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Fã de Beyoncé, Ramana Borba fala ao POPline sobre trajetória e inspirações

Dançarina conversou sobre carreira, desafios e representatividade: “A internet é um lugar difícil para criadores negros”
(Foto: Ramana Borba - Arquivo pessoal)

Guardem o nome dela! Ramana Borba, dançarina profissional e futura atriz, é um fenômeno da dança nas redes sociais e um grande símbolo de representatividade. A gaúcha, que arrasa nas coreografias, conquistou o coração de muitos brasileiros e de grandes artistas como Cardi B e Dua Lipa! Ao POPline, ela falou sobre os desafios da sua trajetória como mulher negra e contou porque Beyoncé tem um papel especial na sua vida. Confira a entrevista completa:

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Ramana Borba. (Foto: Instagram @ramanaborba)

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O grande sucesso de Ramana Borba nas redes sociais são proporcionais ao seu talento. Mas muito antes de cativar cantoras como Cardi B e Dua Lipa, foi preciso unir um grande sonho à uma pitada de coragem. Aos 13 anos, a jovem e tímida Ramana, que amava acompanhar o balé dos artistas nos palcos, arrumou forças e se inscreveu em sua primeira aula de dança.

“A dança me inspirava muito, só que eu era muito tímida pra começar. Então a primeira vez que eu tive coragem de fazer uma aula eu tinha de 13 pra 14 anos e desde então eu nunca mais parei. E querer me profissionalizar foi um dos maiores desafios”, contou.

Apesar de hoje ser uma grande artista, seu primeiro contato com a dança não foi como nos filmes em que tudo é mágico desde o início: “Eu me coloquei num lugar que só tinha profissional e era minha primeira aula”. Mas com garra e persistência, Ramana atingiu seu objetivo e conseguiu se profissionalizar três anos depois, quando tinha 16 anos.

“Foi um baque enorme, eu achei que ia ser igual série da Netflix mas não foi nada disso. Foi triste, foi engraçado, fiquei apavorada… mas foi isso que me incentivou a estudar e pesquisar mais”, relembrou, sobre sua primeira aula.

Hoje, os vídeos de Ramana Borba são produções super elaboradas e cada detalhe é bem pensado: coreografia, cenário, figurino, maquiagem, bailarinos e etc. E para quem pensa que há uma grande equipe por trás, se enganou. A dançarina contou que seu time de milhões é composto por dois videomakers e sua mãe!

“Eu quero que pareça que tem 300 pessoas trabalhando! Mas é uma coisa bem pequena em questão de equipe que se transforma em algo muito grandioso. É uma pequena grande família que faz tudo acontecer”, disse ela.

Representatividade negra na internet

Desde o início do seu contato com a dança, Ramana começou a publicar seus conteúdos no YouTube por acreditar ser um local “mais seguro para postar suas coisas”. Contudo, como um reflexo da sociedade, a internet não é a melhor amiga dos criadores negros.

“Eu comecei a postar vídeo no YouTube porque eu gostava de acompanhar vídeos de dança. Só que os principais canais do Brasil não tinham tantos negros e aquilo me incomodava. Aí como não tinha nenhum canal com uma protagonista negra em relevância, eu decidi criar o meu”, explicou. A dançarina ainda refletiu sobre as dificuldades que enfrentou por ser uma mulher negra tentando crescer nas redes sociais:

“Foi muito difícil. Os mesmos desafios que a gente tem como ser humano na sociedade, a gente também tem na internet. A forma que distribuem nosso conteúdo é muito diferente e a forma que exigem muito mais da gente é muito diferente

Ramana Borba sempre sentiu o peso das exigências, mas nunca se deixou intimidar. “Eu falo que se querem que eu faça 100 vezes mais eu vou fazer. Só que se por algum motivo não acontecer aquele ‘boom’ da mesma forma que aconteceria com criadores brancos, eu vou demonstrar isso, eu vou fazer com que as pessoas percebam essa diferença que acontece”, assegurou.

Conforme cresceu na internet, ela criou uma comunidade de meninas negras que também dançavam e que se viam nela: “Elas me viram ocupando esse espaço pra elas, se enxergaram através dos meus vídeos, através do cuidado que a gente teve de nunca ter sexualização, nunca ser vulgar, sempre ser artístico”. 

