MC Tha sentiu na pele o peso que pode ter ser uma artista independente, se doar por inteiro para entregar um projeto de excelência com poucos recursos e, ainda assim, não receber o devido reconhecimento… É contra o que a artista protestou nesta quarta-feira (10), ao descobrir que duas canções de Alcione – que ela regravou recentemente – serão interpretadas por outras duas cantoras em uma homenagem durante a 30ª edição do Prêmio da Música Brasileira.
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A artista tomou conhecimento do assunto através de uma publicação no Instagram do POPline e externou sua indignação. Sua causa reiterada por vários internautas que reforçaram um suposto “descaso” da curadoria do Prêmio da Música Brasileira em relação ao trabalho da artista.
No post em questão, que foi ao ar na manhã dessa quarta (10), o POPline anunciou, com exclusividade, que Marina Sena e Luedji Luna farão uma performance juntas no Prêmio. Assim como Gloria Groove e Maria Bethânia e vários outros artistas, elas irão celebrar os 50 anos de carreira de Alcione, na cerimônia que acontece no próximo dia 31 de maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
O ponto é que Marina e Luedji irão interpretar “Afreketê” (1987) e “Figa de Guiné” (1972), canções da lendária “Marrom” que MC Tha regravou para o EP “Meu Santo É Forte”, de 2022.
O projeto, inclusive, é uma homenagem à Alcione, em sua totalidade. Além das duas músicas já citadas, Tha incluiu também “Agolonã” (1976), “São Jorge” (1990) e “Corpo Fechado” (2005). De acordo com Letz Spindola, manager de MC Tha, a artista resgatou músicas afro-religiosas de Alcione que, há um bom tempo, não eram revisitadas.
“O Prêmio da Música Brasileira vai homenagear a Alcione nos seus 50 anos de carreira chamando cantoras ótimas pra isso. Mas usando um repertório da Alcione que ninguém mais canta ou reproduz, além da MC Tha. Sei lá, às vezes o desânimo de trabalhar nesse mercado e não ser reconhecido, é demais”, escreveu Letz em um story replicado por Tha.
A voz de “Valente”, além de deixar um comentário no post do POPline, repostou a mesma com várias interrogações. Sua manager, porém, rasgou o verbo.
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Na sequência de stories publicados por Letz, fica bem claro que a curadoria do Prêmio sequer chegou a convidar MC Tha para uma performance em homenagem à Alcione.
“Tem hora que é muito f*da! Você tentar levantar uma grana na dureza, você fazer uma pesquisa, levantar arranjo, produção, vídeo, figurino, dinheiro, label, distribuidora, plataformas, YouTube, a p*rra toda. Fazer um trabalho e, na hora que existe a possibilidade desse trabalho ser reconhecido, porque é uma coisa tão óbvia. Não tem como negar”, declarou Letz, voltando a frisar o incômodo da escolha das músicas e a ausência de MC Tha.
“São músicas que eu acho que a Alcione nem canta mais, ou não canta tanto. Se fossem as mais românticas, beleza. Mas estamos falando de uma coisa tão específica, de um trabalho tão recente da MC Tha… e é isso, sabe? Nem sei o que dizer. Tem hora que dá vontade de desistir de tudo”, protestou a manager da artista.
No final do mesmo dia em que a situação veio à tona, MC Tha decidiu publicar um comunicado via Instagram. Ela reforçou que tanto Alcione quanto os compositores das músicas que serão apresentadas na cerimônia merecem ser celebrados, bem como Marina e Luedji têm o direito de se apropriar das canções. Porém, reiterou o descaso da direção do Prêmio com o seu trabalho.
“O Prêmio da Música Brasileira e nenhuma outra estrutura deveria esvaziar a minha pesquisa e subestimar o intelecto de uma mulher como eu que, sem patrocínio e sem papai, rala pra caramba pra colocar algo autêntico no mundo”, desabafou a artista.
Desde o início da tarde desta quarta (10), o POPline vem tentando contato com a assessoria do Prêmio da Música Brasileira para obter um posicionamento, no entanto, não obteve resposta até o fechamento desta matéria.