Após a edição do relatório “O que o Brasil ouve” divulgada em novembro de 2021, no qual o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) apresenta dados da última década na música, como por exemplo, o crescimento de mais de 130% dos valores distribuídos em direitos autorais nos últimos 10 anos; para o escritório, as expectativas sobre o mercado musical em 2022 devem ser vistas de forma cautelosa.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a Superintendente do Ecad, Isabel Amorim, faz um paralelo entre os resultados de 2021 e as projeções para o ano de 2022, cercado por incertezas em meio ao aumento de casos de Covid-19 e Influenza em todo o Brasil.
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No segundo semestre de 2021, o Ecad distribuiu mais de R$ 502 milhões, o que representa um crescimento de quase 12% comparado ao mesmo período de 2020. Já no último trimestre, houve um aumento de mais de 35% em relação à mesma época do ano anterior. Resultados alcançados a partir do avanço da vacinação e da retomada dos eventos.
“Se há uma palavra para descrever a expectativa para 2022 é ‘cautela’“, diz a superintendente executiva do Ecad, Isabel Amorim, à Folha. “Tudo é muito incerto. Começam a falar de retomada e, então, surgem novas variantes [do coronavírus], e os eventos vão sendo cancelados. Cada cancelamento desses é um pacote de coisas que deixam de acontecer.”
Durante a entrevista para a Folha, Isabel Amorim analisa os resultados de 2021 com base no Relatório “O que o Brasil houve” que traz informações sobre a consolidação das novas formas de utilização musical com o avanço do digital, além de um balanço da atuação das associações de música e do Ecad. A participação do streaming cresceu em importância na arrecadação de direitos autorais, com uma maior conscientização das plataformas sobre o pagamento, além do aumento da quantidade de serviços disponíveis.
“Certamente, o streaming tem um papel importante nesse dado”, afirma a superintendente. “É só olhar quanta coisa aconteceu nos últimos dois anos no Brasil. Entraram, por exemplo, Disney+, Star+ e HBO Max. E isso sem contar o crescimento dos streamings que já existiam, como a Netflix. Tudo isso são mudanças de consumo que trazem novidades no pagamento do direito autoral.”
A entrevista da Folha ainda relembrou a importante vitória que o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) teve em 2021 na luta por direitos autorais. Por unanimidade, os ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram que é legítima a cobrança pela utilização de obras musicais e audiovisuais em quartos de hotéis, motéis e afins.
“Ainda existe uma parte do setor hoteleiro discordando [da decisão do Supremo], mas quem está do nosso lado é a Justiça“, diz Amorim. “Essa já é uma questão que está juridicamente resolvida.”
O Ecad prevê para 2022 uma significativa melhora econômica no setor hoteleiro, na qual a distribuição de direitos autorais poderá crescer em quase 2%.
“Existe uma recuperação bastante interessante no varejo de clientes gerais, que são estabelecimentos como academias, restaurantes e hotéis”, afirma Amorim à Folha. “É difícil imaginar que tudo isso volte a fechar, mas, como já disse, ainda é preciso ter cautela.”
Ainda segundo o Ecad, de acordo com a Folha, o segmento de serviços digitais terá em 2022 um aumento de, pelo menos, 30% em comparação a este ano. Já o de shows deve provocar um crescimento de 65% em relação a 2021.