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Chameleo detalha seu 1º álbum “ECDISE” em um faixa a faixa especial

Projeto traz parcerias com Pabllo Vittar, Carol Biazin, Johnny Hooker, Alice Caymmi, Konai e Number Teddie.

Foto: mar+vin

Ecdise é o nome que se dá ao processo de transformação do exoesqueleto dos répteis. Essa transformação, essa muda, está relacionada ao crescimento desses animais. “ECDISE”, esse substantivo tão pouco pronunciado, é também o nome do primeiro álbum de Chameleo, que chegou às plataformas de streaming nesta quinta-feira (21). E não poderia haver palavra melhor para descrevê-lo.

As 12 faixas que compõem o projeto servem como uma passagem para embarcar em um capítulo da trajetória de Chameleo. Desde histórias da infância, passando por um tratamento de câncer na vida adulta, chegando aos encontros e desencontros amorosos com um pendejo argentino. Com uma variedade enorme de sons e produção rica, “ECDISE”, que começa e termina de forma explosiva, é uma cartada e tanto do artista. Uma aposta alta no pop brasileiro, que ganha novos ares com este trabalho.

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Foto: mar+vin

A viagem à sua própria história, no entanto, traz reencontros nem sempre tão fáceis com o passado. Chameleo falou ao POPline como foi esse processo:

“Nunca é muito confortável, mas quando a gente tá falando de renascimento e transformação, a gente tem que revisitar esses lugares para conseguir desabrochar, trocar de pele. Então, eu queria que o meu primeiro álbum fosse muito pessoal, muito mais focado na minha história mesmo e no que eu tenho pra dizer. Quero contar a minha história de uma forma pop, de uma forma bem Chameleo. Uma mistura de muitas coisas, do masculino com feminino, do pop com funk com rock. Foi libertador. Eu realmente me transformei.”

A decisão por um material altamente pessoal também foi o ponto de partida para a produção das músicas. Chameleo contou que desde que se decidiu por um álbum, logo elencou a quantidade de tracks do projeto e a temática que seria abordada em cada uma delas. Posteriormente, ele pensou em quem deveria convidar para compor ou produzir as músicas. Essa variedade de nomes nos créditos trouxe para o álbum uma versatilidade bem interessante, com momentos explosivos de pc music e música eletrônica, já outros de letras sexy e divertidas e outros bem densos e dramáticos.

Foto: mar+vin/Divulgação

“Eu precisava de pessoas que representassem esse ‘sopão de letras’ que sou eu. Não consigo escolher um só. Como vou fazer um álbum só pop se eu gosto de rock também? Tem o funk também! Por que eu tenho que escolher só um? Então ter vários produtores envolvidos no projeto combina muito bem com esse conceito, para que ele fique com sonoridades diferentes mesmo,” explicou.

Chameleo também falou sobre a escolha dos artistas que embarcaram nas parcerias de “ECDISE” junto com ele. De acordo com o cantor, Pabllo Vittar, Carol Biazin, Johnny Hooker, Alice Caymmi, Konai e Number Teddie também somaram no conceito diverso do disco:

“A escolha dos feats também tem a ver com isso, são bem inusitados e diferentes, apesar de terem um denominador comum: todos fazem parte da comunidade LGBTQIA+. Todo mundo ali tá levantando uma bandeira parecida, ainda assim fazem músicas que não necessariamente conversam entre si. Cada um em sua vertente, fazendo seu rolê; como eu também consumo todos esses artistas, eu quis trazê-los para causar essa ‘estranheza’ do tipo ‘nunca imaginei que ouviria Konai e Johnny Hooker em um mesmo álbum’.”

ECDISE: faixa a faixa nas palavras de Chameleo

elemefezassim feat. (Number Teddie)

“Quando escutei o beat da Vivian, a produtora, logo vi que era uma música de abertura, introdutória. Essa é uma música bem densa. Eu pensei, ‘na ecdise, o primeiro processo é você trazer para fora o que tá apodrecendo ali dentro, tudo que está guardado, todos os traumas e frustrações’. Então essa não é uma música que fala sobre uma coisa específica. Na verdade, ela é um vômito, uma limpeza de todas essas emoções que a gente acaba não botando pra fora. Sobre o Number Teddie, ele veio através da Vivian. Eu acho que a gente tem uma pegada muito parecida, de ter o pop, mas também ter uma coisa mais dark, então a gente sentou e escreveu a música juntos e foi incrível.”

TOKYO

“‘Tokyo’ é a aposta mais pop do álbum. Ela traz referência do j-pop, já que estou falando de Japão, e nela eu também queria muito falar sobre liberdade. Eu sou essa pessoa, sagitariano, que não consegue ficar parado em um lugar só e sou muito aventureiro. É uma brincadeira, como se uma amiga, um boy, uma girl falasse ‘vamos largar tudo e vamos pra Tokyo’ e eu iria. Eu quis unir essa sensação de liberdade com a minha paixão pelo Japão, principalmente os animes que eu vou trazer muito em referências no clipe.”

