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(Opinião) 1 ano, R$ 130 milhões transacionados: o que aprendi sobre o mercado da música

Artigo de opinião assinado por Igor Bonatto, colunista do POPline.Biz é Mundo da Música

Foto: Unsplash

Pra mim, 2022 foi uma loucura:
  • minha empresa quase quebrou
  • mudamos nosso público-alvo aos 49 do segundo tempo
  • e acabamos transacionando mais de R$ 130 milhões (!)
Essa montanha-russa me ensinou muita coisa não apenas como empreendedor, mas também sobre o mercado da música.A empresa em questão é noodle, a plataforma financeira da indústria criativa.

Construímos o negócio pensando nos artistas. Mas as coisas não estavam indo bem.

Então, na metade do ano passado, abrimos os olhos para alguns detalhes que nos fizeram mudar o foco para as empresas que estão por trás do artistas.

E foi a melhor decisão!

Além dos resultados alcançados, percorrer por estes dois universos me deu uma perspectiva única sobre o mercado.

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E foi assim que cheguei em 6 conclusões sobre como vejo a indústria nos próximos anos:

1) Não existirá uma indústria totalmente descentralizada

O espaço entre o artista e seu público é ocupado por muitos intermediários. Cada um comendo uma fatia do bolo. O excesso de camadas tem seus dias contados.

Porém, uma indústria totalmente descentralizada (escuto isso desde 2016) não existirá.

Artistas precisam ser artistas. E para que façam seu melhor, é importante que existam empresas que façam o resto.

2) Os artistas estão de olho

A falta de transparência que assola o mercado é colocada em cheque. Cada vez mais os artistas estão atentos aos números.

O problema ainda é cultural, mas a tecnologia já está aí para acelerar uma transformação positiva.

3)  O aumento da profissionalização

Com as empresas entendendo a importância do seu papel e artistas mais atentos, o mercado busca se profissionalizar. Ninguém quer ficar para trás e toda a indústria ganha com isso.

A organização que era exclusiva de alguns gêneros (sertanejo, por exemplo) vem se alastrando por todo o mercado.

Quem não acompanhar, dança.

4) Compra de catálogos desacelera

Juros altos dificultam acesso à capital e criam aversão a risco. Em um país como o nosso, em que a renda fixa rende 10, 12, 15% ou mais, investidores optam por ativos mais conhecidos.

Para aumentar a rentabilidade do catálogo, a gestão deverá ser mais ativa e/ou derrubar o preço da compra.

5) Concentração de mercado

As grandes empresas saem às compras na tentativa de recuperar market share. Veremos mais fusões e aquisições Brasil e mundo afora. Empresas médias, com menos experiência de M&A, seguirão na oferta de adiantamentos mais agressivos.

6)  Alguém ainda fala de NFT?

A web3 ainda não se provou necessária e nem ganhou adoção massiva de quem realmente importa (enquanto indústria). Após uma sucessão de escândalos e colapsos no mundo cripto, o mercado esfria.

A onda da vez é AI.

Minhas conclusões são reflexo tanto do amadurecimento da indústria, como do momento de mundo.

Honestamente, vejo com bons olhos: um mercado mais focado, que seguirá crescendo e se organizando para as novas realidades que parecem surgir todo ano.

Como sempre: quem se adapta mais rápido, vence.

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Igor Bonatto (@igorbonatto) é fundador da noodle (noodle.cx), o primeiro banco digital para artistas e empresas musicais. Antes, Igor fundou a produtora audiovisual Claraluz Filmes, a agência de inovação criativa THT, dirigiu e produziu filmes publicitários, videoclipes, curtas e longas.