Após polêmica antivacina, em que Neil Young solicitou a retirada das suas músicas do Spotify, o movimento cresceu e outros artistas se manifestaram a favor do cantor. Com isso, os investidores da plataforma estão vendo seus papéis derreterem conforme o mercado precifica as notícias sobre ameaças de artistas de deixar a plataforma, caso não haja um controle sobre informações falsas sobre a vacina da Covid-19.
De acordo com informações da CNN, a companhia perdeu aproximadamente US$ 2,9 bilhões (R$ 15 bilhões), em valor de mercado até o fechamento da última sexta-feira – em resposta às ameaças do músico Neil Young em tirar suas músicas da plataforma, por conta do podcast “Joe Rogan Experience”.
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Para tentar reverter a situação, em nota à imprensa, o Spotify anunciou que está adicionando um aviso de conteúdo a qualquer episódio de podcast que inclua discussões sobre a Covid-19. O comunicado direcionará os ouvintes para um ‘hub Covid-19’ que incluirá links para fontes confiáveis. A plataforma também divulgará pela primeira vez publicamente suas regras de longa data, que foram originalmente desenvolvidas por sua equipe interna.
“Essas são as regras para guiar todos os nossos criadores – daqueles com quem trabalhamos exclusivamente àqueles cujo trabalho é compartilhado em várias plataformas”, disse o CEO e cofundador, Daniel Ek, em comunicado.
Entenda o caso
O apresentador Joe Rogan, dono do podcast exclusivo do Spotify, fez alegações falsas frequentes sobre o imunizante contra covid-19 em seu programa. Em um dos episódios, inclusive, ele sugeriu que jovens saudáveis não devem necessariamente ser vacinados contra a doença.
De acordo com uma carta publicada no site oficial do artista, Neil Young solicitava que o Spotify escolhesse entre ele e Rogan. “Quero que vocês avisem o Spotify imediatamente HOJE que quero todas as minhas músicas fora da plataforma deles… Eles podem ter Rogan ou Young. Não os dois”, escreveu Young na carta, de acordo com o Wall Street Journal. Depois da carta apagada, em outra declaração, ele rotulou o Spotify de “lar da desinformação sobre Covid que coloca vidas em risco”, além de ter “mentiras sendo vendidas por dinheiro”.
Em seu site, Young afirmou que ficou sabendo do problema ao saber da união de centenas de cientistas, professores e especialistas em saúde pública em um pedido para que a plataforma retirasse do ar um episódio do podcast de Rogan. Nele, o apresentador conversava com imunologista que, segundo o grupo, divulgava “diversas mentiras sobre vacinas contra a Covid”.
Com isso, desde terça-feira (25) – quando começou o burburinho, as ações do Spotify desvalorizaram mais de 4,5%. Na quarta-feira (26) as músicas de Neil começaram a ser retiradas da plataforma e na sexta-feira (28), os ativos fecharam a R$ 231,15, com queda de 0,90%.
Artistas acompanham
Ainda segundo a CNN, a cantora e compositora Joni Mitchell se juntou a Young e afirmou que removerá suas músicas da plataforma. Juntos, Young e Mitchell têm quase 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify.
“Pessoas irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando a vida das pessoas. Sou solidária com Neil Young e as comunidades científicas e médicas globais nesta questão”, escreveu a cantora canadense em um comunicado publicado em seu site na sexta-feira (28).
Além dos artistas, o Príncipe Harry e Meghan Markle também pressionaram o serviço de streaming. O casal expressou suas “preocupações” sobre a desinformação. “Continuamos expressando nossas preocupações com o Spotify para garantir que mudanças em sua plataforma sejam feitas para ajudar a lidar com essa crise na saúde pública”, disse um porta-voz da Archewell, fundação do príncipe Harry, em comunicado.