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Travis Scott retorna às origens e promove uma viagem nostálgica em seu álbum mais ambicioso; conheça os destaques do “ASTROWORLD”


Quando Travis Scott fecha o conceito do seu terceiro álbum e o batiza de “ASTROWORLD”, ele na verdade está te convidando para um passeio com diferentes atrações. E não se engane, nada é por acaso. Já começando pelo título. “ASTROWORLD” é o nome de um parque temático de Houston, cidade natal do rapper, fechado nos anos 1990 e bastante frequentado pelo artista em sua infância e adolescência. Com isso, Travis pretende revisitar suas raízes e colocar o rap do sul dos Estados Unidos de volta no mapa – e nas paradas! Para boa parte da crítica especializada, aí está o grande “pulo do gato” do “ASTROWORLD”.

Para dar vida ao seu próprio parque temático, Travis convida vários amigos famosos, músicos de excelência em suas áreas e já começa impressionando pela capa: David LaChapelle. O cobiçado fotógrafo visualizou o projeto com dois momentos: na capa “dia”, a cabeça inflável de Travis (uma marca dessa “era”) convida crianças e suas famílias para adentrarem no “ASTROWORLD”. Na capa “noite”, o fotógrafo “censura” o espetáculo de Travis para menores.

Não há como falar do “ASTROWORLD” sem citar as parcerias. Aqui também nada é aleatório e as escolhas de Travis tanto para os músicos em sua produção, composição e uso de samples reforçam a ideia de homenagem ao rap sulista. Para a Billboard, os samples são claramente uma forma de revisitar “momentos icônicos” do gênero nos EUA como em “Sicko Mode”, em que Travis solta “bitches treat me like i’m Uncle Luke” – fazendo uma referência ao líder do do grupo 2 Live Crew e usando o hit de Luke, “I Wanna Rock” (1992). Em “No Bystanders”, Travis lembra de Sheck Wes com uso do “Tear Da Club Up”, do Three 5 Mafia, como sample. Em “5% Tint”, Travis resgata “Cell Therapy”, do grupo de rap do Cee-Lo Green, o Goodie Mob, fundado em Atlanta. Os rappers Hawk, Fat Pat e Big Moe, todos do Texas, também são lembrados.

No entanto, não é apenas o rap do sul dos Estados Unidos que é um dos destaques do “ASTROWORLD”. Logo na segunda faixa do projeto, Travis apresenta “Carousel” com sample de “The New Styles”, dos Beastie Boys. O grupo de Nova Iorque, para quem não sabe, é até hoje uma das referências do gênero em todo mundo.

Dificilmente um artista consegue reunir em um único projeto nomes tão importantes nos bastidores (que não desejam estar nos holofotes). No disco, o rapper traz Frank Ocean em “CAROUSEL”, Drake em “SICKO MODE”, The Weeknd em “SKELETONS” e “WAKE UP”, “NC-17” com o 21 Savage, “WHO? WHAT!” com Quavo, “YOSEMITE” com Nav, “R.I.P. SCREW” com Swae Lee e “STOP TRYING TO BE GOD” com um quarteto que merece uma menção especial.

A quinta música do álbum é um indie-trap com auxílico vocal de Kid Cudi, Philip Bailey (do Earth, Wind & Fire) e James Blake e com apoio musical de ninguém menos que Stevie Wonder. A faixa é uma das unanimidade entre os críticos musicais

“‘ASTROWORLD’ é um belo de um passeio, onde cada música é uma atração diferente para se encaixar do tema da mente hiperativa de Travis Scott. A estética e textura do álbum são brilhantemente projetadas conforme o ouvinte viaja de um passeio para o outro”, diz a Billboard também ao destacar “No Bystanders” da tracklist.

Outra música a ser pontuada é a última, “Coffee Bean”. Na faixa, descrita pela revista GQ como uma “simulação do sentimento do fim do passeio”, Travis fala sobre seu relacionamento com Kylie Jenner – com quem tem uma filha. “Sua família lhe disse que eu era uma jogada errada / e mais eu sou um cara negro (…) nós não estamos nos falando e isso significa / você se sente livre na minha ausiência / Eu tenho passado por muita coisa por trás desse vidro”, rima Travis.

Para a Rolling Stone, o sexto ano de carreira do rapper e seu terceiro disco “marcam a primeira vez que sua música corresponde às suas aspirações”. “ASTROWORLD” é ambicioso, sonoramente ilimitado, bem como um dos álbuns de rap mais estrelado em anos”, descreve a Entertainment Weekly.

Não é a toa que “ASTROWORLD” já se encaminha para o seu primeiro disco de platina com apenas duas semanas no mercado norte-americano. Pela segunda semana consecutiva, o disco mantém a liderança da Billboard 200, a principal parada de álbuns dos EUA.