Autora de obras de sucesso da literatura infanto-juvenil nacional, Babi Dewet é uma defensora das fanfics. “Foi como eu me descobri escritora. Eu tinha 15 anos. Isso 19 anos atrás. Não tinha muitos amigos leitores, e a Internet e as fanfics me conectaram com pessoas novas, universos novos e uma nova forma de me expressar”, diz ao POPline.
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Ela já escreveu fanfics de Harry Potter e McFly. Seu primeiro livro, “Sábado à Noite”, foi inspirado em músicas da banda inglesa. Hoje bem sucedida na carreira, ela não deixa as fanfics para trás, mas está conectada a elas de outro modo. Babi Dewet tem um projeto com a editora Rocco voltado para fanfics. Incentivada por ela, a editora publicou o livro “Honestamente Sinceramente?”, que era uma fanfic do grupo EXO, escrita por Bruna Zielinski.
“Eu admito que gosto de tropes clichês e de histórias românticas com personagens que eu já gosto na vida real, por exemplo. Pra mim, é uma fuga. Como tenho ansiedade, gosto de ler histórias que eu já sei como vai ser o final feliz, que eu posso imaginar os personagens do jeito que eu quero e ter toda essa sensação de pessoalidade, de acolhimento, sabe? Gosto de acompanhar ficdoms, acompanhar autores, ver o crescimento deles e me divertir com o que eles querem criar. Acho que, como nos livros, eu também acabo me apaixonando pelos autores e consumo tudo o que eles escrevem!”, diz Babi Dewet.
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Inclusão de autores de fanfics no mercado literário
Além do projeto com a Rocco, ela trabalha em um projeto de livro com a editora Gutenberg em parceria com a jornalista Érica Imenes duas autoras de fanfics que ela convidou pessoalmente. Lyu Guedes, que cria histórias envolvendo o BTS, e Paloma Ortega, de histórias com o EXO. As quatro estão envolvidas na criação de um livro chamado “Desventuras (quase) românticas de um festival”, já em pré-venda.
Babi Dewet sabe, no entanto, que muitas pessoas têm preconceito com fanfics. Para ela, tudo que é direcionado para jovens ou mulheres é chamado de medíocre ou de pouca qualidade. “Isso acontece na música, na TV, em toda arte. As fanfics começaram há muito tempo como folhetins, como fanzines, em fandoms quase majoritariamente de homens e jovens adultos e, eu acredito que, a partir do momento que adolescentes e mulheres tomaram a frente, esse cenário mudou bastante”, pontua.
“Existem várias vertentes de estudo, várias discussões, mas o importante, pra mim, é não levar tão a sério o texto de fanfics como as pessoas normalmente fazem. Comparar fanfics com livros publicados é absurdo, por exemplo. Em um universo independente, não lucrativo, sem profissionalização, jovem, sem muitas regras, sem supervisão, etc, é impossível você querer aplicar as mesmas medidas do que com livros feitos por profissionais, dentro de editoras, que gastam dinheiro nessa produção e ganham dinheiro com isso. Tem muita gente ali, nos sites de fanfics, que só quer compartilhar ideias, se expressar de alguma forma, fazer amizades, se sentir numa comunidade e exigir que sejam profissionais é um erro”, completa.
Por isso, hoje, o foco da autora é ajudar na profissionalização de escritos de fanfics. Aqueles, claro, que querem se profissionalizar. “É abrir espaço e não ajudar a diminuir, como o preconceito faz”, conclui.