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MC Taya resgata narrativas e subverte gêneros em “Betty”, seu EP de estreia

Foto: Guilherme Sena (Divulgação)

MC Taya era vocalista de uma banda de rock quando conheceu Scarlett Wolf ainda na adolescência. Foi com a velha colega que a rapper de “Preta Patrícia” compôs a faixa de abertura do seu primeiro EP, “Betty“, lançado nesta segunda-feira (13). “Intelectual” é uma ode à inteligência feminina, uma tentativa de quebrar estereótipos e um aceno ao rap de mensagem com sample de “Prison Song”, do System of a Down. “Estou querendo virar o Don L de calcinha”, disse a artista durante coletiva de imprensa, em referência a reconhecida intelectualidade do rapper cearense. 

Foto: HerVolution (Divulgação)

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O gênero que marcou a juventude da nova estrela do rap pavimenta a originalidade sonora das cinco faixas do projeto, incluindo uma nova versão do single “Betty Boop“. Buscando o resgate de símbolos embranquecidos, como a personagem de desenho animado que dá nome ao disco, Taya não apenas evidencia a negritude que deu origem ao rock, como também a subverte ao promover uma fusão das guitarradas e dos acordes de baixo com o que há de mais transgressor na música urbana em 2023.

Reunindo nomes como MU540, DJ Dayeh, Apuke, JLZ, DJ Maxnosbeatz e outros promissores talentos da produção musical independente, Taya transita entre o trap e a bruxaria do funk paulistano como uma rockstar ou ainda uma jovem Deize Tigrona dos bailes de São Paulo.

Foto: Guilherme Sena (Divulgação)

Em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (10), MC Taya falou de suas referências roqueiras, Planet Hemp e Pitty, e sobre como decidiu inserir o gênero no EP:

“Eu sabia que eu queria ter essa minha sonoridade do rock. Eu gosto muito desse rock com rap, new metal, hardcore. Sempre gostei muito de Planet Hemp, eles são minha maior referência no rap. Queria muito trazer essa sonoridade que eu escutei desde criança, aquele baixo de ‘Mantenha o Respeito’. Eu queria escutar o baixo, então praticamente todas as músicas têm o baixo muito marcado. Eu sou muito fã de Pitty também desde muito nova e queria trazer isso”.

Foto: Guilherme Sena (Divulgação)

Sobre a mistura de elementos e gêneros musicais, ela refletiu:

“Sou uma mulher negra, vim da periferia, do funk e do rap. Como fazer com que as pessoas entendam que eu sou isso tudo, que eu converso com essas três línguas? Eu queria mostrar para as pessoas que eu sou essa confusão, mas ao mesmo tempo que é uma bagunça organizada. Eu vejo similaridade entre todas as sonoridades [presentes do EP]. A primeira vez que eu escutei um pedal duplo e depois escutei um tamborzão, pra mim, não teve diferença. É percussão igual, é música de preto igual (…) É essa agressividade que eu quero passar, esse grave. E eu queria fazer de uma forma homogênea, que as pessoas fossem assimilando. Mas ao mesmo tempo de uma forma nova, atual, que mostrasse inovação, que mostrasse uma cara nova para o mercado. Queria que a gente saísse desse lugar onde está o trap hoje e fosse para um lugar mais agressivo”.  

Ouça o EP “Betty”: 

Taya foi a primeira aposta do HERvolution, selo musical da KondZilla dedicado para artistas mulheres. Em 2019, ela lançou o single “Preta Patrícia” dando início a sua trajetória profissional na música. Antes disso, ela se formou em artes cênicas (indumentária) na Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalhou no mercado publicitário e ficou conhecida por produzir conteúdo nas redes sociais.

 

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