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Autor Jared Amarante aborda gênero e raça no livro “Ariel – a travessia de um príncipe trans e quilombola”

Para o autor, o livro é “um gesto de gratidão por tudo que os corpos trans e travestis fizeram desde o início dos movimentos LGBTQIA+”.
Foto: Divulgação

Representatividade é tudo e é cada vez mais importante, em um mundo cada vez mais intolerante. E com o livro “Ariel – a travessia de um príncipe trans e quilombola”, o autor Jared Amarante promove representatividade e inclusão ao abordar gênero e raça de uma forma lúdica e mais do que importante.

Jared Amarante

Jared Amarante (Foto: Divulgação)

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“Ariel” é o sexto livro de Jared Amarante, que ganhou uma competição mundial de poesia em 2010 e é conhecido por abordar questões sociais delicadas de forma única em suas obras. Apesar de seu trabalho anterior, “Ariel” é o seu primeiro livro voltado para o público infantil e adulto.

A narrativa do livro retrata a vivência de Ariel, nomeado Ariele pelos pais, um menino transexual, gordo e preto que percorre sua ancestralidade ao chegar no Quilombocéu. É uma história forte e mais do que importante para crianças e jovens trans, gordos e pretos de todo o mundo, que lutam pelo reconhecimento social e legitimação de suas identidades.

Ariel - a travessia de um príncipe trans e quilombola

Foto: Divulgação

É também uma forma de educar os demais públicos, que talvez não se sintam representados no personagem de Ariel, a compreender e respeitar pessoas de diferentes identidades de gênero, raça e corpos.

“Ter uma obra como essa, publicada no país que mais mata pessoas trans, é corajoso e necessário. Porque o Brasil tem um desejo de matar esses corpos, começando a demonizá-los, a não querer falar da diversidade, a achar que pessoas trans e travestis são sinônimos de perversão e maldade. Esses estigmas cruéis são inadmissíveis e afetam o pensamento do coletivo. Ariel vem, como o propósito de somar vozes, colocando os corpos trans como realeza, porque o são”, afirmou o autor ao POPline.

Reparação histórica

Bandeira LGBTQIA+

Bandeira LGBTQIA+ (Foto: Reprodução Internet)

Uma obra como “Ariel – a travessia de um príncipe trans e quilombola”, além de tudo, é uma forma de se tentar trazer uma reparação histórica, através da literatura. E Jared Amarante sabe bem disso.

“‘Ariel’ é parte da minha reparação histórica como um corpo cis, magro e branco. Acredito que o mundo só será mais justo quando não tivermos preguiça de buscarmos o conhecimento, porque lugar de fala sem conhecimento, é reprodução de violência”, afirmou o autor.

“Essa obra significa muito para mim, além de ser um gesto de gratidão por tudo que os corpos trans e travestis fizeram desde o início dos movimentos lgbtqia +. Sabemos que essas coletividades lideraram e estiveram à frente do campo de batalha para que os gays pudessem estar aqui hoje, um pouco mais livres. Eu reverencio as pessoas trans.”

E essa reparação histórica vem também na pegada jornalística que “Ariel” traz, com várias entrevistas com homens e mulheres trans de todo o Brasil, que contam sobre suas vidas, trajetórias, dificuldades e sonhos.

Aprovação da comunidade LGBTQIA+

“Ariel – a travessia de um príncipe trans e quilombola” já nasce grande. Abordando temas importantíssimos de forma sensível, lúdica e educativa, a obra tem o apoio e aclamação de vários nomes da comunidade LGBTQIA+, como Jup do Bairro, cantora e compositora, Tarso Brant, ator trans, Thales Alves, primeiro homem trans, preto e gordo a participar do Masterchef e muitos outros.

As ilustrações da obra, tão sensíveis quanto seu enredo, são assinadas pelo artista e ilustrador Nathan Henrique, homem trans e preto.

“Está é uma obra cujo propósito é trazer pertencimento e autoestima aos corpos pretos, trans e gordos e, também, educar a criança que mora no adulto. Esse livro é minha contribuição na luta antirracista. É também uma denúncia de um mundo transfóbico e gordofóbico”, afirma Jared Amarante.

“Ariel – a travessia de um príncipe trans e quilombola” é uma publicação da editora Giostri.

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