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Erika Hilton comenta acusações de intolerância religiosa à Ludmilla: “Tristeza e preocupação”

Veja a declaração de Erika Hilton sobre o caso! Fotos: Twitter/@ErikakHilton; @Ludmilla

E a polêmica que liga Ludmilla e as acusações de intolerância religiosa no palco do Coachella segue repercutindo! Na tarde desta segunda-feira (22), quem se pronunciou sobre o assunto foi a Deputada Federal Erika Hilton, que chegou a gravar um discurso para ir ao ar na abertura dos shows de Ludmilla no festival. “Mensagens como essa, sem nenhum contexto, podem criar mais danos à luta pela liberdade religiosa ao invés de ajudar a combater essa realidade de preconceito e violência contra pessoas de axé”, escreveu Erika.

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Foto: Twitter/@ludmilla

Após ter envolvimento nas duas apresentações da cantora no festival em Indio, na Califórnia, Estados Unidos, a Deputada foi pressionada nas redes sociais para que comentasse os últimos acontecimentos. Ao contrário do que muitos presumiram, Hilton apontou como erro a mensagem exibida no show de Ludmilla, mas não ‘condenou’ a colega.

“Não esperem que na caminhada de pessoas negras nós nos condenemos tão facilmente quanto quem condena pessoas da nossa cor por qualquer passo errado”, argumentou a Deputada, que disse que recebeu a notícia com tristeza e preocupação e exprimiu seu desejo de que Ludmilla reflita sobre o episódio e seus efeitos.

Leia o texto de Erika Hilton, na íntegra:

“Recebi com tristeza e preocupação diversas mensagens de que ontem, no show de Ludmilla no Coachella, ocorreu uma projeção em que havia dizeres com conteúdo que ataca e ofende pessoas de religiões de matriz africana.

A realidade da nossa sociedade é a de que a intolerância e o racismo religioso existem, e estão se fortalecendo em favelas e comunidades do Brasil inteiro com o apoio das milícias, do crime, e da extrema-direita.

Quando se projeta essa realidade em um show do porte do show de Ludmilla no Coachella, é necessário refletir isso. Mensagens como essa, sem nenhum contexto, podem criar mais danos à luta pela liberdade religiosa ao invés de ajudar a combater essa realidade de preconceito e violência contra pessoas de axé.

A intolerância religiosa precisa ser combatida. No nosso cotidiano, na sociedade civil, pelo judiciário, no parlamento, e nas artes também.

E as vozes que alertam e trabalham contra a discriminações, sejam elas religiosa, racial, de gênero e orientação sexual, precisam ser fortalecidas.

Que Lud aproveite esse acontecimento e trate oportunidade para avançar nesse debate e reparar danos causados. Não esperem que na caminhada de pessoas negras nós nos condenemos tão facilmente quanto quem condena pessoas da nossa cor por qualquer passo errado.

É preciso, sim, criticar e estar abertas à críticas, a refletir, se retratar e efetivar mudanças concretas para evitar que um marco histórico, como o ineditismo de uma mulher afrolatina comandar um show no Coachella, que muito nos orgulha e inclusive contou com uma mensagem minha de abertura, na semana passada, não fique marcado como um evento de criou dor e revolta para populações marginalizadas”

Entenda a polêmica!

Fotos: Instagram/@ludmilla; Reprodução – YouTube/Coachella

Ludmilla voltou a Indio, na Califórnia, Estados Unidos, neste domingo (21) para o segundo fim de semana do Coachella. A brasileira, que fez um show bastante similar ao do último dia 14 no palco principal do festival, virou alvo de polêmica nas redes sociais após uma mensagem exibida no telão do show ganhar a atenção de internautas. De imediato, a cantora foi acusada de intolerância religiosa e, já nesta segunda-feira (22), ela publicou um textão sobre o ocorrido. Veja o que ela disse!

Foto: Instagram/@ludmilla

Durante a performance de “Rainha da Favela”, um dos pontos altos da apresentação, um dos telões posicionados atrás da artista exibiu a mensagem: “Só Jesus expulsa o Tranca Rua das pessoas”. Tranca Rua é considerado um exu, entidade espiritual que faz parte do universo da Umbanda e Quimbanda. Seu papel é entendido como o de ajudar a vencer os obstáculos para conquistar objetivos, cuidando da limpeza astral dos caminhos.

Após a identificação da frase, internautas se enfureceram com Ludmilla e acusaram-na de propagar o preconceito de cunho religioso e, inclusive, de disseminá-lo para o exterior. Imediatamente à repercussão, termos como “INTOLERÂNCIA RELIGIOSA É CRIME”, “Tranca Rua” e “Ludmilla” foram parar entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter), no Brasil.

Em meio às críticas, a cantora apareceu na rede social para rebater as acusações, alegando que é contra qualquer tipo de discriminação. “Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, e independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade de que façam elas únicas”, escreveu Ludmilla.

Leia o texto publicado pela cantora, na íntegra:

“Quando eu disse que vocês teriam que se esforçar pra falar mal de mim, eu não achei que iriam tão longe.

Hoje tiraram do contexto uma das imagens do video do telão do show em Rainha da Favela, que traz diversos registros de espaços e realidades a qual eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado dele, e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha.

Rainha da Favela apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela. Meu show começa com uma mensagem muito explícita , que não deixa dúvida sobre nada! Na sequência eu apresento a realidade sobre a qual esse discurso precisa prevalecer! Sobre uma favela sem filtros, sem gourmetizações, sem representações caricatas, uma denúncia sobre o real. Estou aqui pelo que é real e não essa versão vitrine importada para gringo achar que esse é um espaço que se reduz a funk, bunda e cerveja!
Termino meu show com o céu tomado de pipas douradas, que representam a esperança que eu quero plantar no coração de todos que lidam com essa realidade!

Esse vídeo foi feito por uma fotógrafa/videomaker negra e periferica, para que tivesse um olhar de dentro para fora!

Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, e independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade de que façam elas únicas”

Veja a repercussão do assunto:

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