O mercado fonográfico brasileiro é o 11º do mundo e ocupa o 10º lugar no ranking global quando o assunto é a indústria de streaming. Diante de uma força incontestável com projeções de crescimentos contínuos para os próximos anos, empresas apostam na indústria musical, principalmente através da distribuição das músicas para as plataformas de streaming, como um dos principais modelos de negócios. Esse é o exemplo da Symphonic Distribution, que mira na expansão das suas atividades no Brasil.
A plataforma independente de distribuição de música e tecnologia, anunciou o recebimento de aproximadamente R$187 milhões em investimentos dos fundos NewSpring e Ballast Point Ventures. Além de auxiliar a expansão e o crescimento da empresa na América Latina, EUA, Europa e África, o aporte ajudará a consolidar a operação no mercado brasileiro. O comunicado foi feito com exclusividade ao POPline.Biz é Mundo da Música.
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Há pouco tempo no país, a Symphonic já conta com parcerias com mais de 200 nomes nacionais, entre artistas e selos como Krawk, Sabotage, Tropa do Bruxo (Selo do ex-futebolista Ronaldinho Gaúcho), Dudu Nobre, Raffa Moreira e Cacife Gold. Com o investimento, a empresa pretende expandir a equipe local, além de investir em ações de marketing que englobam patrocínios a eventos, entre outras parcerias estratégicas. Para 2022, a companhia espera crescer ao menos 50% no país em comparação ao ano passado.
O POPline.Biz é Mundo da Música fez uma entrevista exclusiva com Ian Bueno, Head da Symphonic no Brasil que destaca o crescimento do mercado brasileiro, o segundo principal mercado da distribuidora musical no mundo, além dos diferenciais da empresa, curadoria artística e projeções por meio do investimento milionário na indústria musical brasileira.
De acordo com o executivo, os colaboradores da Symphonic, que estão em diversas regiões, trabalham de forma remota desde a chegada da empresa no país, que aconteceu durante o período da pandemia. O desempenho positivo da companhia no Brasil, em apenas 1 ano, surpreendeu a equipe internacional e abriu as portas para o aporte financeiro local.
“Foi um período muito bom! Nesse primeiro ano, conseguimos nos consolidar especificamente em alguns nichos, como o Trap, o Funk e a Música Urbana, onde nós focamos o nosso trabalho no começo e viramos uma referência lá dentro.”, destaca Ian, que destaca o objetivo de se aproximar de outros gêneros, como o Sertanejo e Gospel.
Posicionamento no Brasil
A Symphonic atua em um formato híbrido, atendendo ao mesmo tempo Selos e Artistas. Segundo Ian, a plataforma trabalha em um modelo de “boutique”, em um sistema fechado, que consiste na expertise interna para selecionar e prospectar os melhores parceiros para a realização do trabalho.
“O nosso foco é desenvolver parceiros e projetos que façam sentido com a nossa expertise, com o que a gente vem trabalhando e vislumbrado. Ser uma plataforma fechada tem sido um diferencial para promovermos os nossos negócios. Com isso, conseguimos fazer um atendimento mais humanizado, focando na aproximação ao cliente, porque nós entendemos as defasagens e dificuldades, principalmente em relação ao conhecimento dos artistas, dos Selos em geral, ainda falta muito informação e muitas vezes, a gente tem que pegar na mão, ensinar e aproximar.”, destaca o executivo.
“O conhecimento é realmente a chave do empoderamento do artista. Não adianta sermos apenas uma plataforma de tecnologia, enquanto os artistas não entenderem como utilizá-la ao seu favor.”, pontua Ian Bueno, o Head da Symphonic no Brasil.
Crescimento da Música Urbana para o Mainstream
Acompanhando o destaque da cena urbana no Brasil, a Symphonic têm acompanhado nomes que despontaram na cena, como Krawk e com mais anos de estrada, como Raffa Moreira e Cacife Gold. Para Ian, o trabalho que eles estão construindo na Symphonic está empoderando diversos artistas que começaram a ter renda financeira por meio do streaming. O executivo destaca que o cenário é muito rico, possui muitas projeções de crescimento, mas, que necessita de informação para fortalecer ainda mais o setor.
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O executivo destaca o equilíbrio entre o contexto do projeto do artista, dentro da sua verdade, e as possibilidades em relação às divulgações nas plataformas digitais, sejam elas redes sociais ao streaming, para a criação de bons resultados no setor.
“Tem que entender de fato para onde se quer chegar. Acredito que nada que não seja feito com a verdade, principalmente na música, evolui”, pontua Ian.
Apesar do consumo das plataformas como TikTok impulsionar tendências na indústria da música, Ian analisa que “não existe receita de bolo” e que dentro da Symphonic há o pensamento no direcionamento das estratégias, com foco na música. Além de levar em consideração a orientação no viés artístico, sem se preocupar exclusivamente com os números nas plataformas, mas, focando no crescimento contínuo da sua trajetória.
Segundo Ian, dentro da plataforma há o direcionamento para a “estratégia Netflix”, com foco no storytelling e no conceito artístico, para chegar em um trabalho final como um álbum, por exemplo. No setor da música urbana, os formatos em Remix, Mashups, Collabs, Álbuns Deluxe, fazem parte da linha estratégica dos artistas.
Investimento no Brasil e novas iniciativas
O executivo destaca que o mercado de música brasileiro é um dos que mais cresce no mundo, além de ser um dos únicos com forte presença de artistas locais nas principais paradas musicais. Ainda assim, menos de 10% dos brasileiros assinam um serviço de streaming de música.
“Acredito que temos muito espaço para crescer, e esse cenário favorece o surgimento de novos artistas diariamente. É importante que existam companhias que entendam como esse mercado funciona e que saibam como ajudar os artistas independentes a desenvolverem suas carreiras logo nos primeiros sinais de sucesso”, explica. “A Symphonic trabalha com esse foco: oferecer o máximo de ferramentas possíveis para esses artistas”.
O executivo ainda afirmou ao POPline.Biz que está atento aos desdobramentos da Web3, NFT e Metaverso e que em breve, irá desenvolver iniciativas voltadas para essas novas tendências no mercado musical. Inclusive, em janeiro, a empresa ativou um palco da Symphonic em um evento voltado para os desdobramentos do Metaverso no Brasil.
Sobre os novos investimentos, o CEO global da empresa, Jorge Brea, acredita que o investimento é a oportunidade para escrever o próximo capítulo da história da Symphonic. “A parceria com a NewSpring e com a Ballast Point Ventures ajudará a nos posicionar como um forte player de mercado no que se refere a tecnologia, serviços e distribuição de música independente. Esse investimento nos permitirá investir mais em nossos clientes, em novas tecnologias, iniciativas estratégicas, propriedade intelectual e outras aquisições.”
Por fim, Ian destaca que a Symphonic está focada em desenvolver a parte educacional com os principais parceiros, novos clientes e além de estar presente em importantes festivais. Há o planejamento para a criação de projetos originais com artistas que serão desenvolvidos ainda em 2022.
Além do Brasil, a empresa americana também está presente em diversos outros países da América Latina, África e Europa. Eles fornecem distribuição digital de música e vídeo, consultoria e planejamento de marketing e estratégia, incluindo suporte em playlists, e um conjunto de serviços para artistas, gravadoras, managers e outras distribuidoras.