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Caio comenta barreiras para música com viés ancestral: “Ir contra o que a indústria semeia”

O cantor acredita que existe um insconsciente coletivo fechado para explorar outros ritmos musicais

Caio comenta barreira para música com viés ancestral: "Ir contra o que a indústria semeia"
(Foto: Instagram/@caiomusic)

O artista Caio é um dos defensores do que a indústria musical tem chamado de pop ancestral, ou tropical. No mês passado, ele dividiu vocais na música “Sente o Tambor”, com Daniela Mercury. No entanto, o cantor revelou ao POPline os desafios e as barreiras com que lida com os seus lançamentos uma vez que caminha “fora” do que o mercado determina como sucesso.

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(Foto: Instagram/@caiomusic)

Em um papo com o POPline, Caio revelou que uma das dificuldades de popularizar as músicas com viés ancestral é por conta do inconsciente coletivo. Afinal, a indústra promove uma repetição de estilos, movimentos e jeitos dentro do que é encaixado como “sucesso”.

“A gente não consegue competir com o inconsciente coletivo. Então, essa coisa de que existe um hábito, um gosto que está colocado no nosso inconsciente pela repetição é algo muito comum há muitos anos, desde sempre na indústria da música.

Para ele, o público se torna muito fechado quanto aos ritmos que estão fazendo sucesso naquele período e, assim, acabam não explorando novas possibilidades musicais. “Quando você não faz parte de uma cena que está com a construção de gênero, daquele gênero musical que é a prioridade do momento, existe mais desafios. Porque está todo mundo focado no mesmo objetivo“, pontuou.

“Curadoria de playlist, programação das rádios, podcasts, canais de YouTube, programas de TV, está todo mundo ao lado de um consenso. Então, acho que o maior desafio primeiro é você fazer um convite para audiência, conhecer um trabalho novo que está ali disponível”, adicionou.

Internet como aliada na democratização da música

Caio acredita que a internet pode ser uma forte aliada para expandir o olhar sobre a música. No entanto, o algoritmo a e necessidade de se injetar dinheiro para que aquilo cresça, também é um ponto que dificulta esse movimento.

Com essa necessidade máxima de obter lucro e faturar com lançamentos, a indústria musical acaba focando em pontos que apenas dão resultamos positivos. Por isso, até mesmo quando minorias são valorizadas, existe um lado negativo.

“O mercado musical, como a maioria dos mercados nessa lógica capitalista, trabalham o produto musical focando naquilo que eles sentem que precisa ter resultado financeiro. E aí, pegam um ritmo, sugam ele até o caroço. Depois que o público enjoa, começam a surfar em outras ondas”, explicou.

Mesmo com os desafios, Caio segue confiante com o seu trabalho. “Eu acredito muito no som que eu venho construindo. Tenho tentado trazer de uma maneira pop, o que a gente chama desse pop ancestral ou pop tropical, que flerta com esse som de música brasileira”, comentou.

“Apesar de ter um consenso coletivo, que às vezes não está tão aberto por nem está sendo incentivado a ouvir esse som diferente, a gente tem que ir buscando caminhos para apresentar o trabalho e furando bolhas. À medida que as pessoas vão descobrindo o que elas gostam, a gente consegue entregar a mensagem.”, disse ele.

Caio, então, explicou que é um desafio ir contra a trajetória criada pela indústria. No entanto, ele acredita que seja possível construir um mercado mais acolhedor para outros ritmos. “O maior desafio é você ir contra o que toda uma indústria semeia por anos, buscando lucrar a partir de certos gêneros específicos. Mas há caminhos”, encerrou.