Chegou o momento que os fãs da Fresno esperam há algumas semanas. A banda liberou nesta quinta-feira (7) “Agora Deixa”, a 20ª música do projeto “INVentário”.
O ROCKline conversou por email com Lucas Silveira sobre a intenção do projeto que começou no final de agosto e revirou os arquivos inacabados trazendo sonoridades até então inéditas dentro da discografia do agora trio.
A proposta era ir além de entregar ideias engavetadas ou até criadas também este ano, mas surpreender os fãs e tirar todo mundo da caixinha – inclusive eles. As participações especiais também contribuíram para o processo como o rapper Nill, os cantores Lio (Tuyo), Jup do Bairro, Terno Rei, e a banda japonesa Magic Of Life.
“Selecionar as faixas para o INVentário partiu do pressuposto de ver no nosso repertório não lançado, músicas que a gente quer lançar. Às vezes ficamos procurando um espaço para lançar aquele single, aquela coisa que a gente nunca terminou ou que terminou, mas não encontrou espaço na nossa vida, aí pensamos em lançar todas elas juntas e tentar fazer com que formem um corpo ali de trabalho coeso e acredito que foi o que fizemos”, disse.
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A concepção do projeto
“INVentário” chegou de surpresa e até levantou rumores entre os fãs de separação. A banda criou uma conta também no TikTok e liberou vídeos antigos de bastidores. Se internamente parecia clara a conexão entre as imagens de arquivo e a ideia do “INVentário”, para os fãs parecia ou uma despedida ou uma simples revisitação de catálogo.
“Quando temos uma ideia, simulamos ela toda na nossa cabeça, simula a resposta. Eu acho importante um artista não se pautar sempre como um reflexo da reação do público. Várias vezes, nós, artistas, criadores, enfim, nós temos que mostrar pros fãs um caminho. Não, necessariamente, fazer o que eles acham que tem que ser feito, porque temos a nossa liberdade, a nossa referência e queremos mostrar isso. Quando tivemos a ideia do INVentário falamos: ‘Cara, não importa o que falem. Eles vão entender’”, nos disse Lucas Silveira.
Inicialmente os fãs ainda ficaram confusos, principalmente com a vasta diversidade sonora e propostas musicais apresentadas. “Claro, entra a primeira música, a segunda, a terceira…Inclusive, a ordem das músicas foi moldada pra sempre desfazer a impressão que um fã podia ter de ‘ah, entendi o que que é’. A intenção era sempre confundir, não era exatamente explicar, mas agora que tem 18, 19 músicas lançadas começou a ficar assim ‘Ah, entendi. É um monte de música’. Também demos entrevistas falando sobre, mas não queríamos muito falar sobre as músicas, queremos que elas falem sobre si sós. Agora já tem uns fãs assim ‘nossa, agora entendi’”, refletiu.
“Isso é muito bom, acho que essa é a magia do trabalho, essa é a parada que mais gostamos de fazer”
Perguntado sobre qual música teve a melhor reação dos fãs até agora, “INV017: ELES ODEIAM GENTE COMO NÓS” foi a escolhida. “É uma paulada que fiz esse ano, não é uma coisa antiga da Fresno. É uma parada que não podia esperar. Esse é o momento também”, falou entrando no aspecto político que estamos vivendo.
“Estamos muito putos com o desmanche que tão fazendo no Brasil e como essa polarização – não gosto muito da palavra , porque não acho que eu tô num polo, a gente está num lugar normal, mas existe uma extrema direita ressentida e nazista que esses sim, estão num polo fora do espectro democrático”, disse Lucas.
“Essas pessoas realmente odeiam gente livre, odeiam artista, odeiam pessoas que se expressam, odeiam pessoas que tem opinião, odeiam pobre, odeiam tudo o que eles tem medo. Era importante ter uma música falando pros nossos, sobre como existem essas pessoas e como não podemos eles pautaram a nossa vida e tu tem que tirar eles do Governo e dos cargos que decidem coisas por nós o quanto antes”.
Com a 20ª faixa lançada e um milhão de execuções no “INVentário” já registrada, qual o próximo passo? Se é que há. O ROCKline já havia adiantado semanas atrás que o total de faixas foi revelado da maneira que os fãs da Fresno gostam: através de dicas escondidas, os easter eggs. No início do projeto, todas as artes subjetivas criadas para as músicas foram usadas em artes que ilustravam as redes sociais da banda e plataformas de áudio (Apple, Deezer e Spotify). No total, contamos vinte artes – e elas se provaram exatamente as ilustrações no decorrer dos lançamentos.
E agora, Lucas?
“Tinha mais do que isso [as lançadas], mas juntamos as que pareciam pertencer a um mesmo projeto, que embora muitos diferentes, elas têm muito a ver e é muito Fresno, no fim das contas fazemos aquilo tudo mesmo. O critério foi esse, ver coisas que achamos que as pessoas tinham que ouvir e a hora é agora, não dá para esperar mais”, disse sem entregar os próximos passos.
Mas se uma coisa ficou clara em 2021 é que: pode se esperar qualquer coisa da Fresno – e a qualquer momento. É melhor você não piscar.