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John Taylor detalha novo álbum do Duran Duran e reconhece sucesso de “A Matter of Feeling” no Brasil

Em entrevista exclusiva ao ROCKline, o baixista contou os bastidores da produção de “Future Past” e falou sobre relação da banda com a América do Sul e o Brasil. Leia!

Duran Duran. Foto: Divulgação/BMG

O Duran Duran lançou seu 15º álbum de estúdio no último dia 22 de outubro. “Future Past” é uma celebração aos 40 anos de carreira da banda inglesa, completados neste ano. A nova coleção de músicas vem realmente para somar ao catálogo do Duran Duran, uma vez que o grupo traz aqui, mais uma vez, sua energia pulsante em músicas bem produzidas e uma variedade de colaboradores que lançam frescor ao som e legado do grupo.

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Quando falo em boas produções, falo da assinatura de lendas como Giorgio Moroder (o pai da disco music), que está nos créditos do disco junto com Erol Alkan (Franz Ferdinand, Peter Bjorn & John, Björk, Interpol, Goldfrapp). Mark Ronson e Graham Coxon (Blur) também aparecem entre os colaboradores, assim como Tove Lo, Ivorian Doll, a banda japonesa CHAI e o pianista Mike Garson.

Conversei com John Taylor, baixista do Duran Duran, por cerca de 15 minutos em uma entrevista exclusiva via Zoom. Desde o início fui advertida de uma característica do músico: ele fala bastante. O predicado não poderia ser mais positivo e produtivo, já que Taylor conversou com muita simpatia e detalhou os bastidores da concepção, gravação e produção de “Future Past” e até comentou a similaridade do título com “Future Nostalgia”, álbum de Dua Lipa.

Foto: Divulgação

Logo de cara, John Taylor detalhou o conceito por trás de “Future Past”, que também explica a escolha do nome para o álbum:

“Esse é, talvez, o álbum mais biográfico do Duran Duran. Às vezes, a gente não quer mostrar tanto o nosso passado. Queremos dizer ‘ei, olha aqui, nós somos modernos’, sabe? Não queremos ser e não somos velhos. Então sinto que existe um ótimo equilíbrio nesse álbum entre o Duran Duran dos anos 1980 e 1990 e o Duran Duran de hoje em dia. Isso é o que sempre estamos tentando fazer. É o nosso grande experimento, tentar fazer algo que tem a essência da banda, mas que também seja contemporâneo.”

Para cumprir essa missão de “futuro e passado”, nada melhor do que trazer produtores musicais que somassem à ideia. Giorgio Moroder, com a expertise, talento e sabedoria para resgatar o melhor dos anos 1980, e Erol Alkan, fã de Duran Duran e profissional mais voltado para produções dos anos 2000, 2010 e 2020. Sugeri que eles resumiam bem o conceito de “Future Past” e John Taylor concordou:

“Sim, isso mesmo. Isso é muito interessante porque o trabalho com Erol foi bem desafiador. A gente pensava ‘O que vamos fazer? Como serão as coisas?’. Erol é um grande fã do Duran e ele dizia ‘Quero que as pessoas ouçam e digam que John Taylor é o maior baixista vivo’. Então, ele trabalhou muito duro para trazer um baixo interessante em todas as músicas. Isso foi impossível de ignorar, porque na música moderna quase não há mais baixo, é tudo mais digital, e neste disco fomos atrás disso, gravamos performances, imergimos nos sons. Escutávamos a todos nós: eu, Nick [Rhodes], Graham [Coxon]… Já a diferença para o trabalho com Giorgio é que com ele sabíamos exatamente o que estávamos fazendo. A gente sabia que seria clássico, então foi fácil e não houveram discussões sobre qual era a visão para aquelas sessões de gravação. Então, sem dúvidas, eles formaram um ótimo contraste.”

Quem está antenando com a música pop atual certamente fez outra conexão com o novo álbum do Duran Duran. O titulo é bem semelhante ao do premiado disco da cantora Dua Lipa, “Future Nostalgia”, que também prometia encontrar uma intercessão entre a música do passado com o que há de mais novo. John riu e até me contou sobre o momento em que descobriu a semelhança:

“Alguns dias depois da escolha do nome do álbum, alguém me disse assim: ‘você sabe qual é o nome do novo álbum da Dua Lipa, né?’ E eu pesei, ‘puta merda, não acredito’. Risos! Naquele momento, todos nós já estávamos tão apegados ao nome, então decidimos manter assim mesmo.”

