Um dos precursores do rap nacional, o grupo ConeCrewDiretoria retorna à cena para retomar a vanguarda do gênero após uma pausa de 7 anos. Formado pelos artistas MCs Ari, Batoré, Cert, Maomé e Rany Money e pelo beatmaker Papatinho, um dos maiores produtores da atualidade, o grupo celebrou a retomada em um vídeo divulgado nas redes sociais.
O grupo lançará um bundle de inéditas nesta terça-feira (24), formado pelas faixas “Bug do Milênio”, que chegará acompanhada de clipe, e “HINO”. O projeto marca oficialmente o retorno da ConeCrewDiretoria ao mercado da música com conteúdo inédito, além da assinatura com a gravadora Sony Music, com quem firmaram contrato artístico.
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Papatinho falou sobre a assinatura: “A gente tá muito empolgado com essa parceria com a Sony. A ConeCrew sempre foi um grupo independente e a gente tá amarradão de acompanhar os próximos passos. Mesmo tanto tempo com o grupo parado, os fãs sempre cobraram muito e continuaram apoiando a gente e temos essa responsabilidade com a nossa caminhada, com a nossa história”.
Sobre os próximos passos, começando pelo novo bundle recém-anunciado, o produtor musical completa: “Já estamos trabalhando num projeto novo muito legal. Nos reencontramos no estúdio depois de muito tempo sem produzir nada novo e esse é o primeiro lançamento de vários que estão vindo aí. A ´Bug do Milênio´ é uma música que é a cara da ConeCrew, que só o grupo pode fazer, por isso é a faixa que escolhemos pro nosso retorno. Mas teremos também a ´HINO´, que tem uma pegada mais moderna, mostrando que a rapaziada também está disposta a apresentar coisas novas”.
ConeCrewDiretoria: hits, parcerias e a continuidade do legado
Das pistas de skate do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro, o grupo foi aparecendo na cena underground da cidade. De CD em CD, os jovens artistas venderam 700 cópias a R$1,00 em ônibus, eventos e, sobretudo, na Lapa – bairro em que o rap deu seus primeiros passos e onde os seis tiveram suas primeiras vivências na rua.
Entre os sucessos, as faixas “Religião do Foda-se” e “Doce Doce” caíram no gosto de fãs de todo país por conta das letras incisivas, flows e a individualidade de cada artista.
Ari trazia sua voz para adicionar melodias às músicas, Cert tinha uma atitude marginal que conquistava os fãs, assim como a espontaneidade de Batoré e os flows marcantes e letras inteligentes de Rany Money. Maomé tinha grande notoriedade nas batalhas de rap e trouxe essa firmeza paras as músicas, sempre com uma produção impecável.
O beatmaker Papatinho foi ganhando notoriedade em todo mercado fonográfico por conta da sua produção. Autodidata, ganhou a primeira edição da “Batalha de Beats”, em 2008, e foi responsável por criar uma unidade para o som de um grupo com artistas tão diferentes.
Um dos precursores do rap nacional, o grupo ConeCrewDiretoria retorna à cena para retomar a vanguarda do gênero após uma pausa de 7 anos. Foto: Divulgação
O reconhecimento já era grande na cena do rap, mas tudo mudou por conta de uma estratégia assertiva. Foi em “Com Os Neurônios Evoluindo”, o álbum de estreia do grupo, que Papato criou algo memorável: sampleou um trecho de “I Put A Spell On You”, de Nina Simone, para o beat de “Chama os Mulekes”, o maior sucesso da ConeCrewDiretoria até hoje. Um clássico instantâneo, o clipe da música virou uma febre nacional.
Graças a este hit e outros, como “Rainha da Pista”, “O Mundo Dá Voltas”, “Sem a Planta” e “La pa Lapa”, o grupo foi líder em indicações do VMB 2012 e se apresentou nos principais palcos e festivais de todo Brasil, como o Lollapalooza, Planeta Atlântida e João Rock, justo em um momento em que o rap não tinha a abertura dos dias de hoje.
Além de grandes apresentações, a Cone conquistou grandes parcerias. Furando a bolha do rap, o grupo já colaborou com Anitta, Marcelo D2, Capital Inicial, Gabriel O Pensador, Marcelo Yuka e MC Guimê. A admiração era tamanha que Snoop Dogg, lenda do hip hop, apadrinhou o grupo. “Com Os Neurônios Evoluindo” foi um marco na história do rap brasileiro e os álbuns seguintes “Bonde da Madrugada Pt.1 e 2” também são sucesso de crítica e público. Sempre contra o sistema, o grupo chegou a um patamar nunca antes visto por artistas independentes e abriu caminho para uma nova geração de artistas.