E embora seu foco sempre tenha sido a dança, muitas seguidoras comentavam sobre se sentirem representadas por seu cabelo, tom de pele ou fisionomia. E assim, foi gerada uma grande rede de apoio e acolhimento.

“Elas saiam do foco que é a dança e foi aí que eu entendi a importância real da representatividade. Porque a única diferença da gente foi a coragem que eu tive de criar. Porque da mesma forma que eu sentia falta de pessoas parecidas comigo, elas também sentiam isso”, afirmou.

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A importância de Beyoncé

O Top 4 artistas favoritas de Ramana são Beyoncé, Rihanna, Cardi B e Normani. “Cardi B minha mãe, me abençoou e eu vivo nessa benção”, brincou ela. Apesar de ter um carinho enorme pelas quatro, a Queen B tem um cantinho especial no seu coração. A dançarina contou que a cantora foi uma das maiores inspirações e uma das peças fundamentais para ela se tornar a profissional que é hoje.

“Eu me lembro quando eu vi ‘Formation’ pela primeira vez… eu estava super mal, estava começando a crescer com a dança. E aquilo me fez dar um pontapé de tipo assim: isso é arte, isso que eu acredito, é isso que eu quero passar como artista”, relembrou.

“Pra mim, obras-primas são obras que mudam vidas. Você pode ter toda a tecnologia do mundo, mas qual é a obra que vai ser lembrada daqui 50, 100 anos?”, questionou.

Ramana relembrou o marco conquistado por Beyoncé no Grammy 2023. Embora seja a artista mais premiada da história, com 32 gramofones, ela nunca ganhou a categoria principal de “Álbum do Ano”. Indicada quatro vezes, a Academia jamais concedeu a ela o maior prêmio: em 2010, Bey perdeu para Taylor Swift; em 2015, perdeu para Beck; em 2017, para Adele e em 2023, para Harry Styles.

“A Beyoncé pra mim é um grande marco de: não importa o quão perto da perfeição a gente chegue, sempre vai ser uma luta constante”, comentou Ramana.

A dançarina acredita que Beyoncé seja injustiçada pela premiação e que esse fato tem sim relação com o racismo estrutural: “Só que a partir do momento que você se coloca nesse lugar ou você mantém essa luta ou você desiste. E ela me dá muito essa força de querer me manter até o final e ver até aonde dá, porque um dia vai chegar, só que é triste saber que é mais difícil”.

Além do talento, força e representatividade de Beyoncé, Ramana Borba também se inspira em outras mulheres importantíssimas no meio artístico brasileiro.

 Anitta e Ludmilla são pessoas que quebram barreiras e vão além e eu me inspiro muito nisso”

Apostas e projetos futuros

Hoje em dia, com o imediatismo das informações e das redes sociais, as modas chegam e vão embora muito rápido. E isso se tornou um problema para quem vive produzindo conteúdo para as plataformas digitais.

Os vídeos de Ramana Borba são criados em cima de um grande pilar: o empoderamento feminino. Mas além disso, qual a grande aposta da dançarina para acompanhar a velocidade da internet e não ficar para trás? A nostalgia!

“A dança tá sempre em evolução. Só que hoje tudo tá mais rápido, as pessoas querem consumir mais rápido, fazer mais rápido. Tem muitas pessoas que sentem falta de como era antigamente, de ver uma coreografia completa da música inteira, então a gente queria trazer esse sentimento para as pessoas”, explicou.

Com esse entendimento, Ramana traçou uma meta: investir em mais vídeos nostálgicos, como seu último remake de “Buttons” das Pussycat Dolls. Vem aí um novo quadro!?

“Quero muito trazer essa questão do quanto a dança mudou e impactou, de várias formas, diferentes épocas e o quanto isso é marcante. A dança tem esse poder. Foi feito um vídeo em 2001 e hoje eu posso fazer a mesma coreografia que as pessoas vão ter o mesmo sentimento que tiveram quando viram pela primeira vez“, concluiu ela.

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