O ator Fabio Porchat se manifestou sobre a polêmica criada em torno do filme “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, no qual interpreta um homem pedófilo. O filme vem sendo criticado por membros do governo Bolsonaro por suposta “apologia à pedofilia”. Porchat, no entanto, afirma que este não é o caso.
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Leia o depoimento do ator enviado ao jornal O Globo:
“Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas…
O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim.
Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme ‘Pecados Íntimos’. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade.
Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional ‘Cidade de Deus’? Ou tráfico de crianças em ‘Central do Brasil’? Ou a hipocrisia humana em ‘O Auto da Compadecida’. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha”.
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Entenda a polêmica!
“Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola” é um filme de 2017 e, na época de sua estreia, já causou polêmica. Vendido como “politicamente incorreto”, a comédia custou até o emprego de um jornalista. Diego Bargas foi demitido da Folha de S. Paulo após publicar uma crítica afirmando que a “a comédia juvenil ri de bullying e pedofilia”.
Gentili, na ocasião, havia promovido um massacre virtual ao jornalista, chamando-o de “militante político” e “torcedor do PT”. Defensores do “politicamente incorreto”, na época, ficaram do lado de Gentili. O político e pastor Marco Feliciano fez questão de postar uma foto ao lado do cartaz do filme. Os entusiastas da obra defendiam a liberdade de expressão (não do jornalista).
No último fim de semana, no entanto, houve uma reviravolta. Líderes bolsonaristas “descobriram” o filme, disponível na Netflix. Uma cena em questão, em que o personagem de Fabio Porchat incita dois menores de idade a masturbá-lo, viralizou e causou controvérsia.
O Ministro da Justiça Anderson Torres falou que viu “detalhes asquerosos” na comédia e prometeu tomar medidas cabíveis. O Secretário de Cultura Mário Frias, por sua vez, escreveu que “a explícita apologia ao abuso sexual infantil protagonizada pelo Fábio Porchat no filme em cartaz na Netflix é uma afronta às famílias e às nossas crianças”.
Pressionado por fiéis, Marco Feliciano apagou o post de 2017 com a foto e disse que não se lembra da cena. “Confesso que não me recordo da cena que faz apologia à pedofilia. Devo ter saído para atender telefone. Se tivesse visto, faria o que sempre fiz com outros filmes: teria denunciado. Ainda dá tempo, tomando providências”, twittou. Ué?