Urias deve levar sua autenticidade artística para um dos palcos do Festival Primavera Sound, que acontece em novembro, em São Paulo. A artista foi escalada para o Primavera Na Cidade, um esquenta para o evento, com artistas que compõem a nata da música brasileira contemporânea.
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Além dela, nomes como Liniker, FBC, Juçara Marçal, Jup do Bairro e muitos outros estão confirmados na programação, que será dividida em três palcos (Áudio Club, Cine Jóia e no Centro de Convenções do Anhembi), entre os dias 31 de outubro e 4 de novembro.
No final de semana dos dias 5 e 6 de novembro, o Distrito Anhembi receberá atrações internacionais, como Arctic Monkeys, Björk, Travis Scott, Lorde, Charli XCX, além de estrelas brasileiras como Gal Costa, Badsista, MC Dricka e muito mais.
Em entrevista ao POPline, Urias tentou fazer um balanço de sua carreira e comentou a visibilidade proporcionada por grandes festivais, como o Primavera Sound. A artista também falou do lançamento da segunda parte de seu álbum “Her Mind“, que pode acontecer antes do festival, e revelou quais shows está ansiosa para assistir durante o evento.
1. Qual a importância desse tipo de evento para artistas como você? Estar neste line-up permite algum tipo de balanço da sua carreira, ainda mais quando você olha para os nomes selecionados (Liniker, Juçara, Jup) ? Como você faz esse balanço considerando que há um ano você ainda não tinha lançado os seus últimos dois projetos?
As coisas estão acontecendo tão rápido. As vezes eu fico perdida dentro de mim mesma. Não sei te explicar, mas é muito louco. Eu jamais imaginei essas coisas acontecendo na minha vida. Sabe, eu sonhava, mas o desenrolar das coisas e como tudo se encaixa. Parece que as coisas que você passou se encaixam muito no que você está passando agora. Ainda estou processando.
Considerando que o Primavera é um festival muito grande, o que você está preparando? Você pretende levar a turnê Her Mind para o festival ou você pensa em algumas alterações e um show especial para a ocasião?
Os meus planos são de lançar a segunda parte desse álbum, o Her Mind, antes do Primavera para poder fazer um show diferente, com um teor de novidade também, sabe? Esses são os meus planos, mas eu pretendo me entregar completamente no show do festival. Quero fazer um show novo, só para o Primavera. Quem for ver o show do Primavera, vai ver só lá.
Seriam dois EPs do Her Mind nesse ano e outro no ano que vem?
Sim, exatamente. Considerando os meus planos…
Você está escalada para o Primavera na Cidade e acho que o Her Mind tem a cara da cena underground de São Paulo. Como a urbanidade e a vida em São Paulo está influenciando a sonoridade do que você está fazendo agora?
Olha, a minha vida em São Paulo foi – eu já dando ela como morta – foi bastante breve, porque eu não saio mais de casa (risos). Eu tento muito entender o que as minhas estão passando, como as meninas do meu recorte estão se comunicando entre a gente. Como a gente está mandando os sinais para fora do nosso recorde, sinais inteligentes e nada premeditados. Acho que é isso o que tem me inspirado nesse ‘Her Mind‘. É muito sobre deixar de falar um pouco sobre corpo e falar sobre mente, mulheridade no lugar da mente.
Uma das premissas do festival é a equidade de gênero. A gente sabe que existem festivais que só escalam artistas masculinos, que investem no marketing pro-LGBT, mas não contratam artistas da sigla para o line-up. Como você enxerga esse tipo de iniciativa e o que você acha que precisa mudar na indústria para que artistas LGBTs tenham mais espaço em grandes eventos?
Eu acho uma iniciativa legal. Acho que quando a gente fala de equidade e de equiparar os gêneros é muito louco porque existe muito tempo de déficit, de debito, de vantagem [do outro]. Então, é uma coisa que não vai ser agora. É uma iniciativa boa, pode soar até uma mensagem de menos imposição, sabe? Porque as vezes as pessoas escutam algumas palavras e ficam assustadas, entendeu? Até a palavra “gênero”, por exemplo. Acho uma iniciativa muito considerável. Não é muito equivalente do que a gente…Mas é melhor também do que só nichar. Eu acho que, para a gente ganhar mais espaço, tem que retirar a gente desse nicho artista LGBT, porque, sim, sou LGBT e também sou artista. Para ganharmos mais espaço, é preciso sair deste nicho, dessa bolha. Porque quando as pessoas estão fora dessa bolha e relacionam a gente com “artistas LGBTs”, e elas não são LGBTs ou não tem nenhum contado com ninguém que seja, elas não querem ouvir porque elas entendem “não é para a gente”. E muitas também entendem “não quero me identificar”, entendeu? Acho que precisamos nos retirar desse nicho e passarmos a ser apenas artistas. Ser LGBT é apenas um detalhe. Eu nem sou LGBT, sou trans, né? Tem muita coisa ai dentro da sigla…
Você pode dar algum spoiler das próximas etapas do “Her Mind”?
A estética vai ser diferente, mas vai conversar muito com a primeira parte também, porque a segunda parte um pouco mais única. Quando juntar tudo, vocês vão entender. Na segunda parte vou trabalhar visuais diferentes dos visuais da primeira parte, vou trabalhar mais coreografias, vou trabalhar outros tipos de raízes minhas. Quando você é artista e você começa a entender que as pessoas estão interessadas em ouvir o que você está falando, você começa a buscar assim ‘o que eu posso falar agora’ e então vai surgindo muita coisa. Então, eu quero muito explorar eu mesma, dentro de mim…É uma loucura, menina, as vezes eu fico assim ‘quem sou eu?’
Quais outros artistas do line-up você quer ver no festival?
Arca e Björk são as que mais quero ver e ainda não vi. As minhas amigas do BR, acho que já vi o show de todas. Já foi no show da Liniker? Chique, chique, chique! Uma vibe meio Donna Summer, mas também muito Tina Turner, que ela comanda tudo com umas pernas grossonas.