Mistura de gêneros

A ideia de trazer o passado e o presente permitiu que o Duran Duran fizessem uma boa mistura de gêneros musicais em “Future Past”, desde new wave clássico com rock até disco, techno e mais. Perguntei a John Taylor como eles chegaram na sonoridade do álbum e o que faz uma música ser uma música do Duran Duran. Para responder, Taylor fez uma viagem no tempo:

“As coisas não mudaram muito desde o começo de tudo. Essencialmente, ainda escrevemos as mesmas músicas. Formamos a banda um ano após o punk, em 1978, quando canções muito enérgicas da primeira onda de bandas britânicas de punk, como o Sex Pistols e o The Clash, estavam em alta. Eles criaram essa grande revolução musical de energia e ideias e tudo era sobre a juventude. Rapidamente, isso cresceu e mudou muito e veio a new wave, que tinha uma batida dançante, um som limpo e afiado com teclados, pulsos e metais. Algo como Ian Dury and The Blockheads ou Elvis Costello ou ainda The Knack e The Cars.”

Ele continuou:

“O cenário estava muito mais amplo e neste momento o Duran Duran estava apenas começando e o que era o Duran? Era quase música experimental. A gente amava The Human League e o Velvet Underground, mas depois nos apaixonamos pela disco music! ‘You Make Me Feel’ de Sylvester era o minha ‘Anarchy In The UK’, sabe? Assim que ouvi esse som eu pensei ‘isso eu consigo tocar’ e então passei de um guitarrista medíocre para um bom baixista. A partir daí criamos a nossa sessão rítmica. Nick entrou com seus teclados e o nosso som foi nascendo daí. Com o Duran Duran podemos fazer baladas, música experimental, trance, house e até rock. Há muitas coisas diferentes na nossa filosofia.”

Future Past vs. Pandemia

John Taylor confirmou que os trabalhos de “Future Past” foram paralisados durante a pandemia da COVID-19, atrasando também o lançamento do mesmo. O Duran Duran já havia dedicado mais de um ano ao projeto, quando o momento de isolamento social chegou e teve que ser cumprido:

“A gente já estava trabalhando há 1 ano e meio, estávamos quase concluindo tudo em março do ano passado. Daí chegou a pandemia e entramos em lockdown. Fechamos o estúdio, todos foram para casa e eu voltei para Los Angeles. Ficamos quase nove meses sem fazer nada e nem nos falamos muito nesse período.”

Ele ainda confirmou que um tributo a David Bowie foi o que motivou o grupo a se reunir novamente:

“Voltamos a nos encontrar para gravar um tributo a David Bowie. Regravamos ‘Five Years’. Fizemos parte dele remotamente, mas essa foi uma música muito emocional de se gravar, especialmente naquele momento. Uma homenagem no aniversário de 5 anos da morte de Bowie. Mas essa experiência também trouxe algo muito satisfatório, porque entendemos que tínhamos que nos reunir novamente para trabalhar no disco.”

Turnê Future Past, “A Matter of Feeling” e Brasil

O Duran Duran deve cair na estrada com o novo álbum muito em breve. Segundo John Taylor, a turnê “Future Past” deve ser iniciada na Inglaterra, passando depois por outros países da Europa e finalmente pela América do Norte. Perguntei sobre as chances do grupo visitar o Brasil. e Taylor respondeu:

“Estamos organizando uma série de shows para o nosso verão, entre junho e julho de 2022. Primeiro em nosso país, o Reino Unido, e pela Europa. Depois devemos partir para a América do Norte e finalmente devemos ir a América do Sul e ao Brasil. Sempre tivemos ótimas experiências em todas as vezes que visitamos os países latinos. Somos muito gratos pelo entusiasmo de vocês.”

Comentei com John o sucesso de “A Matter of Feeling” no Brasil e contei que a música fez parte da trilha-sonora da novela “Mandala” de 1987. Sobre as chances de revisitar a faixa em nosso país, ele disse:

“Essa é uma ótima ideia. Vou me lembrar disso! Nick já me contou essa história, mas eu não acreditei nele! Risos! Na última vez que fomos ao Brasil, Nick disse ‘a gente deveria tocar A Matter of Feeling porque é um grande sucesso aqui’. Na época, eu respondi ‘O que você tá falando? Tá doido?’, mas agora que você me contou, já sei que é verdade.”

Agora, só nos resta esperar pelo Duran Duran.

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