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Nature investiga como a música no trabalho pode contribuir para o pesquisador

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A Nature publicou uma pesquisa publicada que mostra como a música durante o horário de trabalho pode ajudar pesquisadores. O artigo diz que quando se trata de acesso à música, esta é uma época de ouro. 

Um indivíduo levaria até o século XXI para ouvir os cerca de 100 milhões de músicas atualmente disponíveis no serviço de streaming Spotify.

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“Você tem uma armada de música à sua disposição o tempo todo”, diz Manuel Gonzalez, psicólogo organizacional da Seton Hall University em South Orange, Nova Jersey. 

O documento aponta que há também um número aparentemente infinito de listas de reprodução selecionadas para se adequar ao humor ou atividade de um ouvinte, alegando ajudar a melhorar o desempenho do condicionamento físico, acalmar a mente ou aumentar a produtividade. 

O artigo cita que, por exemplo, o stream do YouTube “Lofi hip hop radio — beats to relax/study to” tem quase 12 milhões de assinantes. Muitos cientistas ouvem música enquanto realizam experimentos, analisam dados e até escrevem manuscritos. Mas a música realmente aumenta a produtividade no local de trabalho?

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Impactos complexos

“Todo mundo é diferente. Cada música é diferente. Cada ambiente em que você está ouvindo é diferente”, diz Daniel Levitin, músico e neurocientista da McGill University, em Montreal, Canadá, que estuda como a música afeta a cognição e a percepção. 

Daniel Levitin, músico e neurocientista da McGill University. Foto: Divulgação

Segundo Daniel Levitin, os efeitos da música variam dependendo de onde a pessoa está, hora do dia, humor, interações recentes e muitos outros fatores. 

“Você nunca é exatamente a mesma pessoa quando ouve a música novamente”, diz Levitin, que trabalhou como consultor musical e engenheiro de gravação para vários artistas, incluindo Steely Dan, Stevie Wonder, Grateful Dead e Santana.

Apesar dessas nuances, os cientistas identificaram como a música afeta o sistema nervoso humano, envolvendo todas as regiões mapeadas do cérebro. A pesquisa diz que quando uma música toca, as ondas sonoras chegam ao ouvido, onde as vibrações são traduzidas em sinais elétricos. 

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Ainda de acordo com a pesquisa, estes são processados ​​primeiro no tronco cerebral, o que pode provocar um reflexo de sobressalto e uma liberação de adrenalina. Componentes, incluindo sonoridade, tom, ritmo, andamento e timbre, são analisados ​​separadamente por circuitos no córtex auditivo e circuitos de predição no córtex pré-frontal. 

“Então tudo se junta cerca de 40 milissegundos depois, e você apenas ouve a música. Esses 40 milissegundos são uma vida inteira em cronometria cerebral”, diz Levitin.

Enquanto isso acontece, na pesquisa, regiões do cérebro envolvidas no sistema motor, incluindo os gânglios da base e o cerebelo, processam o ritmo, muitas vezes resultando no movimento de partes do corpo à medida que os neurônios disparam em sincronia com ele.

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 “O som chega pelo sentido auditivo, mas se manifesta em todo o corpo – a cabeça, o tronco, os braços e as pernas, todos querem se mover com a música”, diz Levitin.

Para Levitin, ouvir música libera vários neuroquímicos, incluindo a dopamina, que ajuda as pessoas a prestar atenção e as motiva a buscar atividades prazerosas, e os opiáceos, que transmitem prazer. 

De acordo com Levitin, a oxitocina, um hormônio que pode ajudar no vínculo social, geralmente é liberada quando as pessoas cantam ou ouvem música com outras pessoas. E música triste foi sugerida para liberar prolactina, um hormônio calmante. Tudo isso se traduz em como as pessoas se sentem e atuam no local de trabalho.

Moduladores de humor

“Muitas pessoas ouvem música para regular seu humor”, diz Karen Landay, violinista de formação clássica e pesquisadora de administração da Universidade de Missouri-Kansas City

Karen Landay, violinista de formação clássica e pesquisadora de administração da Universidade de Missouri-Kansas City.  Foto: Reprodução/LinkedIn

Em 2022, Andrea Caputo, pianista e estudante de doutorado em psicologia organizacional que pesquisava os efeitos da música na Universidade de Torino, na Itália, entrevistou 244 trabalhadores para avaliar como ouvir música para diferentes propósitos afetou sua percepção de satisfação e desempenho no trabalho. 

