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Associação de travestis pede cancelamento de “Lili”, música transfóbica de sertanejos

Pedro Motta e Henrique causam polêmica com letra de teor transfóbico.

(Foto: Divulgação)

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais divulgou uma carta aberta se posicionando contra a dupla sertaneja Pedro Motta e Henrique, que lançou uma música transfóbica neste fim de semana. A faixa se chama “Lili” e conta a história de um homem que se sente enganado ao descobrir que sua amada é uma mulher trans.

Leia a carta da associação na íntegra:

Pedro Motta e Henrique, tudo bem?
Somos da Associação Nacional de travestis e transexuais, uma instituição que atua pela defesa dos direitos humanos das pessoas trans no Brasil.
E gostaríamos de conversar com alguém a respeito desta música LILI, que se utiliza do que temos chamado de transfobia recreativa para promover violência simbólica e psicológica através da chacota contra a população de travestis brasileiras.
Talvez vocês não saibam mas o Brasil é o país que mais assassina travestis do mundo por ódio que muitas vezes esse áudio é incentivado por isso tipo de piada de extremo mau gosto.
Estamos a disposição para o diálogo. E a nossa recomendação é que desde já a vocês cancelem o lançamento e a divulgação pois a música é flagrantemente discriminatória.
Acreditamos que é possível que tenham se equivocado na produção desse tipo de conteúdo e por isso estamos entrando em contato para podermos tirar as dúvidas sobre o porque ela ser problemática.
Aguardamos retorno.

Dupla sertaneja lança música com letra transfóbica
(Foto: Reprodução / Facebook Pedro Motta e Henrique)

Política travesti também se posiciona

A co-vereadora intersexo Carolina Iara, da bancada feminista do PSOL, também gravou um vídeo para dar seu parecer sobre a música “Lili”.

“O refrão é ‘fui enganado, me apaixonei por UM travesti’. Nisso já existem vários problemas. Fazer uma música dizendo que as pessoas trans não são de verdade, que elas são enganação, já é um problema. Você tratar as pessoas travestis no masculino é outro problema. E aí tem um terceiro problema, muito grave: essa narrativa de que os homens saem conosco enganados. Isso é mentira, gente. O Brasil é campeão de consumo de pornografia trans no mundo. É aqui que mais se consome pornografia de travestis e transexuais. É aqui também que mais se mata travestis e transexuais, em maioria em seus locais de trabalho, a prostituição”, aponta Carolina.

Pedro Motta e Henrique tentam se desculpar

A dupla postou um vídeo no Instagram para tentar se desculpar – cometendo ainda mais equívocos. “Estão nos chamando de homofóbicos. Gente, de forma alguma! Nunca vocês ouviram que Pedro Motta e Henrique é homofóbico. Pedro Motta e Henrique está zoando a pessoa” (sic), disse Pedro, ignorando a diferença entre sexualidade e identidade de gênero.

Henrique disse que a dupla “até tem muitos amigos gays”, mas que eles não vão dizer publicamente que apoiam a música para não serem bombardeados.

“A gente não está aqui pra menosprezar a imagem de vocês. A gente fala que o amor da nossa vida é um travesti, né, parceiro, e não sabíamos. Ou é uma travesti, como vocês estão falando. A gente pede desculpa a todos que estão nos interpretando mal. Sei que vai ter muita crítica nesse vídeo mas, de forma alguma a gente veio pra menosprezar a imagem de vocês”, falou Pedro.