Djonga é uma das atrações do line-up do Festival Lollapalooza, que acontece entre os dias 25 e 26 de março. O evento tem ingressos que variam de R$ 594 a R$ 4.828,80. Nas redes sociais, o rapper rebateu o comentário de um seguidor que dizia: “parece que só a elite branca curte seu som”.
A mensagem do internauta é por conta de vídeos que repercutem nas redes sociais em que o artista se apresenta em grandes festivais, para um público majoritariamente branco.
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O rapper mineiro – que tem letras provocativas sobre racismo e questões sociais – publicou a resposta ao seguidor em seu Instagram Story. “Parada que sempre quis falar quando a galera questiona os vídeos de alguns shows”, escreveu.
A mensagem de um seguidor em um chat privado na rede social dizia: “às vezes, parece que só a elite branca curte o seu som, sempre vejo vídeos, só os branquinhos”.
Djonga respondeu: “Não é fato isso”.
“A verdade (é) que nos grandes festivais e em algumas casas o ingresso é mais caro e realmente a maioria das pessoas que vão tem uma condição melhor…Porém, nós faz show em favela, em casa menor, em lugar mais barato e por aí vai… Infelizmente a gente não tem controle do mercado todo, mas o objetivo é ter o máximo possível para dar mais acesso pros nossos”, continuou o rapper de “Olho de Tigre”.
O artista aprofundou a discussão ao abordar o funcionamento do capitalismo e da indústria. “Isso reflete no preço dos produtos que vendemos também e é só um reflexo de como funciona a sociedade no capitalismo de um modo geral”, escreveu.
“Não é Djonga, não é BK e etc, é como funciona o mercado e você não tem noção do tanto de coisa que a gente abre mão para conseguir fazer a melhor forma ainda. Lembrando, nós não somos os organizadores, nós somos contratados.”, explicou o artista.
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Fortalecimento da cena
Após sua resposta, o dono da música “Procuro Alguém” continuou publicando mensagens aos seu seguidores. O rapper reforçou a importância da cena Hip Hop ter seus próprios eventos no futuro e relembrou um show em Belo Horizonte no qual afirma ter colocado “favelado” em uma “casa de boy”.
“Brevemente, vamos ter nossos próprios eventos, nossos próprios espaços, e por aí vai… Vai dar para fazer dinheiro e dar acesso à cultura para nosso povo, coisas que o estado tinha que fazer mas não faz. O dia mais marcante pra mim foi quando nós lotou a casa mais de boy de BH com um tanto de favelado, com ingresso a 5 conto.”
Djonga continuou reconhecendo as dificuldades do público. “Pra quem tem zero condições é foda mesmo, infelizmente tem que esperar essas oportunidades…”, escreveu. “Por outro lado, é muito importante o público reconhecer que estamos trabalhando e que merecemos receber por isso, quem tem alguma condição de colar e consumir nossa arte tem que dar essa força e não só esperar ser de graça, pra gastar com outras coisas, que geral gasta sem reclamar…”, ponderou.
“…é aquilo, a jaqueta da Nike geral compra do jeito que der, a do artista que ele mais ama ele sempre acha caro o preço. “