta. Acabou de gravar, ao lado de Guilherme Arantes, o grande sucesso do compositor, “Meu mundo e nada mais”, que já está disponível em todas as plataformas digitais.

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