Saiu nesta terça-feira (3) a aguardada lista de final de ano da Pitchfork com as 100 melhores músicas de 2024, de acordo com a publicação. O rapper americano Kendrick Lamar encabeça o ranking, que ainda traz nomes de peso como Beyoncé, SZA, Billie Eilish e Charli xcx. O Brasil, felizmente, também aparece na lista, na posição 71, representado pelo jovem artista d.silvestre, mas quem é esse produtor e funkeiro rondoniense? A gente te conta!
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O Brasil marcou presença no Top 100 de melhores músicas do ano da Pitchfork. Quem garantiu a nossa entrada no ranking foi o jovem artista de 20 anos de idade d.silvestre, ou Douglas Silvestre, com a faixa “Taka Fogo em Kiksilver”. Douglas é natural de Pimenta Bueno, cidade de Rondônia, radicado em São Paulo, e é um dos grandes destaques da cena funk mandelão e bruxaria, que explora sonoridades mais agressivas, com uso de tuin e distorções dos graves.
A música que figura na honrosa lista faz parte do álbum “O Inimigo Agora é Outro Vol. 2”, lançado por d.silvestre em março deste ano. A Pitchfork descreveu “Taka Fogo em Kiksilver”: “O instrumental consiste em kicks e congas impulsionados e logo depois destilados em camadas até formarem uma parede infernal de som.”
Entretanto, essa não foi a primeira vez que o “som infernal” de d.silvestre ganhou destaque em uma publicação internacional. No ano passado, ele já havia sido citado na revista nova-iorquina The Fader como um dos expoentes do funk “abrasivo” do Brasil. Na ocasião, a publicação descreveu o trabalho do brasileiro assim:
“Suas batidas não apenas ultrapassam os limites, mas elevam quase todos os níveis ao máximo, até que a voz humana e a máquina de ritmos se misturam em um banho sonoro de puro ruído áspero, como o grave que faz tremer o corpo ao sair de um carro com os subwoofers no volume máximo. D.Silvestre utiliza os MCs mais como instrumentos do que como vocalistas propriamente ditos, repetindo palavras individuais em loops para dar ênfase percussiva.”
Apesar da pouca idade, Silvestre já soma 6 álbuns lançados em um intervalo de dois anos. O primeiro, “A Magia Proibida”, chegou às plataformas de streaming em 2022 e conta 11 faixas no total e colaborações com MC Denadai, Vitinho Montagem e DJ Xavier da Zs.
Já seu trabalho mais recente, que leva seu nome no título, foi lançado em julho de 2024 e apresenta 10 faixas. Entre os parceiros desse trabalho estão MC PR, MC Renatinho Falcão, MC Zudo Boladão, Yuri Redicopa, MC 4R, MC LELE 011 e MC Vuk Vuk.
A trajetória de d.silvestre em 10 tópicos para você conhecer melhor este prodígio brasileiro!
Início precoce na música: Aos 16 anos, d.silvestre começou a tocar baixo e violão em bandas que exploravam gêneros como forró, sertanejo e piseiro, experiência que despertou seu interesse por novas linguagens musicais.
Influência da noite rondoniense: A vivência em festas e bailes de Rondônia moldou sua sensibilidade musical, conectando-o a ritmos periféricos como piseiro e funk e inspirando sua criatividade.
Primeiras produções musicais: Aos 18 anos, iniciou a discotecagem e começou a produzir faixas de funk, que inicialmente tinham recepção limitada devido ao experimentalismo.
Encontro com o mandelão: Foi influenciado pelo estilo cru e original do mandelão, apresentado por seu parceiro Pretinho da Meiota, que decidiu mudar-se para São Paulo.
Mudança para São Paulo: Em 2024, d.silvestre se mudou para a cidade, ampliando suas referências musicais e sentindo-se confortável para incluir suas produções autorais nos sets.
Lançamento do álbum autointitulado: Lançado em julho de 2024, o disco marca um “marco zero” em sua carreira, consolidando seu som como autêntico e experimental.
Produções inventivas: Suas faixas, como “Mal Criado” e “Bolhas Makiavélicas”, exploram elementos únicos, misturando risadas de palhaços, distorções, glitch e graves intensos.
Influências diversas: Sua playlist de influências inclui artistas de estilos variados, como Tyler, The Creator, MC IG, Kanye West, Black Eyed Peas e Oasis, além de novas inspirações do house.
Crítica ao brazilian phonk: d.silvestre se posicionou a respeito da tentativa de apropriação do funk brasileiro por DJs estrangeiros e reforça a importância de preservar a autenticidade do gênero.
Reconhecimento internacional: Tornou-se referência no funk mandelão, sendo citado por veículos como The Fader e Pitchfork, e abriu portas para a cena brasileira no exterior.