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YouTube divulga relatório que mostra como brasileiros criam e consomem música na plataforma

Foto: Divulgação/YouTube

O sucesso de uma canção era medido pelo número de cópias vendidas. Atualmente, o êxito de uma produção pode ser calculado pelas visualizações. Mas o que explica os grandes alcances? O YouTube divulgou o relatório ‘YouTube Vibes’, que nessa nova edição tem como tema ‘Música ao Infinito’, que mostra as possibilidades da música por meio da livre circulação de conteúdos gerados pelos usuários. 

A pesquisa é uma parceria entre float e o YouTube que lança luz sobre diferentes experiências musicais e discute como a reinterpretação de hits pode fazer crescer todo um ecossistema.

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Segundo o relatório, um dos motivos para explicar os grandes alcances das músicas no meio digital é o cruzamento entre as mídias sociais e plataformas de streaming, que geram um impacto direto sobre a descoberta musical e, também, sobre o crescimento do fandom de artistas

O estudo também aponta que outra razão é a própria dinâmica da internet: o algoritmo potencializa os fluxos entre comunidades de fãs e criadores, estendendo a longevidade de um hit. No YouTube, todos esses elementos e experiências se amplificam e criam uma espécie de multiverso musical.

Think with Google. Fonte: Google/Offerwise, Brasil, Estudo YouTube Vibes Music n=1,000 A18-64 GenPop video users, Pesquisa realizada em Janeiro, 2023.

O documento explica que esse multiverso inclui criação e socialização, e vai além de artistas e gravadoras, para fomentar todo um ecossistema de criadores. Videoclipes, shows, covers, resenhas, curiosidades, tutoriais, coreografias, paródias e remixes ampliam e transbordam os limites das canções. E, ao mesmo tempo, ainda segundo o ‘YouTube Vibes’, expandem o protagonismo da obra, dando aos fãs a oportunidade de serem coautores do sucesso dos seus ídolos.

Confira 3 insights do relatório ‘YouTube Vibes’:

‘Vibe 1: Descentralização musical’

Para começo de conversa, o relatório é enfático: ‘a potência da música está na comunidade’. O ‘YouTube Vibes’ analisa que na década de 1980 os talentos emergiam de cima para baixo, ou seja, dos executivos das gravadoras para os ouvintes, na década de 2020 essa lógica virou de ponta-cabeça, com os fãs conduzindo a tomada de decisões. 

Um exemplo da descentralização musical citado pelo estudo é como o K-pop vem incorporando a linguagem das fancams (vídeos filmados e editados por fãs com foco em membros dos grupos) e dos challenges (vídeos que mostram as pessoas realizando desafios diversos). O documento fala que com potencial de bilhões de visualizações, muitas gravadoras e artistas absorvem esses registros amadores em seu conteúdo oficial. Dessa forma, os fãs também acabam sendo criadores.

O relatório mostra que quando uma música se torna um grande sucesso, uma onda de covers surge quase imediatamente. O ‘YouTube Vibes’ cita o criador TINN que deu seu ponto de vista na narrativa de ‘Acorda Pedrinho’, da banda Jovem Dionísio. Assim, o estudo declara que um cover não é mais “apenas” uma homenagem, mas também um convite ao diálogo, mudando o ponto de vista da narrativa e provocando novas interpretações para uma canção.

Think with Google. Fonte: Google/Offerwise, Brasil, Estudo YouTube Vibes Music n=1,000 A18-64 GenPop video users, Pesquisa realizada em Janeiro, 2023.

No entanto, as cocriações não acontecem apenas com novas letras ou versões. O relatório cita o criador Raphael Vicente, que fez enorme sucesso ao desenvolver uma coreografia para ‘Waka Waka’, de Shakira, e gravar um clipe na favela da Maré, no Rio de Janeiro, onde mora. O vídeo, que tem mais de 241 mil visualizações, chamou a atenção da cantora colombiana, que o compartilhou em suas redes sociais.

O ‘YouTube Vibes’ mostra que quando a criatividade dos fãs mais engajados passa a ser reconhecida, a indústria da música se aproxima da dinâmica criada pela indústria dos games, que coloca a comunidade no centro.  Assim, cria-se um novo lugar onde criadores e fanbases, que são tratados como potencializadores de uma obra ou incubadoras de inovação. O estudo ainda diz que em tempos de descentralização musical, é importante não subestimar o poder criativo de fãs engajados.

