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Avril Lavigne: “Let Go”, a bíblia pop-punk dos jovens dos anos 2000, completa 20 anos

Trabalho de estreia ganhou reedição comemorativa com faixas adicionais

Avril Lavigne participa pela primeira vez do "The Tonight Show with Jay Leno" em 2002 (Créditos: Kevin Winter/Getty Images - Uso autorizado POPline)

Você piscou e “Let Go“, álbum de estreia da Avril Lavigne, completou 20 anos. A bíblia pop-punk dos jovens dos anos 2000 manteve o frescor e a sensação de urgência de todo adolescente. E acaba de ganhar uma edição remasterizada e faixas adicionais. Inegavelmente, a influência daquelas canções impactou o processo de composição de nomes como Olivia Rodrigo e Willow Smith. Mas para entender o que torna este álbum de estreia tão especial, é preciso retroceder até a virada do milênio.

Um álbum de estreia que gerou uma série de hits eternos (Créditos: Sony Music Entertainment)

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Enquanto o grunge dominou a primeira metade dos anos 1990, os anos seguintes testemunharam a ascensão do pop produzido para boy bands e cantoras emergentes do Clube do Mickey. Mas a chegada do ano 2000 indicava que uma nova guinada estava prestes a acontecer.

O sucesso de “All The Small Things” (blink-182) abriu portas para que, no ano seguinte, as paradas de sucesso fossem escaladas por outros dois hits: “Fat Lip” (Sum 41) e “The Middle” (Jimmy Eat World). A natureza despreocupada do pop-punk começava a dar sinais de que este som tinha potencial para atrair uma grande parcela do público.

Antes de mais nada, é preciso ressaltar que foi este público jovem que fomentou a decolagem do pop-punk. Não era apenas um som novo, mas as letras dialogavam com o universo dos adolescentes – que talvez tivessem seus anseios atendidos pelos hits das estrelas pop da época.

O sonho da carreira artística nos Estados Unidos

A primeira vez de Avril Lavigne no extinto “TRL”, da MTV norte-americana, em agosto de 2002 (Crédito: Scott Gries/Getty Images – Uso autorizado POPline)

Avril Lavigne cresceu em uma cidade chamada Napanee, no interior do Canadá. Com apoio dos pais, teve suas primeiras experiências musicais na igreja e passou a participar de concursos de talentos. Ao mesmo tempo, passou a andar de skate e conviver com outros jovens que desejavam ir para outros lugares.

Aos 16 anos assinou com seu primeiro empresário que enviou uma fita VHS a um caça-talentos nos Estados Unidos. A notícia chegou aos ouvidos de Antonio “L.A.” Reid, então diretor-geral da Arista Records, que arranjou um contrato para dois álbuns.

No fim de 2000, Avril Lavigne abandona a escola e viaja para Nova York com seu irmão. Mas as gravações do primeiro trabalho começariam apenas em maio de 2001 e se estenderiam por longos dez meses.

Recém-saída do ensino médio, a aspirante já escrevia suas letras – o que tornou-se um problema. Pois os produtores e co-autores não esperavam uma sonoridade rock tão urgente (ou talvez acreditassem que fariam a maior parte do trabalho).

De fato as primeiras sessões não foram fáceis. Posteriormente, Avril foi para Los Angeles, onde conheceu os compositores Clif Magness e Lauren Christy. A dupla entendeu o que a artista pretendia com suas canções: as emoções, angústias, amores e desamores que todo adolescente vive. Era importante que soasse real e autêntico.

Tem espaço para meninas no pop-punk?

Ao fim das gravações de “Let Go“, a gravadora mandou “Complicated” para as rádios como o primeiro single. A escolha provou-se certeira e atingiu variados públicos. O videoclipe, que mostra a cantora e sua banda causando estragos em um shopping center, permaneceu semanas como o mais assistido na MTV e provou que a cena pop-punk não era apenas um “clube do bolinha”. Além disso, alcançou a 2ª posição na Billboard Hot 100. Nada mau para uma estreia, não?

Logo depois foi a vez de “Sk8er Boi” chegar às rádios, ainda que à revelia dos programadores. No entanto, a avalanche de pedidos dos fãs quebrou a resistência que havia e provou-se mais um acerto ao repetir o feito do single anterior e alcançar o 1º lugar da parada de rádios mainstream.

I’m With You” foi o terceiro single de “Let Go” e foi lançado perto do Natal para que, comercialmente, agradasse aos pais e que os fizesse comprar o álbum para os filhos. A balada chegou ao 4º lugar da Hot 100 e foi a terceira faixa a liderar a parada de rádios mainstream.

Losing Grip” foi lançado como a última faixa de trabalho, servindo de ponte para o álbum seguinte. Músicas como “Mobile“, “Things I’ll Never Say“, “Unwanted” e “Nobody’s Fool” ganharam lançamentos moderados em países específicos.

Let Go” é, até hoje, o maior êxito comercial de Avril Lavigne. Além de ter chegado ao 1º lugar das paradas britânica e canadense, além do 2º posto nos Estados Unidos, o álbum vendeu 16 milhões de cópias mundialmente. Além disso, foi bem recebido pela crítica que, na maioria das vezes, destacou a “astúcia musical de Avril muito além de seus 18 anos“.

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Com o reconhecimento, as principais premiações reservaram múltiplas indicações à Avril em 2002. No MTV Video Music Awards saiu vencedora na categoria Artista Revelação. Já no World Music Award venceu como Artista Pop/Rock Canadense.

No ano seguinte, arrancou cinco indicações no Grammy Awards, incluindo Artista Revelação, Álbum Pop e Canção do Ano por “Complicated” (embora não tenha levado). Porém teve melhor sorte no Juno Awards, onde levou 4 das 6 categorias, incluindo Álbum do Ano e Artista Revelação.

Legado e reconhecimento

A estrela marcou presença no Grammy 2003 (Crédito: Evan Agostini/Getty Images – Uso autorizado POPline)

Neste momento em que a energia do punk-pop voltou a aparecer em trabalhos de Machine Gun Kelly e Yungblud, a influência de Avril Lavigne é mais sentida entre a nova onda de jovens cantoras compositoras. “Good 4 U“, da Olivia Rodrigo, é claramente baseada em “Sk8er Boi“.

Nesse meio tempo, Willow Smith cita Avril como uma grande referência; enquanto Billie Eilish prestou tributo à canadense após conhecê-la em 2009. “Obrigada por me fazer o que sou“, escreveu em seu Instagram.

A estrela relança nesta sexta-feira (3) “Let Go” com faixas adicionais, incluindo sua versão de “Breakaway“, que ficou famosa na noz de Kelly Clarkson, e que ganhará um lyric video neste sábado (4).

Em tempos de músicas feitas para hitar no TikTok, Avril Lavigne é um grande exemplo de uma jovem artista que procurava se expressar e que criou, à sua maneira, a impressão do que um artista pode (e deveria) ser no mainstream: aquele que transforma suas inseguranças em arte. E que toca o coração de milhões de pessoas.