Além de tecer críticas sobre a indústria do K-Pop, Suga revelou em sua entrevista para Weverse Magazine que, no passado, ele não gostava de ir à premiações norte-americanas. Desde 2017 o BTS marca presença em eventos nos Estados Unidos, com direito a prêmios no BBMAs, performances no AMA e indicações ao Grammy.
Sincero, Suga disse que costumava “sentir medo” do mercado musical para além da Coreia do Sul. Lembrando que o BTS debutou em 2013, mas apenas em 2017 que passou a viralizar nas paradas musicais do Ocidente.
“O que mudou na minha visão desde a primeira vez que fui em uma cerimônia de premiação da música norte-americana foi que eu estava realmente com medo do maior mercado musical do mundo. Mas, quando eu olho para trás agora, eu não acho que tinha nenhum motivo para me sentir tão intimidado. Para ser sincero, eu comecei a gostar das cerimônias de premiação apenas agora. Lá atrás, eu não conseguia“.
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Suga critica agências por transformar idols em “produtos”
Suga está na indústria há mais de 10 anos, primeiro atuando como trainee da Big it Music e depois com o BTS a partir de 2013. Nesse meio tempo, a produção musical também ganhou espaço — assim como a carreira solo através dos álbuns “Agust D” e “D-2“.
Durante a entrevista, ele também foi questionado sobre “quais passos ele acha necessário para os artistas que virão após o BTS“. Foi quando refletiu sobre o desgaste e falta de retorno financeiro mesmo com a grande demanda de compromissos profissionais.
“A forma como os artistas trabalham parece tão difícil. Eles fazem uma aparição em um programa de música diferente todos os dias assim que o período promocional começa, o que significa que a exaustão que os artistas enfrentam é enorme e que a fadiga geralmente resulta em lesões a medida em que aumenta. Esse tipo de programas de música existe para fins promocionais, então não é como se os artistas pudessem ganhar uma renda adequada com eles. Além disso, apesar de toda a promoção, não há nenhum resultado visível, então eles inevitavelmente perdem a moral”.
“Precisamos de muitas melhorias na indústria e no seu sistema“, apontou Suga, opinando também sobre as questões de proteção legal com os artistas.
“Se possível, seria bom ter uma das performances com altíssima qualidade, mesmo que fosse apenas uma, mas nesse ambiente, eu diria que é muito difícil. E uma vez que o nosso trabalho não se encaixa na concepção comum de trabalho, há limites ambíguos quando se trata de questões de proteção legal“.
Na sequência, o integrante do BTS celebrou fazer parte de uma agência que atende aos pedidos e escuta seus artistas. “Tanto nós quanto a gravadora sabemos até certo ponto quais tipos de atividades seriam melhores, comercialmente falando”. Mas não deixou de ressaltar que tudo envolve muito esforço físico e mental.
“A questão é se o corpo pode suportar isso ou não. Se o cansaço aumentar conforme você faz continuamente essas atividades promocionais, é difícil fazê-las da maneira que você fazia quando debutou. Nesse caso, acho que a agência deve acomodar ativamente as opiniões dos artistas sobre o que eles conseguem e não conseguem fazer“.
E para Suga, essa falta de comunicação é o “maior problema e isso está destruindo a indústria”.
“Ouvi dizer que houve momentos em que uma certa gravadora apenas dizia “Faça”, sem nenhuma explicação para o artista, ou ainda dizia “Por que você está falando tanto?”. Acho que esse é o maior problema e isso está destruindo a indústria. Se você vê o artista apenas como um produto, como eles podem fazer algo criativo? Eu realmente acho que é muito contraditório pedir às pessoas no palco que façam uma performance agradável quando elas não estão vivenciando nem satisfação, nem diversão”.