‘Vibe 2: Transes sonoros’

‘Nostalgia musical e seus efeitos entorpecentes’. Segundo o relatório, se antes os gêneros musicais definiam a personalidade e o estilo de alguém, atualmente o gosto sonoro é mais um efeito ambiental, o que o estudo define como ‘uma vibe’.

Em tese, a abundância de artistas na era do streaming ampliou também o vocabulário de músicas, permitindo encontrar o som perfeito para cada estado mental que o ouvinte deseja viver e alcançar. Com isso, segundo o documento, a música passa a ser, portanto, uma linguagem para criar experiências, interações e novas emoções com consumidores.

Think with Google. Fonte: Google/Offerwise, Brasil, Estudo YouTube Vibes Music n=1,000 A18-64 GenPop video users, Pesquisa realizada em Janeiro, 2023.

O Lo-Fi, que vem da expressão em inglês low fidelity, referindo-se à baixa qualidade e complexidade do som, ganha destaque nesse contexto, como aponta o relatório. Remixes e playlists cheios de texturas sonoras e visuais, distorções, efeitos abafados e ruídos analógicos são acompanhados de vídeos com imagens melancólicas ou nostálgicas. O canal No Banheiro da Festa, por exemplo, traz diversas versões de músicas com o som editado para transmitir a sensação de que você está em uma balada, mais especificamente, no banheiro da festa.

O ‘YouTube Vibes’ cita o criador Felipe Satierf revisita clássicos da música brasileira, criando remixes em versões Lo-Fi, com uma estética de animes dos anos 1990 e imagens dramáticas. Esta versão de ‘Gostava tanto de você’, de Tim Maia, por exemplo, mistura imagens reais de uma cidade com animação e ainda traz uma caricatura do cantor, com pitadas de psicodelia. O vídeo contabiliza mais de 12 milhões de visualizações.

‘Vibe 3: Batida das ruas’

‘Vibrando a cultura da espontaneidade rítmica’. O ‘YouTube Vibes’ fala que os paredões automotivos, rodas de samba, batalhas de rima, bailes de voguing, serestas, entre outros,  são expressões musicais que trazem uma conexão com a cultura local, popular, bairrista, periférica, representativa e ancestral. Depois de dois anos de isolamento, o interesse nesses sons está vibrando com mais força e reflete orgulho identitário, laços sociais e históricos.

Think with Google. Fonte: Google/Offerwise, Brasil, Estudo YouTube Vibes Music n=1,000 A18-64 GenPop video users, Pesquisa realizada em Janeiro, 2023.

No YouTube, canais como o de Raffael Ribeiro dão  oportunidade aos usuários de conhecer grupos como o Maracatu Cambinda Brasileira, agremiação tradicional de Nazaré da Mata, Pernambuco. Em seu canal, ele divulga músicas, festas e as danças dos caboclos.

O documento cita que a espontaneidade do rap e das batalhas de rima também ganha mais amplitude na internet. A Batalha Da Aldeia é um encontro que acontece semanalmente nas noites de segunda-feira, na Praça dos Estudantes no centro de Barueri, na Grande São Paulo. Com quase 4 milhões de inscritos, o canal do evento deixa registrado todos os embates freestyle e, dessa forma, consegue dar mais visibilidade aos artistas que participam das disputas.

O estudo revela que no meio da mesmice e pasteurização musical, a criatividade do improviso se estabelece como forma de resistência e celebração. Entre a cultura popular e a contracultura, a batida das ruas se apresenta como um convite para o ouvinte sair de casa com a ajuda do YouTube.

Música ao infinito

A internet abriu novas possibilidades de fazer e consumir música. O relatório diz que no YouTube, ela adquire um potencial exponencial, com o engajamento e criatividade dos fãs na propulsão de hits, com o poder de acessar múltiplos estados psíquicos, e com o renascimento da cultura musical popular das ruas em um cenário que pode parecer homogeneizante.

Os insights mostram que o YouTube é epicentro das transformações que abrem novas possibilidades de conexão e diálogo com o público consumidor.

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