Rihanna está sem álbuns novos há cinco anos. Britney Spears, também. Beyoncé, há dois anos – assim como a brasileira Anitta. Se os fãs dessas popstars passam vontade esperando uma “nova era”, o mesmo não acontece com os vittarlovers. Pabllo Vittar tem lançado um álbum por ano desde 2017. O novo, “Batidão Tropical”, que saiu na semana passada, já é sucesso.
Fruto da era digital, a drag queen gosta de explorar o formato do álbum em um panorama musical dominado por singles. “Eu adoro entregar uma obra completa, fechada, com uma unidade, com as músicas, os singles. Acho muito interessante, hoje em dia, ir para o estúdio, escrever, pensar numa temática, pensar num conceito… Não vejo muito isso hoje em dia com artistas nacionais. É sempre muito efêmero: single, single, single. Meio que nada se amarra”, ela conta ao POPline.
O público adora. “Batidão do Tropical”, anunciado como o álbum “mais brasileiro” da Pabllo Vittar, apostou no forró e registrou mais de quatro milhões de streams em 24 horas. É a terceira maior estreia de um álbum nacional no Spotify e garantiu a Pabllo Vittar um lugar no Top 10 global da plataforma. A gravadora Sony Music, claro, comemora.
“Dentro da história da Pabllo Vittar, ela sempre pensou em desenvolver uma história completa, um enredo em que todas as músicas se completam e fazem sentido numa obra única. A Pabllo sempre vai na contramão do que é ditado pelo mercado. Nós sempre a apoiamos e embarcamos juntos nas ideias, completando com planos de marketing robustos e criativos. O fato de ser um álbum nos abre um leque maior de oportunidades também”, pontua Cris Simões, diretora de marketing e promoção da Sony Music.
Antes do “Batidão Tropical”, Pabllo Vittar já havia provado sua força dentro da gravadora com certificados duplos de platina para os álbuns “Vai Passar Mal” e “111” e de platina para “Não Para Não“. Músicas como “K.O.”, “Corpo Sensual”, “Problema Seu”, “Disk Me”, “Parabéns” e “Amor de Que” ultrapassaram o certificado de diamante. As novas “Ama Sofre Chora” e “Triste Com T” não deverão ter caminho diferente.
“Para mim, é muito legal entregar um álbum por ano e espero continuar conseguindo fazer isso. Sou muito criativa e tenho que me expressar de alguma forma. Neste álbum, a gente está trazendo uma essência que eu acho que muita gente não conhece minha”, ela comemora o lançamento.
POPline – Como nasceu a vontade de fazer um álbum como “Batidão Tropical”?
Pabllo Vittar – É a vontade de exaltar o agora. A gente está vivendo aqui, não pode sair, mas quer se divertir. Vontade de exaltar que sou brasileira. Apesar de estar passando por todos esses momentos difíceis, a gente tem que exaltar nosso país, nossos ritmos, e mostrar que temos muita coisa boa aqui.
POPline – Qual é a faixa mais pessoal do álbum?
Pabllo Vittar – Nossa! Todas são. Não tem como dizer. De umas cem músicas, eu escolhi essas. Não tem como apontar uma. Mas eu gosto muito de “Bang Bang”, porque me lembra de quando eu era criança vendo o DVD da Companhia do Calypso. Eu adoro a Companhia do Calypso!
POPline – Cem músicas?
Pabllo Vittar – É modo de falar! (risos) Tem muita música que eu gosto de forró e de calypso, então foi muito difícil. Eu escolhi as que sentia “sou eu”.
POPline – Você tem lançado um álbum por ano, o que é raro hoje em dia. Antigamente, artistas pop faziam isso.
Pabllo Vittar – Eu ficava esperando! Rihanna, mulher, cadê você? Lembra de quando a Rihanna lançou oito álbuns em oito anos? Vagabunda! E agora está aí fazendo essa graça.
POPline – Pois é, agora a gente fica no deserto um tempão. Mas você entrega um álbum por ano. Como é atender essa demanda mercadológica?
