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Entrevista: Dulce María explica seu projeto “Origen”, que começa neste mês com primeiro single


Dulce María está no meio artístico desde criança. São 28 anos de carreira, ela gosta de dizer. Com quase três décadas de vida pública, obviamente passou por várias fases. Mesmo na jornada como cantora solo, iniciada após a dissolução do fenômeno RBD, há diferenças estéticas e sonoras evidentes entre os álbuns “Extranjera” (2011) e “DM” (2017). Agora ela tem um novo projeto, o “Origen”, 100% autoral. Dulce sente-se finalmente assumindo as rédeas de tudo que vai entregar para o público, e está pleníssima com isso – ainda que o preço possa ser desagradar alguns fãs. As músicas novas exploram elementos de folk e country, e nem todo mundo vai se identificar. Mas ela diz que essa é sua verdade, sua essência. É o que está determinada a entregar desta vez. O primeiro single sai em setembro, algumas músicas serão mostradas em um show no Teatro Metropolitan, no México, em outubro, e o disco completo será lançado em 2019.

A mexicana, que já confessou se sentir muito solitária em meio à euforia do RBD, agora fala com prazer e alegria sobre sua nova proposta artística. Em “Origen”, ela resgata composições que escreveu há muito tempo e, por razões fora de seu controle, foram descartadas de discos anteriores. Há também músicas feitas para o RBD, como “Te Daría Todo”, que chegou a entrar em um álbum do sexteto em 2007. Olhar para trás foi a maneira de Dulce retomar suas raízes, sua origem. Ela sempre prega a mensagem de “seja você mesmo” e se sentiria incoerente fazendo um disco pop comercial ou explorando o reggaeton só porque ele está em alta no mundo inteiro. Decidiu ir na contramão e, assim, mostrar-se autêntica.

Você sempre se refere a “Origen” como um projeto. O que será “Origen”? Um álbum? Uma playlist? Um DVD? Um álbum dividido em EPs?
Veja bem… Digamos que tudo pode acontecer. A princípio, digo projeto, porque também estamos fazendo um pequeno documentário para dar algo a mais ao público. Será também um disco, sim. Com esse projeto, quero contar mais de mim, da minha história, da minha forma de ser, da minha forma de pensar, e da minha experiência em quase 28 anos nessa carreira. Como digo, tudo pode acontecer. No primeiro momento, vou lançar o primeiro single em setembro e mostrarei parte dessas músicas no dia 5 de outubro no Metropolitan, no México.

O álbum sai também em outubro?
Não. Só uma canção em setembro. Acho que, neste ano, sairão outras duas músicas no total. No ano que vem, sairia o disco.

Mas já começará com a turnê?
Começo no dia 5 de outubro com a apresentação desse projeto no Metropolitan. Ainda não tenho outras datas confirmadas, porque seguramente a turnê acontecerá só no ano que vem.

Ah, então é uma apresentação única!
Exato!

Li que “Origen” será pop folk e country. É verdade?
Sim, exato! É pop, mas tem toques folk e um pouquinho country. Tem baladas muito bonitas. Não se assustem, porque segue sendo pop. Mas, sim, pop tendendo ao pop folk.

Então você segue sendo uma popstar?
Pois sim! (risos) Pelo menos, no que refere ao pop, claro.

