Lexa está atravessando fronteiras e, nesta terça-feira (7), foi destaque na revista norte-americana “Vanity Teen“. Na entrevista, a Sapequinha falou sobre a igualdade de gênero e o papel da mulher na música urbana e também na cultura popular. Além disso, a carioca ressaltou a força do funk e dos artistas que levam levantam a bandeira do gênero mundo a fora.
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Com mais de meio bilhão de reproduções apenas no Spotify, a revista especializada em jovens talentos convidou Lexa para falar sobre sua música no Brasil. Questionada sobre o feminismo, já que luta pela liberdade da mulher em suas músicas, a artista foi enfática:
“Infelizmente, nossa sociedade ainda é muito sexista. Meninas e mulheres ainda sofrem em seu círculo familiar, em sua família e até mesmo com seus próprios amigos. Os salários entre homens e mulheres claramente não são iguais, as mulheres são assediadas todos os dias nas ruas e suas vozes não são ouvidas. No mundo artístico, ainda somos tratadas como objetos e que nós somos boas apenas por causa do nosso corpo. Por esse e outros motivos, digo que, para uma mulher ter tanto crédito quanto um homem, ela tem que trabalhar o dobro”.
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A dona de hits como “Sapequinha“, “Chama Ela” e Taradinha”, contou como atua nessa luta de igualdade e empoderamento. “Quando digo que sou feminista, não estou dizendo apenas para mim, mas para todas as mulheres do Brasil e do mundo. A reivindicação do direito de existir e ser respeitado é para todas. Como figura pública, também é meu papel tornar essa luta perceptível e fazer com que todas as mulheres se sintam representadas; além disso, faça com que mais e mais pessoas reflitam sobre seus atos”, disse.
Expoente do funk carioca, Lexa comentou sobre a questão dos ritmos urbanos como o funk, serem tratados como gêneros menores e consequentemente, criminalizados. “A música popular de rua e a arte, principalmente as das favelas, nunca foram bem recebidas pelas classes altas. São eles que sempre tentaram decidir o que é arte e o que não é. Mas quando veem gente pobre, gente da favela tendo sucesso com a própria arte, começam a tremer no fundo. Do preconceito que o funk e o rap sofrem hoje, o samba já sofreu lá nos anos 50“, declara.
“Algumas pessoas da sociedade brasileira menosprezam as mulheres que vieram de onde eu vim, que cantam o que eu canto, que dançam e vestem as roupas da mesma maneira que eu. E a única coisa que eles podem pensar é que meu sucesso tem a ver apenas com meu corpo. Como mulher, já sou muito objetivada. Existe resistência ao funk e o que as pessoas não reconhecem é que a arte urbana é a essência da cultura brasileira. O funk está sendo reconhecido internacionalmente; o mundo está se abrindo para o funk. A arte de rua, a arte urbana e popular são motivo de orgulho. Tenho orgulho da minha arte e da minha música”.
Além de contar sua historia com o Carnaval, ao qual desfila como Rainha de Bateria há anos, a cantora ressaltou que o maior objetivo de sua série para o GloboPlay, a “Lexa: Mostra Esse Poder”, é reforçar seu discurso de que é possível lutar por uma vida melhor.
“A principal motivação é encorajar as pessoas a lutar por seus sonhos. A vida é difícil e às vezes você cai, mas precisa se levantar e manter a cabeça erguida. Também queria que as pessoas vissem que os artistas são feitos de carne e osso: eles têm medos, choram, sofrem, riem, têm dias felizes, outros nem tanto, como todos os seres humanos. Gosto muito do documentário por causa disso. E, por fim, porque tenho muito orgulho da minha história de ter alcançado o que sonhei sem ter que machucar ninguém ou a mim mesmo”, disse.