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Videoclipes de música ainda têm valor em 2024?

DUDA BEAT, Pabllo Vittar e Gaby Amarantos são artistas que já se posicionaram sobre a questão. Fotos: Twitter/@dudabeat; Gabriel Renné; Rodolfo Magalhães

Ao longo das últimas décadas, videoclipes se enquadraram como parte crucial no plano estratégico da grande maioria dos artistas que conhecemos. Para o fã de pop, por exemplo, é fácil listar rapidamente os clipes mais emblemáticos de suas cantoras e cantores favoritos. Entretanto, o mercado passa por mudanças e uma parcela da classe artística já não vê o videoclipe como essencial. Esse é um dos assuntos a serem discutidos no painel “Nova Era Dos Videoclipes e Diálogos Sobre Consumo no YouTube”, da Rio2C, maior evento de criatividade da América Latina. A discussão acontecerá na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, em 7 de junho.

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Foto: Twitter/@dudabeat

Temos acompanhado, ao longo dos últimos meses, renomados artistas da música brasileira falando abertamente sobre as novas formas de consumo do videoclipe e fomentando esta discussão. De acordo com eles, inserir a produção de clipes musicais nos planejamentos estratégicos de carreira é algo que pode não ser mais tão rentável como era no auge do YouTube, ao longo dos anos 2010.

Artistas e profissionais do audiovisual, e até mesmo do marketing, reclamam que a plataforma já não “entrega” mais os videoclipes como antes, ou seja, não faz chegar até um número considerável de pessoas. O resultado dessa “entrega ruim” é um desempenho menor, com número menos expressivos (e satisfatórios) de visualizações.

Isso, por sua vez, gera desdobramentos nas redes sociais, sobretudo no contexto da música pop. Fãs de artistas que costumam ficar de olhos atentos nos charts comentam sobre os desempenhos dos trabalhos, traçam paralelos com obras anteriores da videografia do mesmo artista e, claro, comparam com trabalhos de outros músicos. O tema geralmente inflama acaloradas discussões e, por vezes, brigas entre fandoms.

Na realidade, esse problema da “não entrega” de conteúdo não é algo tão novo assim. Este é um desafio que artistas e os próprios criadores de conteúdo do YouTube atravessavam até mesmo na “era de ouro” da plataforma. Não à toa, já se recorria a títulos mais provocativos e sensacionalistas, divulgação massiva com chamadas para o canal e até pedidos incessantes para que ativem as notificações.

Agora, porém, a situação parece muito mais latente do que antes e é algo que os artistas e agentes do mercado audiovisual têm percebido com maior frequência. Os resultados têm sido cada vez mais insatisfatórios para grande parte dos artistas – inclusive financeiros. A partir daí, surgiram e se fortaleceram outras formas de ilustrar, de maneira audiovisual, singles e álbuns, como por exemplo os visualizers. Outra opção tem sido migrar os vídeos para outras plataformas, como o Instagram e o TikTok.

“Fazer clipe é muito caro para não entregarem! Jurou […]! Mas não tem como a gente nadar contra essa maré… Você vê que depois que surgiu o TikTok, o Reels e até o próprio Shorts do YouTube, se você faz um vídeo de mais de dois minutos, ele não vai pegar o mesmo número de views que recebia antes”, destacou Pabllo Vittar, que investiu pesado nos visualizers para sua mais nova era, do disco “Batidão Tropical Vol. 2” (2024).

“Hoje tem o visualizer, uma coisa que é mais palatável. Vamos combinar que a plataforma não está entregando, nem com os artistas, nem com os próprios youtubers, blogueiras, vloggers. Todo mundo aí dando seus pulos e migrando para outras plataformas. Não tem como negar que teve esse impacto. Então a gente tem que trabalhar de acordo com a demanda. Mas os visualizers estão incríveis, quando eu achar que tem a necessidade de fazer um clipe, eu faço um clipe, senão, não. Vocês são os visuais! [risos]”, complementou a drag queen em entrevista recente ao POPline, referenciando uma fala de Beyoncé.

DUDA BEAT é outra artista que não esconde que o momento atual da plataforma impacta, sim, em seu sentimento quanto à sua arte. Para o disco “Te Amo Lá Fora”, de 2021, a cantora entregou verdadeiras obras de arte em forma de videoclipes, para as faixas “Nem Um Pouquinho” e “Tocar Você”, e os fãs apontam até hoje que os projetos não receberam o devido valor e números.