Pabllo Vittar – Eu adoro fazer álbum. Amo produção de álbum. Já falei isso em algumas entrevistas: eu adoro entregar uma obra completa, fechada, com uma unidade, com as músicas, os singles. Acho muito interessante, hoje em dia, ir para o estúdio, escrever, pensar numa temática, pensar num conceito… Não vejo muito isso hoje em dia com artistas nacionais. É sempre muito efêmero: single, single, single. Meio que nada se amarra. Mas acho tudo também, porque a galera tem que lançar música. Ninguém quer ficar no deserto. Mas, para mim, é muito legal entregar um álbum por ano e espero continuar conseguindo fazer isso. Sou muito criativa e tenho que me expressar de alguma forma. Neste álbum, a gente está trazendo uma essência que eu acho que muita gente não conhece minha.
POPline – Você falou de tudo que tem de positivo no formato de álbum. Quais os contras?
Pabllo Vittar – Muitas vezes a gente não consegue trabalhar todos os singles que a gente gostaria. Hoje, na Internet, a coisa em uma semana já é peça de museu. Daqui a uma semana, tenho certeza que vai ter vittarlover falando “e aí? Qual vai ser?” (risos). Tu sabe disso. O fo** é isso. Mas a gente sempre procura viés para trabalhar as músicas que a gente acha que vale a pena trabalhar. Todas as músicas são muito importantes para mim, então é difícil pra caramba. Isso é o mais difícil.
POPline – Você começou uma historinha em “Ama Sofre Chora” e continuou em “Triste com T”. Todos os clipes desta era vão seguir essa história?
Pabllo Vittar – Não. “Triste com T” veio para fechar. É a segunda e última parte, mostrando que às vezes a gente pode sim se apaixonar… Mostra todo esse lado emocional que a gente vive hoje em dia que também é muito efêmero: a gente se apaixona hoje, amanhã já está apaixonada por outro e acaba se colocando em relacionamento sem ter certeza. Já passei por isso e foi uó. Queria mostrar, através dessas duas músicas, que o importante, no final das contas, é ser você de verdade e acreditar no seu coração.
POPline – Algum dos covers vai ganhar clipe?
Pabllo Vittar – Sim, sim, sim! Eu quero muito. Já estou pensando… (risos)
POPline – Você já tem ideia de quantos clipes vai lançar nesta era?
Pabllo Vittar – Não tenho ideia de quantos. Eu quero muito ver qual vai ser a recepção do álbum. Eu já tenho um terceiro single em mente, mas a gente não pode se prender muito. Como te falei, tem que ser muito rápido. E eu já tenho outros projetos para o final do ano, então não sei como vou conseguir, mas na minha cabeça ainda falta mais um single. Se vem o quarto, não sei.
POPline – Você está há muito tempo sem fazer show. Lançando esse álbum, já pensa na construçaõ de um show novo?
Pabllo Vittar – Sim, sim, sim! No ano que vem, já tem Primavera Sound no Porto e em Barcelona, o Coachella, os shows que vou fazer fora. Tem minha turnê internacional. O mundo lá fora já voltou, então a gente está se preparando sim e já pensando em várias coisas. Neste ano, tem o show de comemoração dos meus cinco anos de carreira. Vai ser um mega show, onde vou apresentar minhas maiores músicas e “Batidão Tropical”, com palcos, coreografias, figurinos, ballet. Um show como meus fãs gostam.
POPline – Mas é virtual?
Pabllo Vittar – Sim!
POPline – Uma curiosidade: qual o conceito da capa do “Batidão Tropical”? Acho que cada pessoa vai olhar e ver alguma coisa de acordo com suas referências. Eu olho e vejo um gangbang.
Pabllo Vittar – Você acredita que me falaram assim “bicha, é um bukake”? Ai, que delícia, queria! Mas o conceito da capa… Além de ter uma influência fortíssima de Mylla Karvalho e das capas de DVDs da Companhia do Calypso – que eram sempre uma coisa muito extravagante, com cores muito vibrantes, muita pele, suor – eu queria passar o feeling, a sensação, que eu, Pabllo, tenho quando estou me divertindo, me jogando. Eu sou aquilo. Eu me jogo, eu beijo, eu abraço, eu suo, eu interpreto, eu performo. Acho que toda gay é assim quando está se divertindo, se jogando. Ali eu estou me divertindo, me entregando, tanto que estão me segurando. Estou meio que caindo, ‘feelind myself, feeling my tropical fantasy’. Quando olhei a foto, pensei ‘é isso que quero passar, essa sensação’.