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Ludmilla no Coachella: Diretoras Criativas se posicionam sobre acusações de intolerância religiosa

Ludmilla no Coachella- Diretoras Criativas, Drica Lara e Nídia Aranha, se posicionam sobre acusações de intolerância religiosa. Foto: Steff Lima/Coachella/Divulgação

A cantora Ludmilla realizou neste domingo (21) a sua segunda apresentação no Coachella 2024. A brasileira, que também se apresentou no palco principal do festival, no último dia 14, virou alvo de polêmica nas redes sociais após uma mensagem exibida no telão do show ganhar a atenção de internautas. De imediato, a cantora foi acusada de intolerância religiosa e, já nesta segunda-feira (22), ela publicou um texto sobre sobre o ocorrido.

As Diretoras Criativas do espetáculo, Nídia Aranha e Drica Lara, emitiram um comunicado em conjunto rebatendo as acusações e explicando o conceito do show. De acordo com a equipe da artista, o áudio introdutório narrado por Erika Hilton, em inglês, abre o show apresentando-o como um espaço onde não se tolera quaisquer tipos de preconceito. 

Segundo a equipe de Ludmilla, “é fundamental entender que, durante a transmissão, houve interpretações distintas por conta de um frame em um vídeo projetado durante a música “Rainha da Favela”. E por conta deste frame, o tom de denúncia sobre as mazelas sociais idealizado pelas diretoras criativas Nídia Aranha e Drica Lara foi retirado de contexto.”

Fotos: Instagram/@ludmilla; Reprodução – YouTube/Coachella

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Confira o comunicado na íntegra das diretoras criativas que trabalharam com Ludmilla, sobre o caso:

Ludmilla chegou no Coachella, uma artista com apelo popular. Uma mulher preta, lésbica e da favela, que representa uma galera gigante que se identifica com cada passo dela. 

O show começa com uma mensagem bem explícita pelo fim de preconceitos e discursos de ódio na voz de uma das figuras políticas brasileiras mais emblemáticas da atualidade. É como se fosse um convite pra gente se autovalorizar e ser quem a gente é, sem se preocupar com o que os outros vão dizer, seja qual for nossa classe social, gênero, raça, religião ou origem. 

Origem da favela, a “Rainha da Favela”. O que significa ser rainha da favela, se não falar pela favela e abraçar esse contexto de maneira mais verdadeira possível? Quando a representamos a favela nos vídeos do show da Ludmilla, escolhemos trabalhar com uma mulher negra e de comunidade, que quer mostrar a rua e a periferia do jeito que são: lugares onde a violência e a injustiça social são rotina. As imagens de “Rainha da Favela” são uma denúncia para o que acontece nas comunidades do Brasil: pobreza, violência, abuso policial, racismo, lgbtfobia, crimes de ódio, intolerância, trabalho informal, pessoas em situação de rua e tantas outras. 

A ideia nunca foi maquiar essa realidade, mas mostrar de forma direta tanto as expressões socioculturais e o lazer desse contexto, mas também o sofrimento da favela, vítima da negligência histórica do Estado. Isso é vivido por muita gente, e é isso que uma artista como a Ana Julia Theodoro quer passar para outra artista como a Ludmilla. 

Sabemos que no mundo das redes sociais, com todo mundo rolando a tela, uma única imagem pode ser interpretada de mil maneiras, e muita gente viu nela intolerância religiosa. Mas a imagem não estava lá para glorificar nada, mas sim para mostrar a realidade. A intolerância religiosa contra as crenças de matriz africana é uma triste realidade em nosso país, assim como qualquer tipo de discriminação contra grupos marginalizados em uma nação com tantos problemas e questões. 

Mas como dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, trazemos aqui outras imagens do mesmo vídeo (avance até 1min e 45 seg), que infelizmente não chamaram tanta atenção quanto aquela que está em tantas manchetes hoje em dia. 

O antigo ditado Iorubá que diz “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje” é tão rico em significados quanto a vida mesma. Hoje, trazemos uma interpretação que nos agrada muito: as batalhas que travamos agora já têm raízes profundas no passado, e Exu está em cada uma dessas lutas desde muito antes até muito depois. Lutar pela democracia, pela arte, pela cultura, pelos direitos das minorias, pela igualdade, contra o racismo e em apoio às comunidades LGBT, entre outras questões, não é novidade para aqueles que reconhecem o pássaro que Exu derrubou no passado. 

No entanto, este espaço é constantemente disputado. Não há um dia de trégua, nenhum momento em que possamos descansar sem bandeiras brancas ou de paz. Aos que agora se unem nesta batalha contra a intolerância, nós os saudamos. 

Para aqueles que ofendemos com o vídeo, nossas mais sinceras desculpas. Mesmo que nossa intenção fosse denunciar discursos de ódio, sabemos que as pessoas são afetadas de maneiras diferentes. A essas pessoas, pedimos perdão. 

Aos que estão aqui apenas para atacar Ludmilla e sua arte com informações distorcidas e inflamadas… a mensagem por trás do figurino é clara: depois de tantos golpes, estamos blindados com coletes de ouro. 

Favela Chegou e a Preta venceu.” 

Ludmilla no Coachella: Drica Lara e Nídia Aranha assinam Direção Criativa. Foto: Stell Lima/Divulgação

Erika Hilton comenta acusações de intolerância religiosa à Ludmilla: “Tristeza e preocupação”

Na tarde desta segunda-feira (22), quem se pronunciou sobre o assunto foi a Deputada Federal Erika Hilton, que chegou a gravar um discurso para ir ao ar na abertura dos shows de Ludmilla no festival. “Mensagens como essa, sem nenhum contexto, podem criar mais danos à luta pela liberdade religiosa ao invés de ajudar a combater essa realidade de preconceito e violência contra pessoas de axé”, escreveu Erika.

Veja a declaração de Erika Hilton sobre o caso! Fotos: Twitter/@ErikakHilton; @Ludmilla

Após ter envolvimento nas duas apresentações da cantora no festival em Indio, na Califórnia, Estados Unidos, a Deputada foi pressionada nas redes sociais para que comentasse os últimos acontecimentos. Ao contrário do que muitos presumiram, Hilton apontou como erro a mensagem exibida no show de Ludmilla, mas não ‘condenou’ a colega.

“Não esperem que na caminhada de pessoas negras nós nos condenemos tão facilmente quanto quem condena pessoas da nossa cor por qualquer passo errado”, argumentou a Deputada, que disse que recebeu a notícia com tristeza e preocupação e exprimiu seu desejo de que Ludmilla reflita sobre o episódio e seus efeitos. Confira a declaração completa acessando aqui.

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