Na pesquisa, Caputo e seus colegas perguntaram aos trabalhadores se eles ouviam música para regular suas emoções, como ruído de fundo ou para analisar os aspectos técnicos das canções.

“O uso emocional da música está positivamente relacionado à satisfação no trabalho”, diz Caputo, que acrescenta que os trabalhadores relataram pontuações mais altas de desempenho e satisfação no trabalho quando usaram a música para regular seu humor no trabalho.

No entanto, Caputo afirma que este não foi o caso dos trabalhadores que ouviram música como ruído de fundo ou para analisá-la, de acordo com o estudo.

A pesquisa ainda afirma que ouvir música pode ajudar os cientistas a realizar tarefas simples, uma vez que envolvem o cérebro de uma forma que concentra a atenção. 

“A música pode até servir como uma maneira não apenas de torná-lo mais produtivo, mas também de aliviar algumas das emoções desagradáveis ​​que podem acontecer enquanto você realiza tarefas rotineiras”, diz Gonzalez

No entanto, ainda é dito que para tarefas complexas que exigem muita reflexão, como debater ideias ou escrever artigos, ouvir qualquer tipo de música – independentemente da letra, volume ou complexidade – pode prejudicar o desempenho, aponta Gonzalez.

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De acordo com Kathleen Keeler, psicóloga organizacional da Ohio State University em Columbus, a música também pode afetar a amplitude da atenção de alguém por meio de seus efeitos emocionais, o estudo mostra os prós e contras de ouvir música no trabalho.

Por exemplo, Kathleen Keeler afirma que ouvir músicas complexas em tons menores ativa regiões do cérebro que aumentam a liberação de hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, que provocam emoções negativas. A pesquisa ainda mostra que humores negativos são mais propensos a restringir o alcance da atenção de uma pessoa, acrescenta ela, ao aumentar o controle inibitório, a capacidade de se concentrar em um objetivo específico e evitar distrações.

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Por outro lado, Keeler revela que canções simples em tons maiores podem, por meio da liberação de dopamina, induzir emoções positivas que melhoram a memória de trabalho, o que amplia a atenção. 

“É mais provável que você incorpore recursos adicionais do seu ambiente à sua consciência e use essas informações para gerar novas ideias”, diz Kathleen Keeler.

No entanto, a capacidade de escolher que música ouvir e quando também é muito importante.

“Teoricamente, a música em tom maior deveria aumentar seu efeito positivo, mas pode não ser, porque não é o que você precisa ou deseja naquele momento”, diz Keeler. 

“Como consequência, você fica mais esgotado e cansado no final do dia, porque está gastando muitos recursos e energia mental tentando bloquear aquela música e controlar suas emoções”, completa Kathleen Keeler.

Mindfulness musical

Ainda de acordo com o Nature, as preferências pessoais significam que é difícil fazer recomendações específicas sobre como os pesquisadores podem incorporar melhor a música em seu dia de trabalho. No entanto, há algumas considerações gerais a serem lembradas ao usar música no ambiente de pesquisa.

“Guarde a música para quando for importante”, diz Gonzalez, observando que ouvir música é essencialmente multitarefa porque requer recursos regulatórios e cognitivos, que se esgotam com o tempo. 

Gonzalez revela que ouve heavy metal ao fazer análises de dados de rotina, mas geralmente não ao preparar tarefas que exigem muito esforço mental, como preparar palestras.

Levitin, sugere ouvir música durante os intervalos, para “apertar o botão de reset em seu cérebro”. Isso porque, segundo o documento, a música ativa a rede de modo padrão, uma rede de áreas do cérebro que fica mais ativa quando a pessoa não está prestando atenção ou se concentrando em alguma tarefa específica. 

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O documento aponta que quando a rede de modo padrão é ativada, o cérebro está em um estado de devaneio, que é necessário para sair do ‘modo executivo central’ usado para resolução de problemas. Além disso, auxilia na tomada de decisões e comportamentos orientados para objetivos.

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