Vi uma transmissão ‘live’ sua no Instagram e você falou que não te importa se um milhão de pessoas ou somente 20 vão escutar o projeto, porque está realizada pessoalmente. O sucesso não te importa?
Não é que não me importe. Vou te dizer… Tenho quase 28 anos nessa carreira, fazendo projetos ou participando de projetos de outras pessoas – novelas, programas, grupos musicais – onde estou cantando as histórias que outras pessoas querem contar, né? É parte da minha carreira, é meu trabalho. Mas agora o que eu preciso, como pessoa, como ser humano, é me expressar e mandar minha mensagem. Ser eu. É uma inquietude artística e pessoal. Quero expressar-me e contar minhas histórias, para que saibam o que há por trás de mim e por trás do que as pessoas percebem de mim. Poder decidir o conceito, o nome do disco, as fotos, a arte, tudo isso. Então, não é que eu não me importe. O que eu não quero é seguir uma fórmula e uma tendência, ainda que vá contra o que eu penso. Tenho que ser coerente com meus ideais. Efetivamente, neste disco, não me sentei para compor e buscar o “hit do momento” ou o “featuring” mais exitoso. Não! Esse é um projeto que tem história, que tem tempo. São composições que tem sete anos, quatro anos, três anos… são histórias minhas, que estou compartilhando porque quero deixar mensagens bonitas para as pessoas. Eu adoro o reggaeton, adoro o folk, o pop me encanta… Não é que não me interesse, mas nesse projeto em especial minha proposta é resgatar a essência das pessoas – o que somos como seres humanos. Por isso, defendo que te aceite e seja você mesmo: não siga a moda quando ela vai contra o que você quer.

Qual é a música mais antiga presente neste projeto?
Acho que “Te Daría Todo”. Essa música esteve em algum álbum do RBD, o que deve ter uns nove anos ou mais. Mais, mais! Uns 10 anos quase.

Por que você não quis lançar essas músicas no passado e agora quer retomá-las?
Não é que eu não quis! Eu sempre quis. Justamente por isso, estou resgatando. São músicas que ficaram de fora de discos passados. Por quê? Por que não eram muito comerciais, ou eram muito pessoais, ou qualquer coisa. No caso de “Te Daría Todo”, ela esteve em um disco do RBD, mas, como você sabe, não há músicas do RBD no Spotify nem para comprar, para nada. Como é uma composição minha, estou retomando para que as pessoas a tenham em uma versão real e possam escutá-la.

Você continua com a gravadora?
Sim, sigo com a Universal.

Como foi para emplacar internamente esse projeto que exige tanta coragem e vai na contramão das tendências?
Pois… Foi um pouco… Não foi fácil. Eu tive que tomar a iniciativa e fazê-lo, e não é fácil, porque tenho toda uma equipe envolvida. Tenho meu empresário, a gravadora, muita gente ao redor, e eles tiveram que subir no barco, porque esse barco estava andando (risinho). Foi uma iniciativa minha. Então, foi difícil, porque há coisas que não podemos pular. Tem o tempo que a gravadora obviamente necessita para lançar um single, por exemplo, lançar um clipe… Por outro lado, tem eu com a emoção de fazer esse disco, querendo compartilhar… Mas sou muito realista. Obviamente, às vezes não é tão fácil, porque as coisas têm seu tempo. Mas, na realidade, estou agradecida, porque finalmente estão apoiando um projeto meu. Gostaram, apesar de eu ter tomado a iniciativa de fazê-lo.

O álbum terá participações especiais ou, por ser tão pessoal, terá apenas sua voz?
Por agora, é isso. Por serem músicas minhas e muito pessoais, não tenho participações. Mas gostaria de pensar nisso mais adiante. O disco está previsto para sair em 2019 e eu lanço mais duas músicas neste ano depois do single. Então, depois, eu gostaria de buscar fazer algo com alguém… Gostaria de ter uma colaboração, mas só pensarei nisso mais adiante.

Seus fãs pediram para perguntar se “Dejame Ser” está confirmada na tracklist.
Hum… não, não. Essa não está. Cogitei-a, mas não é fácil enfiar todas as músicas. Eu tenho muitas! E muitas mais que ficaram de fora! Não posso enfiar todas. É um disco que, por mais que seja muito pessoal, está sendo muito mais complicado que um disco normal, porque traz instrumentos ao vivo – violinos, banjo, ukele, percussões, instrumentos diferentes de um pop mais programado. É complicado fazer o disco assim, mas está valendo a pena, porque está ficando bonito e vou entregar algo diferente aos meus fãs. Não são todas as músicas do passado que entrarão nesse projeto, mas eu adoraria. Tenho muitas músicas pendentes para lançar.

