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Anitta e o impacto de se “Envolver” com Lula

De “isentona”, cantora ainda defendeu terceira via antes de declarar apoio ao pré-candidato do PT.
Fotos: Getty Images / Lucas Ramos - AgNews

Alcance. Impacto. Visibilidade. Seja na indústria musical ou na corrida eleitoral, tais palavras são verdadeiros “must-haves“; não importa se o seu objetivo é colocar uma música no topo da parada mais importante do mundo, ou vencer uma eleição nacional. Se há 10, 20 anos, as ferramentas à disposição dos políticos eram os comerciais de TV, jingles para rádios e showmícios (algo proibido pelo STF atualmente), hoje o cenário é bem diferente. As redes sociais são de extrema importância e utilidade, e os dois candidatos mais à frente nas intenções de votos sabem bem disso. E Anitta também! Logo, o impacto da cantora se “Envolver” com Lula vai muito além dos likes.

Foto: Ethan Miller / Getty Images

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Primeiramente, vamos aos números, pois eles não mentem. No Instagram, Anitta acumula 63 milhões de seguidores. No TikTok, pouco mais de 20 milhões. No Twitter, 17 milhões; e no Facebook, 16 milhões. Ainda que uma parcela deles sejam basicamente a mesma pessoa, acompanhando-a em diferentes mídias, tais números são muito, mas muito grandes!

Para fins de comparação, Bolsonaro possui cerca de 20 milhões de seguidores no Instagram; enquanto Lula tem pouco mais de 5 milhões. Deste modo, receber o apoio da carioca seria vantajoso para ambos os lados. Porém, há mais elementos a serem levados em consideração nesse cenário.

Foto: Ethan Miller / Getty Images

Era uma vez uma Anitta isenta

Segundo Aristóteles, “o homem é um ser político por natureza“. Não importa se é famoso ou anônimo, rico ou pobre, todo mundo tem uma opinião sobre alguma coisa. Portanto, é impossível ser 100% isento, especialmente quando o assunto é política. Contudo, em 2018, essa foi a postura adotada por Anitta.

Quando Bolsonaro e Haddad se enfrentaram nas urnas, a artista preferiu não declarar apoio a nenhum candidato; embora algumas semanas antes do 2º turno tenha publicado stories do movimento #EleNão. Posteriormente, durante algumas entrevistas a veículos internacionais, ela explicou que não se sentia entendida do assunto na época para emitir opiniões mais contundentes, e que também passava por um processo de iniciação religiosa, onde devia permanecer distante das interferências do mundo exterior.

Foto: Ethan Miller / Getty Images

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Nos meses seguintes, enquanto administrava sua carreira e ganhava (ainda) mais visibilidade dentro e fora do país, seus fãs começaram a cobrá-la por um posicionamento mais firme nas questões políticas. E ele veio, aos poucos, de maneira cautelosa; mas veio. Anitta não sentia vergonha em compartilhar publicamente sua falta de conhecimento sobre alguns assuntos inerentes ao tema, e com isso, inspirou seus seguidores a também buscarem por mais informações.

Depois, começaram as denúncias mais diretas contra às ações do atual governo, levando a uma troca de tuítes bem intensa entre a cantora e o presidente (e um de seus ex-ministros). A artista foi pavimentando seu caminho, ganhando a confiança do público, e não apenas declarando seu voto de uma hora pra outra. Ciente da responsabilidade que possui, nada foi feito às pressas. Aliás, se não fosse um trágico acontecimento, esse apoio mais explícito poderia demorar um pouco mais para chegar.

Terceira via, morte e partido

Por muito tempo, Anitta defendia uma terceira via nas eleições presidenciais de 2022. “Minha real vontade é que o Brasil encontre um meio termo onde o resultado não vá partir o país no meio e fazer as pessoas não se tolerarem mais“, declarou ela no final de junho. Porém, o país já estava partido, há bastante tempo inclusive.

Foto: Ethan Miller / Getty Images

No último dia 09 de julho, o tesoureiro do PT Marcelo Arruda foi assassinado em sua festa de aniversário por Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro. O crime, que chocou o país, também abalou Anitta. “A partir do momento que uma pessoa mata outra pessoa (…) Isso aí, pra mim, é o início de um bagulho muito perigoso“, comentou a cantora durante uma live, ao explicar os motivos que a levaram a declarar seu apoio a Lula.

O anúncio oficial foi feito na segunda-feira (11). Através de publicações no Twitter, a “Girl From Rio” compartilhou com seus seguidores – e o mundo – o seu voto.

De quebra, ela ainda disponibilizou ajuda para fazer o pré-candidato “bombar” nas redes sociais.

Em pouco tempo, sua fala virou notícia em jornais nacionais e internacionais. Integrantes da classe artística também repercutiram e comemoraram a novidade. Esse é o poder de Anitta. Em turnê pela Europa, ela é atualmente a maior referência do povo e da cultura brasileira em terras estrangeiras; e o que ela diz, tem relevância.

Feminista, bissexual, independente e politizada. A primeira artista latina solo e a primeira brasileira a alcançar o topo do Spotify Global é um reflexo da nova geração. Aliás, de acordo com dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral ontem (15), o número de jovens entre 16 e 17 anos que tiraram o título de eleitor teve um crescimento de 51,13% em comparação com 2018. Boa parte desse aumento é resultado das campanhas de incentivo a retirada do documento, que também foram endossadas pela cantora.

Seja você fã ou não, se gosta das músicas dela ou não, é impossível negar a magnitude da artista. Ela mobiliza multidões, literalmente. Faltando cerca de três meses para as eleições, vamos continuar observando atentamente o envolvimento de Anitta na campanha de Lula e os resultados que virão.

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