Alfonso Herrera quer sua atenção. Não se trata de um filme ou uma série novos. Muito menos da turnê do RBD (que, pela enésima vez, ele não vai participar). O astro de séries como “Sense8”, “A Rainha do Sul” e “Ozark” usa sua imagem e sua voz para direcionar os olhares dos fãs (são 4,1 milhões de seguidores só no Instagram) para o drama dos refugiados em todo o mundo.
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O ator mexicano vem de uma missão na Polônia, Ucrânia e Eslováquia, como Embaixador da Boa Vontade da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Testemunhou de perto as consequências da guerra, e voltou ao México inspirado a conseguir mais doações para os programas realizados na região. “Eu jamais me imaginei em um país em guerra. Por um lado, voltei entusiasmado, voltei com esperança, por causa do grande trabalho da ACNUR”, Alfonso conta ao POPline em entrevista por videochamada.
“Voltei inspirado pelo trabalho das pessoas que estão em campo dando assistência legalmente e proporcionando moradia, direcionando todas essas pessoas afetadas pela guerra a terem suas necessidades básicas cobertas. Isso por um lado. Por outro lado, também, com o coração desfeito, pelas histórias de separação. A guerra destrói tudo. A guerra destrói prédios, famílias, corpos, mentes, destrói tudo. As consequências são brutais e vê-las em primeira mão é impactante”, completou.
Alfonso Herrera é um ativista pela paz
Poncho, apelido carinhoso pelo qual é tratado pelo público desde a juventude, aprendeu cedo que poderia usar sua visibilidade para conscientizar as massas. No auge do RBD, costumava fazer um discurso anti-guerra em todo show. Rodou o mundo questionando “para que fazer a guerra se a paz não custa?” em arenas e estádios lotados de adolescentes. Já estava ali a semente do trabalho social que assumiu na maturidade.
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“Eu sempre vou me inclinar pela paz”, frisa o artista. Ele admite, no entanto, que passou a enxergar as complexidades do tema com o passar dos anos. “As implicações e as afetações da guerra continuam latentes quando a guerra acaba, porque as pessoas que perderam tudo vão continuar precisando de ajuda – de saúde, de saúde mental”, observa. Ou seja, fazer a paz também tem um custo.
POPline – Você já trabalha com ACNUR há anos. O que te motivou a aceitar esse trabalho, que é diferente do trabalho artístico que você sempre fez?
ALFONSO HERRERA – Como toda relação, as relações vão sendo nutridas pouco a pouco, e vão se criando e se ajeitando com o passar do tempo. Foi assim com a ACNUR. Comecei a colaborar com a ACNUR em 2017 com algumas interações pelas redes sociais, depois tive a oportunidade de visitar os escritórios no México e me explicaram o que faziam e como faziam. Depois me convidaram para uma viagem à América Central e, por fim, para ser embaixador da boa vontade. Mas o trabalho já havia sido feito. Foi um relacionamento bastante orgânico e bastante positivo. E, ainda que soe piegas, bastante lindo. Bem, foi assim. Espero que venha um relacionamento a longo prazo e que dure muitos anos mais.
POPline – Sua família tem histórico de trabalhos sociais?
ALFONSO HERRERA – Bem, meu pai era odontologista aposentado. Ele trabalhou no Instituto México de Seguro Social e fez algum trabalho semelhante, viajando pelo México. De alguma forma, o Seguro Social tinha planos e programas de apoio em zonas rurais. Mas tô te falando dos anos 70, final dos anos 60.
POPline – Você vem da viagem a Ucrânia, Polônia e Eslováquia. Já conhecia esses países?
ALFONSO HERRERA – Já havia tido a oportunidade de ir a Polônia. Há alguns anos, fui a Lublin e a Varsóvia, mas em uma situação completamente diferente.
POPline – Quando estava preparando a entrevista, me lembrei que em 2006 você repetia sempre a frase “para que fazer guerra se a paz não custa nada?”. Mantém esse pensamento ou hoje acha que existe um custo para fazer a paz?
ALFONSO HERRERA – Te digo que o pensamento se torna mais complexo. É isso. É importante dar visibilidade a todas essas pessoas que perderam tudo, porque as doações se traduzem nisso, em apoio. E eu vi, em primeira mão, eu vi. É importante comunicar à região isso. Independente de ser um lugar a milhares de quilômetros, como em “Sense8”, o que acontece aqui também ocorre lá, e nós estamos conectados de alguma forma. Se podemos apoiar… Temos uma grande oportunidade de sermos solidários, empáticos e poder apoiar.
POPline – Já vi várias vezes que você aproveita temas do momento na mídia para chamar atenção das pessoas para ACNUR. Essa é uma estratégia combinada com a agência ou é ideia sua?
ALFONSO HERRERA – Eu vou fazer o que for necessário para poder dar visibilidade e poder apoiar os refugiados. Farei o que for necessário para poder utilizar as plataformas que forem para dar visibilidade e poder mudar a vida das pessoas. Se está ao meu alcance, continuarei fazendo.
POPline – Como seus seguidores recebem este conteúdo?
ALFONSO HERRERA – Se recebem, é maravilhoso.
POPlie – É possível traçar paralelos entre a situação dos refugiados na Europa e o contexto na América Latina?
ALFONSO HERRERA – Olha, a situação na América Latina é algo bastante importante, e acho que temos que tratar deste ponto. Se falamos da América Latina, a região acolhe 20 milhões de refugiados, solicitantes de asilo e deslocados internos. Então, não é menor. Também é uma situação que precisa de atenção. Mas o que ocorre na Ucrânia, na nossa região e em diferentes partes do mundo, tem a mesma importância. É preciso continuar dando e implementando apoio, independentemente se estamos pensando em sul-americanos, Ucrânia, América Latina. Tudo é importante. O importante é apoiar.
POPline – Como as pessoas podem apoiar ACNUR e os refugiados hoje?
ALFONSO HERRERA – Doando pelo site. Doando, porque as doações se traduzem em assistência legal, moradia, comida, em questões muito básicas, como te mencionei, assistência em temas de saúde mental, incorporar essas pessoas nessas cidades de acolhida de maneira orgânica, digna e respeitosa. Sempre há uma maneira. Mas, afinal de contas, doando, porque essas doações se traduzem em apoio.
POPline – Você tem planos de vir ao Brasil com a ACNUR? Também é uma questão aqui o tema dos refugiados. Temos cerca de 65 mil refugiados hoje.
ALFONSO HERRERA – Estamos conversando para poder ir ao Brasil e dar visibilidade à situação que se vive aí, especificamente de pessoas que fugiram da Venezuela.