Para iniciar essa coluna, a primeira de 2023, diga-se de passagem, faz-se necessário voltarmos alguns passos. Feito isso, vamos nos lembrar do período do Oscar, quando muito se falou sobre os erros da assessoria de comunicação no caso de Will Smith com Chris Rock. Em seguida, polêmica com comediante e ex-BBB e Maluma no Catar.
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O fato de Will ter postado em suas redes, após o ocorrido, um vídeo se desculpando com Chris e seus familiares nos serve como uma oportunidade valiosa de reflexão. Para que não haja espaço para dúvidas, repito, trata-se somente de uma reflexão e não de uma verdade absoluta. E muito menos de um apontamento para um padrão comportamental, por parte da assessoria, em incidentes parecidos.
Guardado os devidos cuidados, sendo assim, os convido para uma elaboração do seguinte pensamento: muitas vezes, diante de situações estrondosas e escândalos gigantescos, como foi o caso, acredito que não haja a necessidade de uma resposta imediata. Ressalto, para os que não se lembram, que dias após o tapa em Chris, Will se desculpou pela atitude, sendo amplamente criticado. Tempos depois, Will, novamente, teceu outro pedido de desculpas ao humorista.
Todo esse cenário me faz concluir que em circunstâncias que envolvem agressão e um cancelamento quase que integral, é de suma importância dar muita atenção ao tempo. É preciso esperar, pois uma mudança neste nível é algo profundamente pessoal. Parto da lógica que uma pessoa capaz de agredir alguém em público carece de espaço para rever a atitude a fim de alcançar uma mudança genuína e que não seja forçada somente por dinheiro, likes e reputação.
Para ilustrar, relembro um caso recente aqui no Brasil com muita repercussão na imprensa, quando uma comediante questionou a capacidade de uma outra celebridade (ex-BBB) para se colocar como artista. Isso ocorre devido aos questionamentos internos que se fazem muito presentes em pessoas que habitam o universo pop midiático. Desta maneira, após polêmica dessa magnitude, para haver uma redenção sincera, o tempo é componente indispensável até mesmo para o público entender que tal pessoa — no caso a que iniciou a contestação —, mudou, de fato. A ex-BBB respondeu ao vivo num programa do Multishow, um dia depois. Já a humorista fez um vídeo de desculpas – publicado três dias após a polêmica. Aparentemente, tudo ficou resolvido.
Voltando ao caso de Will, o ator teve que passar por um período de análise e reabilitação para que na sequência pudesse pedir mais uma vez desculpas a Chris e tentar fazer com que o público o absolvesse. Em termos de assessoria, digo que, geralmente, não é benéfico retornar a um assunto delicado. No entanto, devido ao peso e seriedade do acontecido entre Will e Chris, considero ter sido adequada a decisão da assessoria de Will em retomar a pauta.
A assessoria agiu profissionalmente em auxiliar Will na produção do post. Conteúdo, discurso, postura… absolutamente tudo foi pensado de forma minuciosa pela equipe — friso que não há nenhuma vergonha nisso. A moral de todo esse pacote, é que considero o caso de Will um case de sucesso capaz de nos mostrar que ocasionalmente é apropriado retornar a certas temáticas por mais espinhosas que sejam.
Infelizmente e erroneamente o cantor Maluma não fez o mesmo, após sair no meio de uma entrevista quando um repórter o questionava sobre a decisão de se apresentar na Copa do Mundo, em meio ao boicote de vários artistas devido a denúncias de violação aos direitos humanos no Catar, país-sede da Copa. Erro GRAVE e BÁSICO do assessor de não ter preparado o astro colombiano para essa pergunta. Mas a “espinha dorsal” foi o Maluma ter ido a Copa, mas aí é outra questão. E para piorar; o artista e seu assessor preferiram ficar quietos após a polêmica. E a apresentação de Maluma foi “água” — sendo ignorada pela imprensa e público. O cancelamento teria sido mais vantajoso.
Por fim, contudo, destaco uma vez mais: trata-se somente de uma reflexão e não de uma verdade absoluta.