O “Encontro” desta segunda-feira (1) convidou duas mães, uma preta e outra branca, para falar sobre o racismo. O tema debatido foi o episódio que ocorreu no último fim de semana com os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, em Portugal. No programa, relatos de situações similares foram discutidos e uma mulher na plateia até se emocionou ao relembrar toda discriminação vivida.
LEIA MAIS:
- “Grito de dor e indignação”, dizem Bruno Gagliasso e Gio Ewbank sobre racismo sofrido pelos filhos
- Bruno Gagliasso chora ao falar sobre racismo e criação dos filhos
- Gio Ewbank e Bruno Gagliasso comentam racismo: “Dentro da nossa casa”
O vídeo que Gioh aparece partindo para cima da mulher que foi racista com Titi, Bless e uma família angolana em um restaurante de Portugal repercutiu nas redes sociais. “Você é uma racista nojenta, uma filha da p***, você merece soco, uma porrada na tua cara“, esbravejou ela.
Nesta segunda, Patrícia Poeta e Manoel Soares receberam duas mães no programa para falar sobre o caso. Uma delas é Ana Paula Xongani, apresentadora e empresária.
Ela comentou que o caso a fez refletir sobre sua própria vivência. “Eu também fui uma criança negra e sou uma mulher negra. Então é um gatilho que nos recorre, a gente relembra, repensa. Sou mãe de uma menina preta, então isso me faz pensar o quanto nossas crianças são expostas muito cedo a situações raciais“, declarou.
“Como seria se eu fosse Giovanna? E essa família angolana, por que a gente não vê reagindo? Porque a leitura dessa reação poderia ser vista de uma outra forma. O encaminhamento dessa história, como a maioria das vezes acontece com pessoas pretas, seria uma outra história a ser contada. Que bom que ela estava lá”, disse.
“A gente não sai de casa todos os dias preparada pra defender o racismo. A gente sai muitas vezes pra curtir. Mas mesmo assim, o racismo não escolhe hora pra te atingir. A gente quer ter para além da resistência, a possibilidade de existir nos nossos espaços.” #Encontro pic.twitter.com/Zes8aaE4Jb
— TV Globo 📺 (@tvglobo) August 1, 2022
Além dela, Astrid Fontenelle, que é branca e mãe de um menino preto, Gabriel Fontenelle, de 13 anos, também lamentou o caso. “O racismo é tão enraizado na nossa sociedade que, até quando acontece com uma mulher branca, e já aconteceu comigo e com meu filho, eu fui taxada de ‘mimizenta, tá dando showzinho porque é famosa, isso é coisa da sua cabeça, você está maluca’“, disse.
“Eu ouvi cara a cara. Tive uma reação muito parecida com a da Giovanna, parti para cima. Eu adoraria ser uma líder pacifista, mas o racismo me impede. É a coisa que me faz sair do sério, me desequilibra completamente”, afirmou ela.
Manoel Soares, então, também relatou o caso na própria família. “A luta racial, é importante entender isso, não é uma luta dos negros, é de toda sociedade. E é muito complicado quando você é obrigado a ensinar seu filho com 7 ou 8 anos de idade, a fazer o cálculo do racismo”, disse.
“Eu já vivi isso de ter que ensinar meu filho em como reagir a uma abordagem policial, se ele for seguido no shopping“, acrescentou.
“Dizia para eles: se for vítima de racismo, não fique com raiva. E aí meu filho falou: ‘Pai, pera aí. Estou certo, sendo vítima. E você está dizendo que não posso me indignar?’. Eu falei: ‘Filho, sua indignação naquela hora vai ser lida pelo contexto como violência”, comentou.
LEIA MAIS:
- Entenda o racismo estrutural de Talitha Morete no “É de Casa”
- No “Encontro”, Mumuzinho dá lição sobre racismo
- Natalia, do BBB22, expõe episódio de racismo em hotel no México
Plateia do “Encontro” se emociona
Com toda discussão, uma mulher na plateia do programa se emocionou. Manoel conversou com ela. “Dirce, estou vendo que está batendo em você assim como bate em mim e 54% da população brasileira neste momento“, confortou ele.
Ela, então, comenta que é uma dor relembrar a discriminação que já viveu. “Eu começo a lembrar tudo que eu passei até hoje, preconceito, racismo“, contou.
“Quando a gente era criança, somos 7 irmãos, minha mãe saía e deixava a gente trancado em casa para poder fazer as coisas. As crianças iam lá jogar pedra na casa, xingar a gente. Na escola, em todo lugar até hoje a gente sofre esse preconceito, parece que nunca vai acabar. Muito triste”, declarou, em lágrimas.
“Não seja conivente. Ficar calado é ser conivente e nós não podemos!” #Encontro pic.twitter.com/195nGSFj0y
— TV Globo 📺 (@tvglobo) August 1, 2022
Patrícia, por fim, reforçou no “Encontro”: “É uma luta de todos nós, por isso a importância de todos nós sabermos nosso papel e a missão nessa luta.”