Com dois anos de ações sociais, o Instituto Alok, teve 214.950 pessoas beneficiadas diretamente e 117.240 pessoas indiretamente. Criado em 2020, pelo DJ e Produtor Musical Alok, o Instituto é voltado para o investimento social e atua em todas as regiões do Brasil privilegiando . A iniciativa também apoia ações na África e na Índia.
Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, Devam Bhaskar, Diretor Executivo do Instituto Alok, fala sobre a atuação e o balanço dos dois anos da iniciativa. Além disso, ele aponta as projeções da associação sem fins de lucro para o ano de 2023.
Leia Mais:
- Instituto Alok firma parceria para levar atendimento médico e odontológico gratuito no Rally dos Sertões
- Alok lança programa de apoio ao empreendedorismo na Feira Preta
- Alok e Free Fire doam 1 milhão de dólares para projetos sociais na Índia
Completando 2 anos com inúmeros resultados positivos, como você analisa o histórico da atuação do Instituto Alok? Quais os pilares foram priorizados durante esse período?
Devam Bhaskar: Alok e Romana ganharam dois filhos, Ravi e Raika, ambos em 2020. Alok costuma dizer que o Instituto é como um “terceiro filho” que chegou no mesmo ano. E diz também que está muito feliz com os três!
Em pouco tempo marcamos presença com ações sociais e culturais em três continentes: na América do Sul atuamos, por agora, apenas no Brasil (para o qual reservamos 80% dos recursos e de nossa dedicação); na África estamos em três países através da ONG Fraternidade sem Fronteiras; e, na Ásia temos três projetos incríveis na Índia com distintas organizações, entre elas a dirigida por Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz pela defesa dos direitos da criança.
Em todos os lugares, contribuímos para criar oportunidades para o empreendedorismo (com atenção especial a jovens e mulheres da comunidade negra), damos suporte à segurança alimentar em áreas urbanas e rurais, e fortalecemos projetos para o desenvolvimento humano (saúde, educação, cultura). No Brasil, somos também aliados dos povos indígenas em várias ações.
Como funciona o Instituto? Os recursos são repassados às organizações parceiras, mas como é a gestão do Instituto na escolha dos projetos e acompanhamento dos resultados?
DB: O Instituto busca organizações de comprovada capacidade de execução, e com elas desenhamos o que podemos fazer em parceria. As organizações são protagonistas neste processo, mas construímos juntos as ideias. Para gente é importante manter um diálogo constante, não apenas para “monitorar os resultados” (o que fazemos com muita atenção), mas para aprender mesmo com as ONGs parceiras.
Também nos guiamos por oportunidades e necessidades, quando surge outro investidor querendo trabalhar com a gente e/ou quando a realidade social exige uma resposta.
Como essas organizações parceiras e projetos são selecionados?
DB: Dentro de nossos pilares de atuação, buscamos instituições da sociedade civil com capacidade de gerar resultados. Prezamos a efetividade! Nossa equipe, apesar de enxuta, está sempre em processo de pesquisa e escuta. Fizemos uma boa experiência com lançamento de edital para projetos, e possivelmente faremos outros. Os dois modelos nos agradam.
Alok é um artista envolvido com causas sociais desde sempre, principalmente atrelado aos povos originários. Em 2023, inclusive, vocês lançarão um documentário sobre o despertar da sabedoria ancestral. Como foi a construção desse projeto? E quais resultados vocês almejam alcançar com essa iniciativa?
DB: Alok mergulhou numa imersão criativa, musical e cinematográfica com 8 grupos indígenas de distintos matizes musicais, de várias regiões do Brasil. Aliou-se com os povos originários em sua luta por justiça, pelo direito aos territórios. Do ponto de vista artístico, serão lançados dois materiais: um documentário (que registra e flui poética e magicamente com estes encontros, num trabalho magnífico de produção e edição da Maria Farinha Filmes); e um álbum de músicas em verdadeira colaboração de Alok com “os parentes” indígenas. Vocês ficarão encantados com o que está por vir.
