Relatório da Ivors Academy, associação independente do Reino Unido para compositores, estima que £ 500 milhões (cerca de R$ 3,6 bilhões) correspondem a uma lacuna global de valores do streaming que não são repassados aos titulares de direitos.
A Ivors Academy aponta na análise divulgada hoje (16) que o problema está nos dados de streaming de música incorretos ou mal alocados, devido a ausência de informações. Com isso, os pagamentos a compositores e detentores de direitos são afetados anualmente em todo o mundo.
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A Associação do Reino Unido diz que as práticas variam, mas geralmente os royalties de streaming são agrupados e pagos com base na participação de mercado para músicas que já receberam pagamento por streaming.
“Como o streaming cresceu e se tornou o método dominante de ouvir música, também vimos o aumento da lacuna de dados de streaming de música. Dados ruins, insuficientes e conflitantes criaram um enorme desafio global para a indústria musical e o tamanho do problema continuará a crescer“, diz Graham Davies, Executivo-Chefe da Ivors Academy.
“Precisamos urgentemente de um novo fluxo de trabalho da indústria com base em novas tecnologias e educação de compositores para preencher a lacuna de dados e garantir que as pessoas certas sejam pagas por seu trabalho”, ressalta Davies.
Relatório da Ivors Academy: bilhões devidos no streaming
Com base no relatório recente do Parlamento do Reino Unido que recomenda “reset completo ao mercado de streaming”, a Ivors Academy reúne uma série de diretrizes para reduzir a lacuna e direcionar os pagamentos para os detentores de direitos.
Entre as recomendações feitas pelo Parlamento do Reino Unido, estão: que o governo deve obrigar as gravadoras a fornecer metadados para as músicas quando licenciam uma gravação para serviços de streaming e que a indústria da música deve, com urgência, estabelecer um padrão mínimo de dados viáveis para que as informações sejam usadas e compatíveis em todos os serviços. Dessa forma, o Parlamento acredita que será possível “auditar caixas pretas” e acabar com a prática de “distribuição de receitas da caixa preta” por participação de mercado.
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Na evidência da Academia para o inquérito, chamou a atenção para problemas de metadados de streaming de música, que pediu uma reforma da indústria e a adoção de um padrão mínimo de dados. O Relatório de estimativa da Ivors Academy pretende criar um melhor entendimento do tamanho do problema e encorajar ações entre setores para “reduzir a caixa preta” por meio de padrões e gerenciamento de dados aprimorados.
O relatório, estimando o tamanho da lacuna de dados de streaming de música global de £ 500 milhões (cerca de R$ 3,6 bilhões), também faz uma série de recomendações para:
- Fornecer educação para aumentar a consciência e o conhecimento dos criadores sobre seus direitos e responsabilidades. Especificamente, a Ivors Academy afirma que é importante garantir o registro oportuno das obras musicais e a obtenção de identificadores;
- Usar a tecnologia para permitir a anexação de metadados de criadores autorizados a gravações no ponto de criação, a fim de facilitar os créditos corretos do criador e pagamentos de royalties de música precisos e oportunos;
- Estabelecer um consenso de toda a indústria sobre os padrões mínimos de metadados exigidos antes que uma gravação de música possa ser distribuída e transmitida.
Para a Ivors Academy, o relatório é um primeiro passo para dimensionar adequadamente a lacuna de dados de streaming de música. Ele estima um valor global com base em pontos de dados para taxas de correspondência e receitas residuais para a Europa e os EUA, com relação à administração de execução e direitos mecânicos em serviços licenciados de streaming de música digital e plataformas de Conteúdo Gerado pelo Usuário.
A Academia recomenda a realização de um estudo mais abrangente, que necessitaria da cooperação da indústria para fornecer uma visão mais precisa das taxas de correspondência por diferentes administradores por território e informações mais granulares sobre as diferentes políticas de distribuição aplicadas às receitas residuais.