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Do pop ao funk: como a cena mineira dominou a música brasileira em 2021

Foto: @mcanjim @marinasena @fbc Instagram

O vocalista do Lagum, Pedro Calais, cumprimentou sua colega Marina Sena ao agradecer pelo prêmio de ‘Melhor Grupo’ que a banda havia acabado de receber no Prêmio Multishow 2021 pelo segundo ano consecutivo. “É Minas Gerais, pô”, disse o músico. A cantora também era uma das campeãs daquela noite. Ela saiu da Jeunesse Arena, no Rio, como a artista mais premiada do evento, carregando três troféus, incluindo o de ‘Artista Revelação’.

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A saudação à Marina não é um acaso. Embora tenham chegado ao mainstream um pouco antes, o Lagum, assim como a cantora, são frutos de uma efervescência da cena musical de Minas Gerais que vem revelando os principais nomes da música nacional e dominando as paradas de sucesso do funk ao pop, do rap ao rock alternativo.

Se “Por Supuesto“, de Sena, foi um dos maiores hits pop de 2021 ao acumular quase 40 milhões de streams no Spotify, “Bala Love” pode ser considerada uma das principais músicas do ano. Impulsionada pelo TikTok, a música que reúne Mc Anjim, DJ Lv MDP e DJ PH da Serra conquistou mais de 86 milhões de streams no Spotify e 71 milhões de visualizações em seu clipe no YouTube.

O dono de um dos maiores sucessos do ano também faz parte do movimento cultural que amplifica o funk feito em Belo Horizonte, capital mineira. Veterano de Anjim, MC Rick ganhou as festas de todo o país em 2018 com seus vocais autênticos e – ao lado de MC Zaquin – também entregou um dos destaques do ano. O clipe de “Loucura o que ela fez comigo” tem mais de 79 milhões de visualizações no Youtube e fez sucesso nas redes sociais.

Zaquin também teve um hit solo. O vídeo de “Ô Moça“, lançado há um ano no canal Funk Explode, foi visto mais de 112 milhões de vezes desde a sua publicação. O trap foi uma das principais influências do funk mineiro de 2021. O estilo musical também tem seus representantes no Estado, como Sidoka e seus 2,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify.

>Funkeiros de Minas Gerais se destacam e ganham mais espaço na cena musical nacional

As redes sociais também impulsionaram o trabalho de FBC, que lançou dois projetos ao lado do produtor VHOOR em 2021. Não estranhe se encontrar o segundo disco, “Baile”, nas listas de melhores álbuns do ano. O rapper mineiro é conhecido por sua publicidade “boca a boca” nas redes sociais. Ele faz questão de trazer os seus fãs e seguidores para o processo de divulgação dos seus trabalhos.

A apresentadora Maísa Silva foi bombardeada com mensagens pedindo que ela gravasse um TikTok ao som de “Se Tá Solteira“, single do álbum “Baile”. Fã de FBC, ela gravou e desencadeou uma trend de sucesso na plataforma.

@maisa pronta para mais um #Teleton 💜 estarei daqui a pouquinho ao vivo no @sbt ! não percam e doem se puderem, a @aacdoficial ♬ Se Tá Solteira – FBC & VHOOR & Mac Júlia

Quem também gravou vídeos para o TikTok ao som da música de FBC e VHOOR foi Marina Sena – que, na época, já surfava no sucesso de “Por Supuesto” na plataforma de vídeos curtos. É comum, inclusive, que artistas mineiros divulguem os trabalhos de seus conterrâneos. Antes mesmo da repercussão do álbum “De Primeira” começar, Djonga e FBC compartilhavam os singles de Sena e entusiasmavam seus seguidores ao garantir que ela seria uma grande artista pop. Dito e feito!

Foto: @djongador Instagram

Esses artistas também apoiam uns aos outros há anos por meio de parcerias musicais. FBC gravou músicas com Djonga, que gravou músicas com Rosa Neon (de Marina), que gravou músicas com o ex-duo Hot & Oreia – dono de um dos melhores álbuns do ano passado, “Crianças Selvagens“. Uma rede colaborativa e de apoio foi criada nos últimos anos para que os trabalhos desses músicos chegassem ao maior número de pessoas possível.

A política “Eu Vou” apresentou Hot & Oreia ao enorme público de Djonga:

“A quadrilha” do Djonga

Exemplo do que pode ser a chave para o sucesso dos talentos de Minas Gerais é o projeto mais recente de Djonga. Consagrado nacionalmente desde 2017 e com cinco discos de sucesso, o rapper reuniu artistas da cena em seu selo, “A Quadrilha”. A união originou a mixtape coletiva homônima com três faixas.

Lançada há duas semanas, “A Quadrilha” reúne os músicos Marcelo Tofani (que também fazia parte do grupo Rosa Neon), Laura Sette, Bertiolli, X Sem Peita, Dougnow e Zinga, colegas de trabalho e amigos de longa data de Djonga. Ao detalhar a importância de cada membro do selo no processo criativo do projeto, o rapper concluiu: “Acho que a minha função foi somar tudo em um espaço e fazer a parada acontecer”.

Quebrando com a hegemonia “Rio – São Paulo”, Minas Gerais encontrou o seu lugar no mainstream nacional com diversidade musical e autenticidade. Os artistas do Estado não se limitam a gêneros musicais e provocam os estereótipos. Com ajuda mútua, os músicos mineiros – em sua maioria independentes das majors – criaram e fortaleceram uma cena que comtempla do pop ao rap e faz a alegria dos bailões e das trends do TikTok. A música foi mineira em 2021.

 

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