Enigma feat. (Carol Biazin)

“Um dos compositores, a Bibi, deu a ideia da gente fazer uma música em homenagem a minha gata, a Enigma. A partir daí a gente parou pra pensar como essa palavra, enigma, se encaixaria em alguma história que eu tenho pra contar. A música fala sobre esses lances enigmáticos e misteriosos das relações, que instigam uma curiosidade e até mesmo um joguinho, que nem sempre é muito saudável, mas tudo de uma forma bem leve e sexual. Eu queria muito uma voz feminina nessa música e para mim a Carol Biazin tem uma das vozes mais lindas do novo pop. Carol deu uma outra cara para ‘Enigma’. Quando ela mandou a voz gravada, ela mandou uns 50 canais de voz! É a nossa Ariana Grande!”

frequente(mente) feat. (Pabllo Vittar)

“É um divisor de águas na minha carreira. Foi quando eu senti que deveria fazer um álbum. A Pabllo sempre me falou isso, ‘faz um álbum e conta a tua história’. Depois de ‘frequente(mente)’ entendi que precisava fazer e ali tinha um grande começo. Essa música é sobre aquelas mentirinhas das relações, que você não quer desmascarar pra ver até onde o outro vai com a mentira. A Pabllo veio com o verso dela, um flow que eu acho que os fãs dela não estavam esperando. Eu sou e serei eternamente grato ao espaço que a Pabllo me deu, por ter acreditado em mim desde o começo. Ela me ajudou na minha auto aceitação de quem eu sempre fui. Essa música tem um lugar muito, muito especial.”

PENDEJO

“Ela traz um pouco da vibe que tinha antes de entrar no pop. Quis trazer isso pra quem me acompanha desde o começo. Eu amo uma gritaria! A história dessa música também é muito engraçada. Eu tava saindo com um boy que vivia uma vida dupla, ele namorava uma menina. A gente saiu umas cinco vezes por um mês e eu já tava emocionadíssima! Depois, um dia, a gente tava marcando para sair e ele falou ‘vamos, mas agora eu vou cobrar R$ 150,00 a saída’! Ele queria me cobrar! Risos! Ele era argentino e por isso eu fiz o refrão em espanhol pra ficar claro que era pra ele!”

outrolado (interlude)

“Parece um áudio de Whatsapp e é mesmo! Essa mulher é uma cartomante de Whatsapp e ela te descreve a partir de uma foto que você envia. Mas assim, é óbvio! Uma pessoa que olha pra mim vai falar o que? É gay, né! Mas nesse áudio, ele falou sobre isso como se fosse um segredo e eu achei engraçado. É sobre mim mesmo, por isso eu quis trazer porque também mostra esse lado cômico que eu tenho e ela também serve de introdução para ‘NHAC!’, que vem nesse contexto também.”

NHAC! feat. (Johnny Hooker)

“A gente escreveu essa música no violão e a princípio ela nem seria para mim, mas como ficou muito a minha cara, eu trouxe ela para o álbum. Quando fizemos a melodia, eu pensei ‘isso é a cara do Johnny Hooker e eu vou mandar pra ele’. Ele respondeu dizendo que achou um hit e que toparia gravar comigo. Ele tá pra lançar o álbum dele também e tá super nessa temática mais sexual e ele disse ‘se você deixar, vou colocar ela no meu álbum também’. Então ‘NHAC!’ também vai estar no álbum dele e isso é muito doido porque se você for no meu canal, o primeiro vídeo é eu cantando uma música dele!”

Palhaço feat. (Alice Caymmi)

“Todo mundo já esteve nesse lugar, principalmente as pessoas com uma personalidade mais excêntrica, divertida e caricata – e eu sempre me senti assim! Sempre sou a palhaça do grupo e acho que muita gente vai se identificar. Essa música diz muito sobre como eu me sinto em relações amorosas. Alice tem um ótimo senso de humor também e deu muitos toques na música; ela trouxe ideias de como deixar ‘Palhaço’ mais direta e para mim foi a cereja do bolo.”

Euforia

“É o meu rockzinho! Sempre fui apaixonado por rock e o gênero sempre teve influência na minha música. Escrevi ela em cima de um beat só e foi a última música a ser feita do álbum. Foi a primeira que eu comecei, mas a última que sentei para produzir. A música fala sobre ansiedade e como eu lido com as minhas crises. Ela é a mais curtinha, porque é quase uma passagem para a próxima fase do álbum.”

quarto branco feat. (Konai)

“Essa música tem o movimento dela. Eu quis trazer a sensação que eu tava sentindo quando escrevi a música, que é esse quarto branco de emoções. Me peguei em um momento em que eu não tava conseguindo sentir as coisas, nem triste e nem feliz. Eu estava nulo. Trouxe isso também na produção, uma grande mistura de barulhos e até barulho de telefone. Konai trouxe a parte dele, que complementou e deu uma quebra. Acho a voz dele muito sexy.”

ECDISE (interlude)

“Ela é uma agulhada, até mesmo para mim e meus amigos. Todos ficam em silêncio e rola aquela respirada toda vez que toca. Eu escrevi essa música durante o meu tratamento de quimioterapia. Como eu tava falando de transformação, e a minha começou na minha luta contra o câncer, eu queria trazer um texto que escrevi durante a quimioterapia para contextualizar. É um texto forte, mas super necessário, principalmente as pessoas que também estão passando por essa situação. Precisava passar essa mensagem de que a pele a gente troca. No texto eu falo de ecdise, por isso o nome da faixa e do álbum.”

Querido Eu

“É nessa música que eu faço as pazes com a minha criança viada lá de trás, sabe? Aquela que por tanto tempo eu reneguei, não aceitei e até tentei ser outra pessoa. Eu me senti muito culpado durante a minha infância por ser assim e isso fica muito marcado! É uma vida inteira para resolver essas coisas.”

Emoji de Fogo

“O mais óbvio seria acabar com ‘Querido Eu’, que é uma música que fecha o ciclo, né? É a despedida. Mas aí eu fiquei muito nessa dúvida, ‘será que eu quero acabar o álbum em um mood mais pra baixo ou quero voltar de surpresa e trazer todo mundo de volta pra pista?’. Imaginei até o formato do show, aquela última música que você não tá esperando, mas é muito necessária para realmente fechar? Então para mim ‘ECDISE’ tem esses dois finais: encerra um ciclo em ‘Querido Eu’ e depois te traz de volta, tipo ‘Levanta, viado! A gente não vai chorar!’.”

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