Com estes trabalhos, e ainda com as performances realizadas para o Global Citizen e para a Semana do Clima na ONU (NY), Alok espera contribuir para que a sociedade brasileira veja, sinta e pense de forma descolonizada a identidade dos povos originários.
A gente acredita que esta “ressignificação” será o resultado de uma maior exposição da beleza cultural e da sabedoria ancestral que os indígenas carregam. É um trabalho de imenso valor artístico por si mesmo, mas Alok tem grande paixão e compromisso pessoal em colaborar com este reposicionamento.
A gente ficou muito feliz, por exemplo, quando muitos e muitos jovens postaram que citaram este trabalho de Alok com os indígenas em suas redações no recente exame do Enem.
Como funciona o envolvimento de Alok nas iniciativas do Instituto no dia a dia?
DB: É inacreditável como ele consegue participar, no meio de uma agenda imensa de shows e gravações, dos vários aspectos do Instituto. Ele valida os projetos a serem apoiados e quer saber dos resultados, decide sobre questões de gestão… é mesmo um “terceiro filho”. Ainda faltando tempo para visitar os projetos in loco, mas também pudera, ele está cada dia fazendo a galera cantar e dançar num país diferente… o que é uma super contribuição à alegria do planeta!
O Instituto Alok esteve envolvido em inúmeras iniciativas em 2022, seja a nível nacional com a Feira Preta; e internacional, com a ONU. Quais os marcos alcançados nesse ano, que projetos envolvendo o Instituto você destacaria?
DB: Ver florescerem mais de 120 pequenos negócios no interior de Pernambuco em plena pandemia com um fundo de microcrédito; saber que 20 mulheres negras de todas as regiões do país estão avançando através de nosso apoio com seus empreendimentos em economia criativa; haver contribuído para que mais de 200 jovens da periferia tenham se formado em tecnologia e alcançado bons empregos… Tudo isso justifica o esforço diário e traz muita alegria a todos do time Alok e não apenas à equipe do Instituto.
Colaborar para o atendimento médico de milhares de crianças, para o acesso a água e moradia em vilas vulneráveis, ajudar a matar a fome neste momento tão inesperado, tudo isso é muito resultado em tão pouco tempo, embora seja sempre apenas o que está a nosso alcance.
Durante esse período de existência do Instituto Alok, você tem observado se aumentaram iniciativas similares de outras empresas e artistas em prol das causas sociais?
DB: A gente até espera estar inspirando atitudes positivas, mas não é de hoje que a sociedade brasileira cresce no sentido de criar uma “cultura de doação e participação”. Nós somos fruto deste movimento, mas se estivermos ajudando a despertar este compromisso em outras pessoas e empresas será mais um motivo de alegria.
As marcas que buscam Alok para parcerias comerciais são sempre convidadas a falar com o Instituto em busca de sinergia para parcerias sociais.
Por fim, quais são as projeções do Instituto Alok para 2023? Além do documentário, quais outros projetos, principalmente culturais, estão previstos para o próximo ano?
DB: Vou dar dois exemplos voltando ao tema dos povos originários. Além do documentário, do álbum de Alok com os músicos indígenas e dos projetos que apoiamos nas aldeias, vamos lançar a coleção “Som Nativo”. Serão inicialmente seis álbuns de grupos indígenas, com suas músicas tradicionais e, também, contemporâneas, todos com alto nível de gravação. Os álbuns trarão as letras nas línguas originais e traduções para português, inglês e espanhol. É nossa contribuição à Década das Línguas dos Povos Indígenas, mobilizada pela Unesco.
E vamos também formar um fundo para o incentivo à produção indígena de cinema.
Buscamos parceiros para estes dois projetos: para gravar mais músicas gerando um acervo da linda música nativa com alta qualidade sonora; e, para contribuir a que o cinema se consolide como a nova flecha da presença dos “povos do cocar” na sociedade.