Autora do livro “Quarto”, que deu origem ao filme indicado ao Oscar “O Quarto de Jack” (2015), a irlandesa Emma Donoghue está com um novo romance, intitulado “O Capricho das Estrelas”. O livro conta a história fictícia da enfermeira de uma maternidade, Julia, durante a epidemia de gripe de 1918.
Emma Donoghue terminou de escrever o romance em 2020, antes da pandemia do coronavírus parar o mundo. “Eu nunca tinha ouvido falar de Covid”, conta. Mas “O Capricho das Estrelas” chega às livrarias neste cenário, em que o mundo todo pode se conectar facilmente com a história. “O Capricho das Estrelas” já está, inclusive, sendo negociado para o cinema.
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POPline – Quando você senta para escrever, sente pressão para criar uma história tão bem sucedida quanto “Quarto”?
Emma Donogue – Um pouquinho! É verdade que, antes de “Quarto”, nunca senti que meus editores esperariam um best-seller mundial de mim. Também tenho uma percepção mais vívida de todos meus leitores. Mas, por outro lado, “Quarto” era um enredo tão estranho e único, que não seria possível, para mim, permanecer no tema. Então eu fico muito contente por ter tido um enorme sucesso, que é mais do que a maioria dos escritores consegue.
POPline – Qual foi sua inspiração para “O Capricho das Estrelas”? Por que você escolheu ambientar o livro em 1918?
Emma Donogue – Li um artigo na revista The Economist sobre o centenário da Grande Gripe de 1918 e fiquei impressionada com a atmosfera estranha daquele período, quase pós-apocalíptico – as cidades modernas e movimentadas de repente parando porque as pessoas tinham medo de pegar essa doença. Quando soube que as mulheres no final da gravidez eram as mais vulneráveis à gripe, percebi que colocar minha história em uma ala de parto seria uma maneira perfeita de localizar um desastre internacional em um local e situação específicos.
POPline – Temos uma epidemia em “O Capricho das Estrelas” e uma pandemia na vida real hoje em dia. Como essa coincidência beneficia a conexão com o livro?
Emma Donogue – Foi pura coincidência, porque eu tinha terminado completamente “O Capricho das Estrelas” antes mesmo de ouvir falar de Covid. Estranhamente, isso fez meu romance parecer mais relevante para a vida hoje, em vez de ser apenas ‘ficção histórica’, um gênero aconchegante sobre tempos passados. Fiquei muito agradecida por ter conseguido falar sobre o heroísmo dos profissionais de saúde e como é a doença política, porque a maioria das pessoas que morrem são aquelas que permitimos que permaneçam vulneráveis.
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POPline – A pandemia te fez querer escrever alguma parte de “O Capricho das Estrelas”?
Emma Donogue – Não, eu nunca reescreveria um romance meu. Cada um é verdadeiro com o momento em que escrevi. E “O Capricho das Estrelas” provou ser muito preciso sobre como as pessoas se comportam em uma pandemia – a negação, a confusão, o medo e a força extraordinária.
POPline – “Quarto” se tornou um filme indicado ao Oscar. Você acha que “O Capricho das Estrelas” tem potencial para se tornar um filme também?
Emma Donogue – Estou trabalhando com produtores para fazer um longa-metragem de “O Capricho das Estrelas”, então sim, estou muito esperançosa. Os meus projetos que chegaram às telas “Quarto” e “The Wonder” (ainda inédito), são aqueles com uma história muito forte, e acho que “O Capricho das Estrelas” tem isso em comum com eles.