“Eu me sinto um pouco triste porque eu amo fazer clipe. Pra mim é uma alegria ver a história sendo contada. É uma camada que acho que fica tangível aos olhos de quem vê. Quando você escuta uma música, você só sente a música. Quando você vê o negócio se materializando, dá pra entender um pouco da história. Mas eu também sinto que é muito um ciclo natural das coisas. Eu nasci na década de 80, então eu vi o Orkut nascer, ter seu auge, e morrer. O MSN, o Facebook… Então eu acho que é o que vai acabar acontecendo com outras mídias, sabe? É natural as coisas irem se substituindo. A gente tem que observar e ir fazendo de uma maneira com que as pessoas não percam o interesse no audiovisual, que é maravilhoso”, contou DUDA BEAT em recente entrevista ao POPline.

Quem introduz um viés mais positivo e esperançoso à questão é Gaby Amarantos, que trata um videoclipe como um “legado”. Apesar de considerar e compreender o posicionamento de Pabllo, DUDA e também Urias – outro exemplo de artista que já se pronunciou sobre o assunto. Para Gaby, o que vale mesmo é olhar pra trás e ver que entregou obras coesas, que tocaram o público e que enriqueceram sua videografia e a sua própria carreira.

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Mais sobre o painel “Nova Era Dos Videoclipes e Diálogos Sobre Consumo no YouTube”

A palestra que trata o tema em questão está marcada para o dia 7 de junho, uma sexta-feira, às 10h. Quem tomará a frente da moderação do painel é a jornalista Láisa Naiane, um dos talentos por trás do POPline.BIZ é Mundo da Música e indicada duas vezes (em 2022 e 2023) como “Melhor Jornalista Musical” no WME Awards.

Ela estará acompanhada de Sandra Jimenez, Head de Música (LatAm) no YouTube, que poderá dar uma visão de dentro do que se passa no modelo de negócios da plataforma, hoje.

“Dos grandes investimentos aos formatos mais minimalistas. Das telas maiores aos celulares e formatos verticais. Se o mercado do audiovisual mudou, os videoclipes acompanharam o ritmo e apresentam formatos cada vez mais múltiplos. Pensando sobre a mudança nesse cenário, surgimento de novos profissionais no setor e formatos de consumo, esse painel dialogará sobre os bastidores do audiovisual, sobretudo, no universo dos clipes e dos conteúdos em vídeo como estratégia para impulsionar uma música ou carreira artística no mercado musical”, descreve a produção da Rio2C a respeito do painel.

Programação Rio2C 2024

Na programação de painéis estão nomes do setor audiovisual como o roteirista e produtor israelense-americano Ron Leshem, criador das séries “Euphoria”, “Valley of Tears” e “No man’s land” e do filme “Beaufort”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro; o criador e produtor executivo nigeriano Editi Effiong, à frente dos filmes “The Black Book”, “Up North” e “Day of Destiny”; a produtora e estrategista em impacto social brasileira-americana Sandra Buffington, conhecida pelos documentários “#Shout” e “Brainwashed: Sex-Camera-Power”, e Carlos Saldanha, animador, diretor, roteirista e produtor, que dirigiu grandes sucessos como “A Era do Gelo”, “Rio” e “O Touro Ferdinando”, e em 2023 lançou a live action “How to be a carioca”.

Na área da música, um dos keynotes é Annabella Coldrick, CEO do Music Managers Forum, a maior organização global de empresários musicais, contando com mais de 2.700 membros, entre eles representantes dos maiores artistas, compositores e produtores da atualidade, assim como os cantores Ney Matogrosso e Jão.

Foto: Divulgação / Rio2C

Na área de marcas e propaganda, estão confirmados Eduardo Tracanella, CMO do Itaú; Renata Gomide, VP do Grupo Boticário, e João Branco, eleito profissional de marketing do ano em 2021, CMO do McDonald’s por oito anos e autor do livro “D[ê] Propósito”. Jaqueline Weigel,  futurista global e estrategista em Foresight e Futures Studies e única brasileira certificada na área pelo Center of Future Intelligence and Research, também estará no Rio2C 2024.

Representando os esportes, Cristiane Kajiwara, presidente da CBFA, Confederação Brasileira de Futebol Americano; Gustavo Herbetta, CMO do COB, e Fernando Scherer, empresário, palestrante, mentor de saúde mental e performance, também estão confirmados, assim como os influenciadores digitais Jojo Todynho, Casimiro (CazéTV) e BlogueirinhaA lista será atualizada periodicamente no site do Rio2C 2024.

Ingressos

Os ingressos para o Rio2C já estão à venda. Há opções de entrada para um único dia do evento, o Day Pass, como também em caráter de passaporte para mais de um dia dentro das categorias Festivalia, Industry e Creator. Os valores variam entre R$ 50,00 e R$ 1100,00 no primeiro lote.

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