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Coluna do Leonardo Torres: Música pop volta a ser pop… e popular: entenda a retomada do gênero após um ano de império hip-hop


A mais recente atualização da Billboard Hot 100, a parada de singles americana, não nega: o pop voltou a ser pop. 60% do Top 10 é ocupado pelo estilo musical que te trouxe aqui ao site: Shawn Mendes (“If I Can’t Have You”), Taylor Swift (“ME!”), Ariana Grande (“7 Rings”), Jonas Brothers (“Sucker”), Halsey (“Without Me”) e Billie Eilish (“Bad Guy”). O terreno está sendo preparado: 2019 tem tudo para ser o melhor ano do segmento em muito tempo. Taylor Swift e Madonna estão de volta simultaneamente, o que já faz deste nosso outono uma estação muito especial. São respectivamente a maior vendedora de álbuns dos Estados Unidos e a artista viva mais culturalmente impactante do mundo.

2018 foi o ano do rap e do hip-hop, liderado por Drake, Cardi B, Travis Scott, Post Malone, entre outros. Drake, na verdade, praticamente monopolizou as paradas, emplacando single atrás de single em 1º lugar e permanecendo no topo das listas por meses. Eu não disse semanas, eu disse meses. A Billboard chegou a falar que a música pop estava passando por uma crise de identidade – o que foi refletido no Grammy, com o ano mais fraco, esquisito e aleatório da categoria “melhor performance pop solo”. “Como gênero, o pop nunca foi um conceito estático. Mudou de era para era, dependendo do que presidia no centro do mainstream. (…) ‘Better Now’ do Post Malone está comunicando: o hip-hop é pop agora, com indícios evidentes no rap melódico de Drake, nos refrões titânicos de Cardi B e no envolvimento de Kendrick Lamar com um filme blockbuster de bilheteria. Afinal, por definição, ‘pop’ ainda significa apenas ‘popular'”, decretou o veículo.

A Billboard só esqueceu que, para toda ação, há uma reação. Para a reforma do pop, houve a contra-reforma, ainda na virada do ano. Ariana Grande entregou “thank u, next” ao mundo e passou a virada para 2019 no topo das paradas. Foram sete semanas seguidas liderando a Hot 100. “thank u, next” é o pop em sua perfeição: melodia viciante, refrão fácil, música chiclete somada a um clipe divertido, cheio de referências da cultura… pop. Abriu o caminho para a ressurreição e o cenário atual. O hip-hop ainda é superpopular na parada de singles (“Old Town Road” lidera a Hot 100 há seis semanas), mas o pop voltou a ser pop. Genuinamente.

O panorama é maravilhoso. Shawn Mendes lançou recentemente uma música nova, “If I Can’t Have You”, que fez a melhor estreia de sua carreira nas paradas. É muito pop. Tão pop que ele pensou em entregá-la para Dua Lipa (que prepara seu segundo álbum). Não é pop de um jeito pop/rock à la John Mayer. É pop do tipo “poderia ser do Justin Bieber” – que, aliás, está quebrando seu hiato em um single junto com Ed Sheeran (“I Don’t Care”) e reivindicando a coroa de príncipe. Nada aquece mais o mercado pop do que uma disputa por coroas. Justin Bieber e Ed Sheeran juntos é praticamente uma garantia de hit. Paradas refletem a aceitação e popularidade das músicas – são fundamentais para a música pop e serão essenciais para a retomada do segmento. Desculpe-me a franqueza, mas você não é um popstar se não está nas paradas (ou se já não esteve por lá). “I Don’t Care” está prevista para estrear direto em 2º lugar na parada dos Estados Unidos.

Com Ariana Grande, Taylor Swift, Madonna, Justin Bieber e a novidade Billie Eilish, o estilo musical já se sustentaria com força. Mas há tanto mais por vir. Selena Gomez confirmou seu álbum para 2019. Demi Lovato acaba de assinar contrato com Scooter Braun, empresário de Ariana e Justin, o que é muito promissor. Camila Cabello trabalha em seu segundo álbum. Dua Lipa, também. Beyoncé já tem seu acampamento de compositores. Miley Cyrus dá sinais de retorno – desgarrado do country agora. E, entre tantas novidades, há Rihanna – a artista do novo milênio que mais músicas colocou no Top 10 e no topo da Billboard. Riri tem 14 singles nº1, pouco menos que os 18 de Mariah Carey.

É notório que Rihanna é o lançamento mais aguardado deste ano. Misturando estilos, a cantora tem o poder de agradar um público massivo e é peça fundamental para restabelecer a música pop como força dominante nas rádios. Tempos atrás, o DJ Alesso vazou a informação de que ela queria fazer um disco dançante. Talvez seja justamente o que o mundo precise, depois do “ANTI” e após a decadência do pop como estilo sonoro. Seu lançamento, com certeza, será um evento. Como boa popstar, Rihanna sempre arma uma maneira incrível para iniciar suas novas eras. É disso que o povo gosta.

Críticos da Billboard definiram, no ano passado, que as cinco maiores popstars contemporâneas são Adele, Ariana Grande, Beyoncé, Rihanna e Taylor Swift. Até Adele, que está reclusa desde o fim de sua turnê em 2017, tem dado indícios de um álbum novo para este ano. Todas as outras prometem passar 2019 em atividade. É o “squad” que precisávamos para o pop ter relevância novamente.