O filme “My Policeman”, segundo longa-metragem com Harry Styles a chegar aos cinemas em 2022, está na programação do Festival do Rio, e o POPline teve a oportunidade de assisti-lo. Como se sabe, o filme é baseado no livro de mesmo nome escrito por Bertha Roberts, e ganhou direção de Michael Grandage (de “O Mestre dos Gênios”).
Alerta de spoilers!
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A história se passa em dois períodos de tempo diferentes – passado e presente – com dois elencos distintos para interpretar os personagens principais Tom, Marion e Patrick. Harry Styles, Emma Corrin e David Dawson vivem os personagens na juventude, em Brighton, Inglaterra, na década de1950. Linus Roache, Gina McKee e Rupert Everett interpretam os mesmos papéis na velhice, décadas mais tarde.
O início da história
“My Policeman” começa mostrando Patrick, velho, inválido e sem conseguir falar, chegando em uma ambulância na casa de Marion e Tom. Ela decide acolher Patrick apesar de não vê-lo há anos, pois ele teve um derrame e não tem ninguém para cuidar dele. Tom, porém, é contra a ideia e evita até ver Patrick.
Paralelamente, o filme mostra os três personagens no passado, ainda jovens. A professora Marion era amiga da irmã do policial Tom, e os dois se conheceram na praia. Ela já era a fim dele, e Tom se ofereceu para ensiná-la a nadar. Ela, por sua vez, o leva para a biblioteca para ler. Em seguida, Tom a leva para um tour privado em um museu, onde o curador Patrick é seu amigo. Os três viram amigos e passam a sair juntos. Marion é apaixonada por Tom, mas acha esquisito que, embora eles pareçam um casal, ele não a beije nem tente nenhum avanço sexual.
A descoberta do diário
Discutindo com Tom por hospedar Patrick no presente, Marion se ocupa dos cuidados com o amigo do passado, tendo que alimentá-lo e banhá-lo. O filme avança quando ela descobre um diário antigo de Patrick na caixa que o hospital trouxe com seus pertences. Ali ele escreveu todo seu romance com Tom – algo que ela já sabia, mas não com tantos detalhes.
Marion percebe, então, como ela foi introduzida por Tom na história dele com Patrick. O romance dos dois já existia antes que ela começasse a sair com Tom. Os dois homens se conheceram na rua, quando Tom estava trabalhando. Patrick o convidou para o museu e, depois, para pintá-lo em seu apartamento. Ali, eles transaram pela primeira vez – o que desconcertou Tom totalmente. Ele nunca havia tido uma experiência homossexual.
As cenas de sexo
Neste primeiro encontro no apartamento, Patrick faz sexo oral em Tom (a interpretação de Harry Styles aqui é pouco natural, embora ele não esteja mal no resto do filme). Depois, o policial sai revoltado com o que aconteceu, sentindo-se errado, repudiando a si mesmo. Na Inglaterra dos anos 1950, a homossexualidade era um crime passível de prisão. Ele acaba voltando ao apartamento depois, para brigar, mas, em vez disso, se entrega totalmente a Patrick. Essa primeira transa de Tom e Patrick é uma cena longa, bastante gráfica e romântica.
O filme tem vários takes de sexo. As transas dos dois homens são sempre intensas e apaixonadas. Há uma deles até na praia. Depois, Tom decide se casar com Marion, para manter as aparências e galgar cargos na carreira. Patrick fica enciumado, mas Tom pede que ele aceite dividi-lo. Na noite de núpcias, Tom evidentemente não quer transar com Marion, mas é preciso. O sexo é protocolar, sem paixão, e breve.
– Foi bom? – ele pergunta.
– Foi lindo. – ela diz, mentindo.
– Vou melhorar. – ele promete.
Um intruso no casamento
No dia seguinte às núpcias, Patrick aparece na casa do novo casal. Ele se torna um intruso no relacionamento dos amigos, e Marion fica incomodada. Até que ela, de fato, flagra os dois em um momento íntimo. Para completar, Patrick arruma uma viagem a trabalho para Veneza e consegue incluir Tom como seu assistente. É uma desculpa para eles poderem ter momentos a sós. Isso causa uma crise conjugal, pois Veneza era o sonho de Marion, e ela confronta o marido. Mas ele a silencia, pede que esqueça o assunto e manda ela se controlar.
Na volta da viagem, Patrick é preso, acusado de comportamento homossexual. Tom fica desesperado, mais por si próprio do que pelo parceiro. Ele teme que também descubram sobre ele. Marion, primeiro, acha que a prisão é uma oportunidade para que seu casamento “recomece”, mas depois entende a situação perigosa do marido. Ela decide jogar o jogo, propõe um advogado e vai ao tribunal defender Patrick, testemunhando a seu favor. Acaba sendo humilhada, com trechos do diário lidos na frente dela, narrando o caso do curador e do policial.
Condenado, Patrick passa maus bocados na prisão. Marion o visita, pois todos se afastaram dele, inclusive Tom. Os dois amantes nunca mais se falam. Com medo da homofobia, Tom finge que nada nunca aconteceu. O assunto é um tabu em casa. Ele e Marion seguem a vida.
O final da história
No presente, Marion não aguenta mais brigar com Tom por causa de Patrick, que está cada vez pior. Os dois estão cada vez mais distantes. Ao terminar de ler o diário, ela decide ir embora. Marion confessa que foi ela quem denunciou Patrick para a polícia, desesperada para salvar a própria relação. Ela diz que testemunhou a favor dele, o visitou e decidiu cuidar dele na velhice porque se sentia culpada.
Por outro lado, ao ler o diário, ela também entende como foi estrategicamente usada por Tom, e enganada pelos dois. Com isso, decide se libertar daquela história. Avisa que vai embora e que ele pode fazer o que quiser com Patrick: cuidar dele e reviver aquele amor ou ignorá-lo e enviá-lo para um asilo. Mas Tom precisa viver aquela história, pois nenhum dos três é ou foi feliz, e eles se destruíram mutuamente. O filme é um dramalhão, um romance estragado pela homofobia da época.