O álbum terá quantas músicas conhecidas dos fãs e quantas inéditas?
Deixe-me pensar… (silêncio) Parece-me que são sete inéditas e quatro ou cinco conhecidas. Quatro, quatro.

Vi sua apresentação no Billboard Showcase e fiquei surpreso com a parte da coreografia e dos dançarinos, que é algo que você não fazia muito. Vai dar mais atenção a isso nessa nova etapa?
Algumas músicas sim terão… Na realidade, na última vez que cantei no Metropolitan, um ano e meio atrás, também teve dançarinos e coreografias.

Verdade!
O que acontece é que agora era uma música diferente. Sim, vou apresentar um pouco de coreografia no Metropolitan. Mas tenho também baladas muito bonitas, além das músicas para dançar.

O primeiro single é balada ou dançante?
Hum… É alegre, é divertido, dá para balançar. A letra diz coisas fortes, na realidade, mas com uma roupagem divertida.

Você já disse também que “é um risco se mostrar como é”. O que te motivou a bancar esse risco agora?
Veja… Eu sempre, minha vida toda, defendi a frase “seja você mesmo”. É defender suas ideias, a justiça, seus ideais, seus sonhos. O que acontece é que, às vezes… A diferença é que agora estou fazendo isso concretamente, não apenas falando mas fazendo. É um momento tão difícil que estamos vivendo como geração, em que todo mundo busca a perfeição e faz operações… Podem ser bonitos ou bonitas, mas já não são quem eram. Poderiam ser lindíssimos ou lindíssimas ao se aceitarem. Você tem que se amar. É isso que quero fomentar: ser você mesmo, levantar sua voz como mulher e como ser humano. Se não nos respeitamos e nos valorizamos, acredito que ninguém mais o fará. Acho que é preferível ser amado ou odiado pelo que você é mesmo. Tentar agradar todo mundo e sacrificar o que você quer tampouco faz com que todos gostem de você. É impossível. Minha motivação é um pouco isso: fomentar a autoaceitação e o amor próprio. É dar atenção às coisas internas – nossos sonhos, nossas ideias, nossas crenças, o amor, os sonhos, tudo isso – e não apenas às externas como buscar curtidas, a perfeição… tudo isso é consequência e claro que é parte da carreira dos profissionais, mas não é o essencial neste momento da minha vida e da minha carreira. Quero dar uma mensagem a todos. Uma mensagem positiva. Se sigo as tendências de todo mundo, não estaria sendo sincera com o que sempre digo. Por isso faço esse projeto: é para eu fazer o que digo para que os outros façam.

Quanto de você havia nos álbuns anteriores?
Justamente por esse álbum ter partido de mim, é tão importante. Nos outros, havia tanta gente opinando sobre o que você tem que ser e o que vai funcionar comercialmente, que por fim você acaba sacrificando muito do que você quer para conseguir atender a todo mundo. Claro que eram parte de mim, também. Eles têm composições minhas, nos shows eu canto e sinto as músicas… mas agora sim eu escolhi o fotógrafo, o nome do disco, o conceito. Eu estou tomando as decisões criativas. Antes, tudo que eu pensava tinha que passar por um filtro. Finalmente, tomei a iniciativa e estão mapeando essa ideia. Nos outros discos, havia parte de mim, mas não 100% como estou fazendo em “Origen”.

Quando a gente poderá ver tudo isso no Brasil?
Hum… não sei! Espero poder ir no ano que vem.

Já com a turnê nova?
Espero que sim. Ir com a turnê do “Origen”. Sinto muita falta dos brasileiros. Estamos mal acostumados, porque eu ia quase todo ano, mas estou preparando algo que valha a pena.