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Opinião: Distribuição digital e marketing – Convidada: Cris Falcão

Artigo de opinião assinado por Marina Mattoso, para o POPline.Biz é Mundo da Música

Marina Mattoso, Colunista POPline.Biz é Mundo da Música
Foto: Marina Mattoso/Rogerio Von Kruger

O ano é 1995, a gravadora disse que seu disco está pronto para ser lançado e chegar nas lojas em duas semanas. Em paralelo, uma equipe se comunica de loja para loja, tentando explicar para FNAC, Saraiva, etc. por que eles devem dar destaque ao seu disco na loja:

“Prezada loja FNA… não. Loja FNA…, não. Finaque…” (me perdi no meme, gente, desculpa)

Voltando:
“Prezada FNAC,

aqui quem fala é o distribuidor de discos físicos. Escrevo para falar que o artista X está lançando seu novo disco, XPTO, repleto de músicas inéditas inclusive uma delas será trilha para Novela das 9. O artista tem interesse em fazer uma sessão de autógrafos na sua loja e também falará em todas as entrevistas que o disco está a venda em todas as FNAC’s do Brasil. Se vocês quiserem, podemos distribuir só pra vocês. Em contrapartida vocês nos dão o encarte de entrada da loja para divulgar o disco novo e também deixam o disco na sessão que abre a loja.

Aguardo vocês”.

Na era digital a mesma coisa acontece! Os distribuidores digitais são responsáveis pela logística de enviar seu fonograma, seja ele um single, EP ou álbum, para as plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Amazon Music, etc.).

Você e sua distribuidora devem montar um pitching (texto que venda seu produto, assim como o distribuidor físico fez acima) juntos de forma que fique atrativo, interessante, venda bem o seu trabalho sem ser cansativo. Desta forma, seu trabalho terá mais chances de aparecer nos destaques da plataforma.

Mas atenção: entrar ou não em playlists não define a qualidade da sua distribuidora. Ela pode fazer o melhor trabalho do mundo e mesmo assim o editor (antigo dono da loja) pode achar que não faz sentido destacar seu trabalho.

Eu acredito profundamente na criação de relações profundas com os parceiros de trabalho. Desta forma eles passam a te conhecer mais a fundo e a terem mais propriedade para falar do seu trabalho. Para mim, quando um artista procura a Jangada para trabalhar, eu sempre priorizo distribuidoras que têm um bom nível de atendimento aos artistas. É o que mais faz diferença para mim.

A distribuidora digital também fica responsável pelo monitoramento de novas oportunidades nas plataformas, como projetos para novos artistas, ações de promoção de catálogo de artistas de determinado recorte, ações de takeover de playlists editoriais (quando um artista assume a curadoria de uma playlist oficial da plataforma).

Entenda os diferentes tipos de playlists existentes nas plataformas de streaming 

Vamos às três perguntas para Cris Falcão? A Cris é uma profissional que admiro demais já tem tempo e hoje é da Ingrooves Brasil, distribuidora parceira da Jangada.

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Cris Falcão, Managing Director da Ingrooves Brazil | Foto: Divulgação

MM – Cris, na sua opinião, qual é o ponto mais importante que um artista deve considerar na hora de escolher sua distribuidora digital?
“Primeiro entender o modelo de negócios de cada distribuidora (auto atendimento X Rev Share) e qual deles faz sentido para o momento do artista, depois disso analisar os contratos, ferramentas disponíveis, bases de pagamento (%) ou seja, tem que estudar, pesquisar, perguntar e escolher o que mais tem sinergia com o artista/projeto”.

MM – Uma boa prática na hora de planejar seu pitching?
“Entender que cada plataforma tem seu modus operandis e todas tem relevância e importância para ajudar o projeto a atingir o alcance desejado, em outras palavras não pensar no pitching apenas na plataforma de maior alcance. Por fim, menos é mais, em tempos de cauda infinita de lançamentos, promover o projeto de forma simples e consistente vale mais a pena”.

Leia mais:

MM – Como o artista pode colaborar ao máximo com a distribuidora pra que sua chance de êxito na hora do lançamento seja a maior possível?
“Trabalhar com menos ansiedade ajuda muito, prazo e planejamento são fundamentais, lembrar que da mesma forma que o processo de criação e produção do conteúdo exige tempo, o lançamento nas plataformas via distribuidora também, além disso se preocupar menos com destaques e mais com estratégias pré e pós lançamento, são raros os casos que uma música acontece/estoura no lançamento, o pós é tão importante quanto o pré”.

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Marina Mattoso atualmente CEO da Jangada Comunicação, agência focada em Planejamento Estratégico e Marketing de Conteúdo que tem “a bordo” artistas como: Gilberto Gil, Adriana Calcanhotto, Maria Rita, Claudia Leitte, Kell Smith, entre outros. Marina também é coordenada do curso Marketing Digital para Artistas, do Music Rio Academy.